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Crítica | The Last of Us – 1X09: Look for the Light

Sem meio-termo.

por Kevin Rick
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos episódios da série.

O início do último episódio do primeiro ano de The Last of Us é tanto uma revelação importante para quem tem acompanhado a série de primeira viagem quanto para quem está assistindo a adaptação vindo do mundo dos jogos. O flashback com a Anna (Ashley Johnson, atriz que faz a Ellie nos jogos), mãe da nossa co-protagonista, é um prólogo que mexe com a mitologia deste universo, uma vez que o material de origem nunca explicou a imunidade da personagem.

Até aqui a “explicação” não é exatamente conclusiva, mas é um subterfúgio bacana trazer algo essencialmente novo e revelador para um grupo gigantesco de fãs que já sabiam o final impactante do episódio. Para aqueles que estão conhecendo essa jornada pela primeira vez, funciona tão bem quanto, fechando uma narrativa composta e estruturada em torno de edições com passado e presente, fazendo uma ótima conexão com a personagem da Marlene e o último núcleo desta etapa da jornada de Joel e Ellie. Também é bacana ver um infectado no desfecho da temporada, mesmo que rapidamente, considerando que o seriado pecou enormemente nesse departamento.

O restante do episódio é praticamente frame por frame a versão do jogo, com quase metade da trama lidando com mais momentos simples e quase minimalistas dos protagonistas apenas andando e conversando. A camada dos diálogos são envoltas pelos eventos brutais de When We Are in Need, o que traz uma carga dramática que captura mais a atenção do espectador do que as situações mais cômicas e banais que vínhamos assistindo. O Joel de Pascal é um tanto mais frágil e vulnerável que a versão dos jogos, o que beneficia o intérprete nesse tipo de interação, incluindo os momentos genuinamente simpáticos do guardião silencioso tentando fazê-la sorrir ou puxar assunto. Ramsey não tem muita sutileza dramática, mas lidou bem com a performance de uma personagem claramente traumatizada e transformada por seus atos.

Não acredito que a relação dos personagens foi trabalhada o suficiente ao longo da temporada para criar um drama que soe tão especial ou mais aprofundado do que vimos em dezenas de outras obras pós-apocalípticas e seus traumas compartilhados, mas tem substância o suficiente para entendermos e nos envolvermos emocionalmente com os laços criados entre eles. O diálogo é sutilmente revelador e a cena no terraço consolida o relacionamento de pai e filha, com destaque para o trecho que Ellie diz que irá segui-lo para qualquer lugar – a reação suave do Pascal é sentimentalmente maravilhosa.

Chegamos, então, no clímax da temporada: o encontro com Marlene e os vaga-lumes para descobrir se Ellie é a cura da humanidade. Após serem capturados, Joel é impactado por uma verdade aterrorizante, colocando-o numa situação impossível. Acho este momento tão impactante por seus contornos morais e éticos ambíguos, uma vez que a escolha de Joel vem de um lugar de amor e proteção, mas suas ações atravessam um contexto sombrio e extremamente egoísta por conta da situação, principalmente por sua omissão à Ellie. E eu acredito que a linguagem da televisão teve mais sucesso em transpor isto do que o jogo.

Jogando como o Joel, a missão de resgate é praticamente uma ação heroica, mesmo com seus contornos (a)morais. Mas aqui no episódio, o diretor Ali Abbasi filma a sequência sem nenhuma tensão ou qualquer trabalho de câmera que lembre uma cena de ação. A música soturna toma a frente do momento, enquanto o barulho de tiros ficam ao fundo da trilha. A câmera permanece nos corpos das vítimas de Joel ou volta para suas expressões sem vida, às vezes até mesmo se desviando da brutalidade como se tivesse com vergonha de mostrar os atos do personagem (o momento que ele usa o canivete).

Eu sei que reclamei muitas vezes da falta de tensão ou senso de ameaça da série, mas acredito que aqui funciona lindamente para representar as ações distorcidas e tênues de Joel. O segmento é corrido? De certa forma anticlimático? Sem dúvidas nenhuma. Poderíamos ter facilmente mais 15 ou 20 minutos de trama para explorar o núcleo, mas aprecio demais a abordagem da produção. É para isso que serve uma adaptação, não apenas mudando elementos de trama, mas também adicionando e alterando percepções de determinadas situações. O desfecho com a desconfiança de Ellie e as mentiras de Joel apenas consolidam o ato de um pai desesperado, que pode ter agido errado, mas nem sempre um ato de amor é heroísmo.

The Last of Us – 1X09: Look for the Light (EUA – 12 de março de 2023)
Criação: Craig Mazin, Neil Druckmann
Direção: Ali Abassi
Roteiro: Craig Mazin, Neil Druckmann
Elenco: Pedro Pascal, Bella Ramsey, Merle Dandridge, Ashley Johnson
Duração: 43 min.

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