- Há SPOILERS deste episódio e da série. Leia aqui as críticas dos outros episódios.
armageddon Maybe we should all find out together next year. – Ray Palmer
Após o meme que se tornou Heart of the Matter, Part 2, o final da sétima temporada, a minha expectativa para esse começo de nova temporada estava bastante restrito ao trailer de um novo evento com participações de outros super-heróis. The Flash não engata dramas genuínos, sem um melodrama imediato, desde a sexta temporada, em que seus personagens não parecem ter conflitos e sim terremotos novelescos sem base de sustentação firme. Infelizmente, Armageddon, Part 1, escrito pelo senhor Eric Wallace, que acredita bastante nesse molde dramático cansativo, mesmo em meio ao início de um evento não foge dessa fórmula The Flash. Mas, felizmente, os novos caminhos traçados para os personagens parece trazer uma leveza e expectativa que o evento pode favorecer a série.
O primeiro passo que esses novos caminhos proporcionam, sem dúvida, é o vilão. Despero (Tony Curran) parece mais alienígena genérico, mais um ser que quer se vingar de Barry porque ele fez alguma besteira no futuro, especificamente em 2031. Isso de primeira não é uma novidade, nem mesmo o vilão parece propor algo diferente nos diálogos, mas o personagem parece tão assumido em seu CGI de média qualidade e tão caricato dos quadrinhos, que sua atitude de esperar uma prova de Flash se mostrar moralmente são provoca um gancho minimamente intrigante. O segundo passo é a maneira como colocaram Ray Palmer (Brandon Routh), o Átomo, em conexão com Chester. Chester já o personagem mais adorável da série, mas vê-lo decepcionado, não empolgado, sustenta estranhamente a tal história da Central City Technogical Convention. E o terceiro passo envolve Allegra, em que sua responsabilidade de ser editora da CCC Media entrega algumas boas cenas bem gravadas sobre seu drama de não liderança com os jornalistas.
Não se pode negar que Eric Wallace se esforça, porque o espírito da série parece requintado eternamente. Todos esses passos novos são míseros em relação ao efeito pouco motivador que as atuações dos atores passam. A sensação é que esse começo de evento nem parece um evento, em que o Armageddon não existe, porque tem tanto peso dramático dos personagens mal enraizado que qualquer novidade maior é expulsa pela concorrência do drama já existente. Só os novos desafios de Chester, Allegra e Despero que o episódio parece querer se atentar, o que não deixa de ser uma coerência, mesmo que pareça um erro fixo da série, bem repetitivo.
Não adianta querer que mude a série a essa altura do campeonato, pois não deixa de ser um episódio leve, descompromissado por essa dinâmica dos personagens que sustenta semanalmente na TV. Em Armageddon, Part 1 fura-se a bolha hermética da tensão de Barry e Iris, que literalmente perdem protagonismo, até mesmo a própria casa pela visita de Ray Palmer, o ser contagiante de leveza. Admito, não ofende, não incomoda, na verdade até intriga em saber como o casal West vai ter tempo de ter bebês, como eles comentam, ou, mais uma vez, como diabos Flash destruiu tudo correndo?
A verdade, é que apontar os problemas da série no início da temporada é redundante, em que talvez o novo problema seja inserido na tentativa de se fazer um evento sem cara de evento. Como são quatro partes, a primeira realmente serve como introdução, então focar nos meandros da série que já existem não se define como fugir da responsabilidade do evento, como evidenciar uma nova dinâmica de Barry com a capitã Kramer (Carmen Moore) no lugar de Joe West. Entretanto, é possível sentir uma displicência em tratar do ano 2031 com mais intensidade, em que Despero não soa como uma trava no percurso normal da série, apenas, e sim como aleatório mesmo. O próprio Barry nem parece mais reagir a mais um vilão que lhe quer matar.
Apesar disso, para terminar o texto mais positivo e com esperança em The Flash, espero que essa nova temporada possa engatar os novos passos dos personagens com qualidade. Vale lembrar da gangue de vilões chamado Royal Flush no episódio, uma alegria criativa que dura pouco, em que Flash se mostra mais poderoso ainda para ser limitado em outro contexto conveniente sem muito cuidado para disfarçar a falta de lógica. Além disso, a convenção da Star Labs me recordou o começo da série por alguns momentos, só que o vilão apenas surge no mesmo espaço, sem relação com a nerdice tecnológica envolvida. Enfim, um episódio medíocre, mas que nós podemos nos apegar a contagia de Ray Palmer em equilibrar a vida ordinária na sintonia de The Flash…extremamente ordinária como série.
The Flash – 8X01: Armageddon, Part 1 — EUA, 16 de novembro de 2021
Direção: Eric Dean Seaton
Roteiro: Eric Wallace
Elenco: Grant Gustin, Candice Patton, Danielle Panabaker, Danielle Nicolet, Kayla Compton, Brandon McKnight, Brandon Routh, Carmen Moore, Tony Curran, Megan Peta Hill, Stephanie Izsak, Eston Fung, Caitlin Diaz, Shaun Omaid
Duração: 43 min.