- Há SPOILERS deste episódio e da série. Leia aqui as críticas dos outros episódios.
Este episódio All’s Wells That Ends Wells não era para ser a abertura da 7ª Temporada de The Flash. Ele nem foi escrito, nem dirigido e nem atuado como tal, e por isso mesmo o sabor dramatúrgico que a gente tem dele pode ser qualquer coisa menos o de uma Series Premiere. Em 2020, quando a pandemia do COVID-19 trancou basicamente todas as produções no cinema e na TV ao redor do mundo, este episódio tinha sido quase todo filmado e pós-produzido, faltando apenas alguns ajustes. Sem perspectiva de retorno a curto prazo, a CW resolveu guardá-lo para o início da nova temporada, encerrando o 6º ano da série de modo… meio torto e deixando um número bem maior que o normal de incertezas para o serial vindouro.
Esse caráter de produção deslocada por motivos totalmente alheios a ela nos deixa aqui com fechamento de janelas e não abertura de uma nova saga — o mínimo que a gente esperava, depois das mudanças causadas pela Crise e por essa questão das realidades comuns e do espelho. O que o roteiro faz nesse capítulo é primordialmente devolver a Barry a sua velocidade, além de uma nova forma de acessar o seu uniforme. Atado a Nash, esse ponto do enredo nos faz dar adeus (total ou parcial? O que vocês acham?) a Tom Cavanagh, que no seu costumeiro show de interpretação faz seu personagem despedir-se com uma boa dose de emoção, sendo o único momento genuinamente tocante do capítulo.
Mas isso não significa que não tenhamos outros chororôs aqui, afinal, é de The Flash, que estamos falando, não é mesmo? Só que nenhum desses parece ter o mesmo impacto, carregar a mesma força ou a mesma relevância que a partida de Nash, ativando a Força de Aceleração artificial e devolvendo a velocidade para o menino Barry — e aqui vale uma nota de aplausos para Grant Gustin que se divertiu imensamente na cena em que incorporou os outros Wells, garantindo-nos boas risadas. Já os outros blocos sentimentais, como o de Iris na dimensão do espelho e principalmente a roda de conversa entre Barry, Chester e Allegra após o sacrifício de Nash acabam ganhando a aparência de forçação de barra, e dessa vez avalio que o mal resultado tem mais a ver com a direção e o roteiro do que com os atores em cena.
Na outra ponta da régua temos a super jogada na cara a respeito de Eva McCulloch (que finalização de episódio mais Maria do Bairro, não?), a Mestra dos Espelhos, que finalmente se dá conta de que é uma cópia e que o marido, até em certa medida, estava certo. Fico curioso para ver como os roteiristas vão lidar com essa nesga de assunto que sobrou da outra temporada. Se pretendem fazer outro ano ligado à confusão de dimensões, o padrão da série já receberá um chacoalhão a partir daí, e talvez (grifo para o talvez) isso seja bom.
Mesmo morno, All’s Wells That Ends Wells (com seu trocadilho shakespeariano) trouxe algumas coisas que precisávamos ter em cena, dando pelo menos as principais cartas e deixando Cisco, Caitlin, Ralph e companhia limitada para surpresas vindouras. Que o céu nos ajude. Será uma insana jornada.
The Flash – 7X01: All’s Wells That Ends Wells — EUA, 2 de março de 2021
Direção: Geoffrey Wing Shotz
Roteiro: Sam Chalsen, Lauren Certo
Elenco: Grant Gustin, Candice Patton, Danielle Nicolet, Kayla Compton, Brandon McKnight, Efrat Dor, Tom Cavanagh, Jesse L. Martin, Ashley Rickards, Eric Nenninger
Duração: 43 min.