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Crítica | The Flash – 6X05: Kiss Kiss Breach Breach, 6X06: License to Elongate, 6X07: The Last Temptation of Barry Allen, Pt. 1

por Giba Hoffmann
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  • Há SPOILERS destes episódios e da série. Leia aqui as críticas dos outros episódios.

Alcançando a transmissão da série a tempo de acompanharmos juntos os “finalmentes” dessa rota pré-Crise, nesta semana seguimos, ao longo de dois fillers e um episódio importantíssimo para o arco da temporada, a retomada de fôlego e inspiração da produção após um início apenas morno. Confira nossas críticas e deixe seu comentário!

6X05: Kiss Kiss Breach Breach

O que pode significar para a produção o fato de que o episódio menos focado no protagonista tenha sido um dos mais “redondinhos” da temporada até então? Não que ser “redondinho” garanta que seja um bom episódio por si só, mas a falta de medida é um dos grandes erros recorrentes de The Flash, não é mesmo? Ainda que com algumas mancadas, Kiss Kiss Breach Breach consegue duas façanhas surpreendentes: entregar uma boa aventura filler e ser um bom episódio focado em Cisco (Carlos Valdes).

Começando pelas mancadas. Mais especificamente, a maior delas: a premissa central do capítulo, que traz a morte da Cigana, acaba sofrendo um pouco pela ausência de Jessica Camacho para sua potencial despedida definitiva do papel. Claro que dado o contexto é até compreensível que a produção tenha tido que optar por esse caminho, mas o fato é que a morte off-screen da personagem soa um tanto forçada e barata desde o início, sabotando a subtrama investigativa e desperdiçando a chance de explorar uma cena de morte realmente dramática.

Embora a Cigana esteja longe de ser uma personagem central para a série, a forma preguiçosa com que sua morte é retratada aqui me lembrou os ares literalmente novelescos da regeneração do Doutor em Time and the Rani, retirando da jogada uma personagem recorrente de longa data com nada menos do que uma dublê de corpo genérica e CG fraco. “Bola para frente, faz de conta que nada aconteceu!” Como resultado, passei grande parte do episódio duvidando da real morte da personagem, e a revelação da identidade de seu algoz acabou sendo menos impactante do que deveria ter sido.

Tirando esse detalhe do caminho, o restante do episódio consegue finalmente construir um todo harmônico em torno de uma temática comum sem apelar (tanto) para a forçação de barra. Os três núcleos mostram, em situações totalmente diferentes, crises de fé que vão além do falatório habitual e entregam um bom valor dramático.

A presença de Danny Trejo é bem aproveitada (ao contrário do que foi no terrível Null and Annoyed), e a subtrama com Cisco surpreendentemente bacana e bem explorada, provando novamente o quanto o o personagem tinha se perdido e estava sendo mal explorado de uns tempos para cá. O embate entre Caitlin (Danielle Panabaker) e Rosso (Sendhil Ramamurthy), embora seja o setor mais arrastado do conjunto, traz novamente uma boa pitada de horror B bem embalada pela direção e trilha sonora.

Porém o grande destaque para mim foi, sem dúvidas, a sequência com Joe (Jesse L. Martin) e Nash Wells (Tom Cavanagh) presos após um breve combate que acaba em um desabamento de terra. Pode ser porque eu seja um grande apreciador desse estilo de drama claustrofóbico, ou mesmo que eu esteja me habituando ao blá-blá-blá de The Flash e passando a me deixar convencer pela mesma ladainha de sempre. Mas as sequências com a dupla trouxeram uma exploração muito interessante e envolvente dos personagens do início ao fim — ao invés de perder tempo com discursos melosos, mostrando-os em uma situação dramática efetiva e bem montada.

The Flash – 6×05: Kiss Kiss Breach Breach — EUA, 5 de novembro de 2019
Direção: Menhaj Huda
Roteiro: Kelly Wheeler, Joshua V. Gilbert
Elenco: Grant Gustin, Candice Patton, Carlos Valdes, Danielle Panabaker, Hartley Sawyer, Jesse L. Martin, Tom Cavanagh, Danielle Nicolet, Victoria Park, Sendhil Ramamurthy, Danny Trejo, Mark Sweatman
Duração: 43 min.

6X06: License to Elongate

Na esteira de um episódio focado em Cisco, chegou a vez do nosso garoto Dibny brilhar! A produção precisava entregar uma bela obra para me compensar pela tragédia que foi a subtrama com a mãe de Ralph (Hartley Sawyer) em Dead Man Running. Bom, entre todas as opções disponíveis para um filler, um pastiche mequetrefe de James Bond que termina galhofísticamente ao som de Muse certamente não ficaria no final da lista, certo?

A investida espionesca da dupla de heróis à paisana vem como digressão do que parecia ser um momento revelatório a respeito das investigações do mythbuster transdimensional, Nash Wells. A suspensão do mistério em favor dessa sidequest poderia ser frustrante, não fosse pelo fato de que dá origem a uma rara aventura apenas com Barry e Ralph, ao mesmo tempo em que não deixa de servir o núcleo de Wells com desenvolvimentos interessantes. Sua relação com Allegra abre precedentes imprevisíveis para a influência do cara sobre os eventos em curso, ajudando a fortalecer os laços do elenco de apoio e dando corpo à trama. Isso provavelmente vai ser bom, lá na frente, se servir como fundamento para dispensar as amarrações forçadas características da série.

O grande destaque, no entanto, é a investida de nossos heróis em busca de respostas sobre o desaparecimento da tal Sue Dearbon. A insistência de Dibny em manter uma abordagem sem super-poderes até o momento em que eles estejam capturados sob inibidores de meta-humanos poderia ser vista como tolice, mas é plenamente perdoável como forma de garantir sequências divertidas de uma improvável investigação por parte da dupla.

Os dois continuam a apresentar uma boa química em tela, aspecto que serve especialmente bem esse episódio, que tem como moldura o plano de Barry em conceder um distintivo próprio ao Homem Elástico, simbolizando a passada de tocha para o super-herói mais novo para o caso da manchete sinistra envolvendo a Crise finalmente se concretizar.

Gostei muito da interação deles ao longo da missão, da cena galhofeira de combate final e de todo o humor envolvendo a proposta do episódio (estava aguardando um tanque de tubarões e armadilhas laser — quem sabe na próxima!). O ponto alto para mim foi a cena final, que encapsula muito bem o conteúdo temático do episódio, com o pronunciamento oficial do Flash a respeito do Homem Elástico e a subsequente homenagem, inesperada e levemente nepotista, de Joe ao seu filho.

Essas cenas me soaram totalmente autênticas ao que se poderia ver nos quadrinhos, e me fizeram perceber o quanto esse tipo de situação — conferências oficiais dos heróis, impacto dos eventos na mídia etc — fazem falta para narrativas do subgênero. Esse tipo de detalhe tem ajudado a série a sair do esquema claustrofóbico S.T.A.R. Labs / rua genérica de Vancouver Central City / cafézinho no Jitters. Se for pensar, em termos de estrutura e variedade dos cenários, estávamos praticamente a par com uma série barata de Power Rangers! Aparentemente o Jitters fechou ou se tornou um app de entrega de café (!?) — fico triste pela perda do local icônico, mas que seja pelo bem de nossos heróis, que merecem ares mais imaginativos como esses que tivemos aqui!

The Flash – 6×06: License to Elongate — EUA, 19 de novembro de 2019
Direção: Danielle Panabaker
Roteiro: Thomas Pound, Jeff Hersh
Elenco: Grant Gustin, Candice Patton, Carlos Valdes, Danielle Panabaker, Hartley Sawyer, Jesse L. Martin, Danielle Nicolet, Tom Cavanagh, Victoria Park, Sendhil Ramamurthy, Kayla Compton, Brandon McKnight, Carlo Rota
Duração: 43 min.

6X07: The Last Temptation of Barry Allen, Pt. 1

Embora se inicie com um dos usos menos louváveis de computação gráfica em toda a história da série, na luta aérea entre Rosso e Dibny, The Last Tempation of Barry Allen, Pt. 1 faz jus ao seu título escalafobético em um episódio que me surpreendeu positivamente em vários aspectos.

Como não poderia deixar de ser, é chegada a hora de deixar as digressões de lado e encaminhar nosso velocista rumo à aguardada Crise. O roteiro consegue fazer confluir os elementos centrais da temporada de forma eficiente e sem excessos. A coisa acaba funcionando como em um bom tie-in de um grande evento nos quadrinhos: o arco da série estabelece uma troca proveitosa com o crossover, sem perder os contornos próprios ou desperdiçar tempo com elementos supérfluos.

Quase tudo o que acontece sinaliza impactos significativos para nosso extenso elenco de personagens, do novo mergulho trevoso de nosso velocista principal à forma como o restante do Team Flash lida com a dificuldade inesperada do ataque de Rosso bem nas vésperas da hecatombe anunciada. Fora tudo isso, temos até tempo para curtir uma boa subtrama no núcleo do Central City Citizen, além de um novo teaser interessante sobre quem diabos é Nash Wells e qual sua ligação com o Monitor.

O mais surpreendente de tudo é que não é só em termos de enredo que a produção acerta a mão! Tendo já colecionado uma galeria extensa de premissas boas desperdiçadas por execuções medíocres, a produção consegue evitar essa armadilha através da boa direção de Chad Lowe e de um ritmo bem construído.

A já citada subtrama de Allegra (Kayla Comtpon), por exemplo, consegue se manter envolvente ao não abusar do tempo de tela e optando pelo humor leve como alternativa ao melodrama barato. Gostei bastante das sequências de investigação desse novo núcleo, que tem feito o milagre de tornar Iris mais interessante. A personagem definitivamente funciona melhor na vida jornalística do que como “oficial da ponte de comando” no S.T.A.R. Labs, e espero que eles tenham percebido isso!

Agora, obviamente, o maior destaque fica por conta da infecção de Barry (Grant Gustin) por parte do Simbionte Alienígena composto sanguinolento de Ramsey Rosso, o qual o leva a um delírio gradativamente mais demencial onde ele acaba tendo que encarar sua titular última tentação. Embora infelizmente não contemos com Willem Dafoe em participação especial interpretando nosso Velocista Escarlate messiânico, Gustin entrega o melhor de seu trabalho apoiado por um diálogo bem escrito e cenas bem dirigidas.

O medo de que fôssemos cair no tipo de espaço onírico brega como aqueles que nos entregou Kevin Smith em The Runaway Dinosaur me espreitou em cada troca de cena, mas felizmente a tacanhez ficou reservada apenas para os minutos finais do episódio, que jogam a sutileza pela janela com a voracidade de um zumbi pseudo-britânico viciado em hemoglobina. Não tem importância: o restante da jornada é envolvente e impactante, provando aquilo que nós espectadores temos sempre falado: muito mais efetivo do que tagarelar sobre sentimentos é mostrar o drama em tela, e aqui temos bastante disso embalando essa jornada de nosso herói.

Prova dessa eficiência é que, mesmo não sendo a primeira vez que o Flash se encontra em posição de ter sua fé testada (e, definitivamente, também já o vimos chorando sobre sua sorte aos quatro ventos umas boas dezenas de vezes), a coisa funciona aqui como se não fosse o caso. Nada de Barry “emocore 2005” Savitar, nada de dramalhão pateta genérico envolvendo dinossauros de pelúcia, o tema bem construído da alternativa entre a vida e o auto-sacrifício é muito bem explorado através das diversas cenas, sem perder os ares quadrinísticos da história (adorei a lasanha do Venom!).

Uma boa surpresa em vários sentidos, essa primeira parte promete que, nem que a Crise acabe por desapontar (não que a gente pense que isso seja provável…), pelo menos essa jornada tem se encaminhado para um desfecho divertido.

The Flash – 6×07: The Last Temptation of Barry Allen, Pt. 1 — EUA, 26 de novembro de 2019
Direção: Chad Lowe
Roteiro: Jonathan Butler, Gabriel Garza
Elenco: Grant Gustin, Candice Patton, Carlos Valdes, Danielle Panabaker, Hartley Sawyer, Jesse L. Martin, Danielle Nicolet, Tom Cavanagh, Victoria Park, Sendhil Ramamurthy, Kayla Compton, Michelle Harrison
Duração: 43 min.

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