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Crítica | The Handmaid’s Tale – 4X08: Testimony

por Luiz Santiago
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  • SPOILERS! Confira as críticas para os outros episódios da série e para o Universo criado por Margaret Atwood  aqui.

Elisabeth Moss está roubando no jogo. Ela não só é responsável por nos tirar o fôlego em performances absolutamente memoráveis no papel de June Osborne, em The Handmaid’s Tale, como também tem se mostrado uma excelente diretora. Sua estreia atrás das câmeras se deu em The Crossing, e a dose de excelência em sua assinatura manteve-se em alto nível neste Testimony, antepenúltimo capítulo desta 4ª Temporada, indicando um bom movimento dramático da série para o próximo ano, especialmente em relação à personagem de June.

Se no capítulo anterior vimos June experimentar uma parte das garras de fora, aqui ela se sente ainda mais confortável com esse tipo de posição e clama para si um território pacificado por Moira, claramente com o risco de abalar a amizade. June nunca foi uma mulher santinha, uma popular “fada sem defeitos”, e agora, sofrendo de um terrível trauma somado à uma insaciável sede de vingança, ela fará de tudo para levar os ventos da revolução para o Canadá. Note como ela vai pouco a pouco tirando de suas companheiras o ódio guardado, a ponto de rechaçar o chamado à cura pacífica de Moira e iniciar uma conversa sobre reagir com intensidade diante de tudo o que Gilead fez com elas e segue fazendo com centenas de outras mulheres naquele maldito país.

E não é para menos. Fred é um adversário respeitável e sabe tão bem como funciona o jogo do extremismo, que foi ele apenas dizer algumas palavras-chave para que o gado reacionário aparecesse na porta do tribunal fazendo festa aos que efetuaram os piores horrores em nome de um Deus, de uma fé, supostamente em prol da pátria, da família e “para o bem de todos“. Só faltou as camisas verde-e-amarelo e uma caixa de remédio nas mãos para completar o patetismo. O roteiro desse episódio representa o tal chamado aqui, mostrando uma quebra na noção de “grande Paraíso” que é o Canadá, como se lá também não tivessem extremistas. E isso, dramaticamente, acena para uma maior complexidade num caso que antes parecia ganho para o lado de June.

A linha de interrogação da advogada de Fred é um exemplo claro do modus operandi que podemos esperar, e não há dúvida de que vem muita raiva ainda pela frente. Em outra camada dramática, June passa a não mais a agir como vítima de um trauma, mas iniciar o seu processo de adequação desse horror, de uma forma efetiva, crua, modificadora. Se antes a sua postura era fazer sexo para enganar/distrair Luke e apenas tirar uma preocupação da cabeça, ao fim desse episódio ela está pronta para enfrentar o que quer que seja. Pronta para contar a Luke a verdade sobre Hannah. Pronta para fazer o que for preciso para arruinar os Waterford e ferir Gilead cada vez mais.

Sob direção de Elisabeth Moss, o episódio — que só tem contra si um início mais lento do que deveria — ganha um ar claustrofóbico, tratamento visual que aliado à vontade de June em “quebrar a bolha”, termina criando uma interessante sensação de angústia, de busca por ar. Vejam como Moss escolheu filmar a si mesma e a maioria das mulheres em planos muito abertos, para a cada novo corte fechar esse plano, fixando-o com a câmera frontal, em close, diante da personagem (e o que foi aquele plano-sequência do testemunho?). É uma maneira visualmente incrível de apequenar uma personagem diante de seu ambiente e, depois, expor a sua reação, o seu sentimento em planos fechados.

O destino de Serena e Fred e o encaminhamento da vingança de June tem deixado esse final de temporada de The Handmaid’s Tale absolutamente agonizante, ainda mais agora com Janine de volta à cena, Tia Lydia sabe-se lá com que intenção e Lawrence cada vez ainda mais indecifrável. A problematização e recomposição de June, agora em outro ambiente, gerou uma boa quantidade de material para essa temporada e combinou bem com a ideia geral de embate entre grandes forças que os produtores escolheram para o próximo ano. Fico só imaginando em que patamar dessa guerra seremos deixados no Finale deste quarto ano. Eita, quinze dias que vão demorar pra passar, viu!

The Handmaid’s Tale – 4X08: Testimony (EUA, 2 de junho de 2021)
Direção: Elisabeth Moss
Roteiro: Kira Snyder
Elenco: Elisabeth Moss, Joseph Fiennes, Yvonne Strahovski, Alexis Bledel, Madeline Brewer, Ann Dowd, O-T Fagbenle, Sam Jaeger, Samira Wiley, Bradley Whitford, Jeananne Goossen, Carly Street, Krista Morin, Alexandra Castillo, Natasha Mumba
Duração: 47 minutos

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