- SPOILERS! Confira as críticas para os outros episódios da série e para o Universo criado por Margaret Atwood aqui.
Se me dissessem que com esse episódio chegávamos à Season Finale de The Handmaid’s Tale, eu aceitaria tranquilamente. Porque esta é justamente a impressão que a gente tem com Chicago, um capítulo que, em termos de enredo, não segue a irreparável construção dos 4 capítulos anteriores; mas em termos de um acontecimento bombástico para o show, sai disparadamente à frente, tendo inclusive um dos mais icônicos cliffhangers de toda a série até o momento.
A presença de June e Janine em Chicago claramente tinha um propósito de abalar as estruturas da série, mas a gente não sabia que caminho especificamente produção iria escolher para isso. E olha, devo confessar que de todas as possibilidades, essa que aconteceu aqui não passou sequer por um segundo na minha cabeça. Claro que ainda não temos certeza qual será a decisão de June, mais ainda assim, o peso do acontecimento é enorme. Ela vai para o Canadá? Com certeza haverá um dilema moral, no caso de deixar Janine para trás, não?
E aí começa mais um largo ciclo de perguntas diante dessa possibilidade de rumo: se for para o Canadá, June irá arquitetar a revolução a partir da fronteira? Ou à distância, mesmo? Se não for, como os produtores vão explorar mais uma oportunidade que ela teve de fugir de Gilead e simplesmente… não fugir? E essa última, a meu ver, é a pergunta mais importante. Claro que estou tomando o aparecimento de Moira como real, não como uma alucinação (se não for real, tudo o que foi erguido aqui irá se perder por uma bobagem). E por isso mesmo, muita coisa está em risco. Apesar de ter gostado muitíssimo dessa surpreendente janela aberta, estou com medo das escolhas que farão ao aproveitá-la.
No bloco de Gilead, uma estranha mudança está acontecendo. Para Tia Lydia, que entra, mas logo sai da aposentadoria, a questão é continuar cuidando de suas meninas e, como não podia deixar de ser, almejar ter June em suas mãos para puni-la mais uma vez. Chegamos a um ponto na série que acho que o encontro entre as duas não poderia mais se dar nessas condições, de June capturada e sendo colocada na condição de aia. Mas sob outros contextos, gostaria muito de vê-las novamente se encontrando.
Dramaticamente, o acordo de Tia Lydia com o Comandante Lawrence é a coisa mais bizarra e ambígua em termos de política gileadense que eu já vi até aqui. E isso é ótimo, porque a gente nunca tem como previsível a atitude de cada um. Eu tenho para mim que Lawrence está fazendo coisas para cavar as ruínas de Gilead por dentro, num plano maquiavélico de enfraquecimento onde ele assume riscos pesados para conseguir algo muito importante a médio/longo prazo… uma espécie de Hari Seldon fascista possivelmente arrependido.
Essa ambiguidade cai no colo de Nick como uma bomba. Conseguindo cavar sua posição até a mesa dos comandantes, Nick agora tem diante de si um colega que não pode domar, porque Lawrence é absurdamente difícil de se ler e tem uma ética que atira para todos os lados. É o meu tipo de personagem preferido, apesar de eu sempre estar na montanha-russa de gostar dele por alguns minutos e odiá-lo muitíssimo em todo o restante do tempo. A união dele com Tia Lydia para “reviver Gilead” é algo que me deixou atento. Claramente ambos têm visão diferentes do que deve ser esse país. Vai ser divertido ver essas duas serpentes se enrolarem no decorrer da temporada, com seus segredos, promessas, ameaças e poder um sobre o outro.
Chicago é um episódio melancólico, desesperançado. A direção de fotografia usou todos os filtros possíveis envolvendo a cor cinza, dando para o espectador uma ideia claustrofóbica, de prisão, de amargura, desespero. Tudo isso para, no final, essa “bolha” literalmente explodir e um dos maiores choques da série acontecer. Alguma aposta pelo que virá a seguir?
The Handmaid’s Tale – 4X05: Chicago (EUA, 12 de maio de 2021)
Direção: Christina Choe
Roteiro: Nina Fiore, John Herrera
Elenco: Elisabeth Moss, Madeline Brewer, Ann Dowd, O-T Fagbenle, Max Minghella, Samira Wiley, Bradley Whitford, Stephen Kunken, Omar Maskati, Jeananne Goossen, Deidrie Henry, Jonathan Watton, Massey Ahmar, Allison Edwards-Crewe, Kathy Imrie
Duração: 47 minutos