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Crítica | The Flash – 5X11: Seeing Red

por Giba Hoffmann
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– Há spoilers. Leiam as críticas dos demais episódios de The Flash, aqui.

Ao terminar o episódio desta semana de The Flash, o primeiro pensamento que me veio foi: “Poxa, esse teria sido um retorno do hiato muito melhor!”. Um dos problemas da narrativa seriada é esse:  o preço que se paga pelo tempo a mais para se construir personagens e trama é a necessidade de se balancear bem as coisas ao longo dos episódios. Seeing Red consegue ser sólido em quase todas as frentes, mas tropeça principalmente nos pontos em que precisa retomar tramas e encaminhá-las para os capítulos seguintes.

Começando pelo principal: finalmente temos Cicada (Chris Klein) sendo retratado como uma legítima força a ser reconhecida. Eu particularmente desde o início fui com a cara de nosso novo big bad da temporada: seu visual é interessante o suficiente, seus poderes algo diferente do que já vimos e sua motivação abre um leque de possibilidades bastante interessante. Sua subtrama talvez tenha sido prejudicada até aqui pelo alongamento da etapa investigativa em torno do personagem: tivemos muito Sherloque Wells (Tom Cavanagh) investigando e o Team Flash confabulando a respeito das propriedades da adaga, e relativamente pouco de Cicada mostrando em tela o porque de ser essa real ameaça. No máximo, tivemos confrontos pontuais

Retratado agora em tela, em “tempo real”, como um serial killer anti-metahumanos em um rompante de assassinatos, Cicada se torna imediatamente um supervilão mais completo e interessante. Claro que nós vimos o cara em ação antes, mas o que a boa construção de tensão em torno dele nesse episódio mostra é que a necessidade de alongar a subtrama por tanto tempo acabou atenuando um pouco a eficácia do personagem. O Team Flash se apavora e, no susto, começa repentinamente “a levar mais a sério” a ameaça de Cicada — e, como efeito, nós espectadores passamos pelo mesmo.

Assim, o episódio conta com boas cenas de ação e as coloca a serviço de uma narrativa dramática que funciona na maior parte do tempo. Ambas as batalhas do Team Flash contra Cicada são muito bem realizadas, garantindo o protagonismo de todos os nossos heróis em sequências empolgantes. Em uma delas, XS (Jessica Parker Kennedy) recebe seu “momento Batman vs. Bane” e acaba gravemente ferida — algo inesperado e interessante para a personagem na atual situação em que estamos tentando descobrir a respeito das reais motivações de sua viagem no tempo.

A subtrama com Nora ferida rende duas frentes: a fúria do Flash (Grant Gustin) em resolver vingar a filha (aumentando em ainda mais um grau seu nível de “levar a sério” a ameaça) e o drama da jovem em si, acamada e sem saber se se recuperará de seus ferimentos. A primeira delas costura de maneira interessante a temática central do episódio — e também do personagem de Cicada — que é a do impulso por vingança. A segunda, no entanto, acaba tendo menos sucesso. Após uma construção dramática bem feita, a cura repentina de Nora acaba tendo um efeito totalmente anti-climático, relegando ao esquecimento instantâneo algo que poderia ser melhor aproveitado. Claro que temos todo o blábláblá para explicar perfeitamente como essa recuperação foi possível – o problema é que me parece uma oportunidade perdida para a personagem, que logo estará de volta nos mesmos terrenos narrativos já bem conhecidos (conflito com os pais, suspeitas de Sherloque, etc).

Foi bastante legal ter o Flash, poucos episódios após soterrar Oliver Queen em lições de moral a respeito da real natureza do heroísmo, tendo que lidar com o próprio impulso de fazer justiça com as próprias mãos. Mesmo porque isso liberou nosso frequentemente “coadjuvado” Homem Elástico (Hartley Sawyer) para protagonizar cenas surpreendentemente eficientes com os Morlocks metahumanos em fuga. Arrisco dizer que Dibny consegue convencer aqui e vender melhor diálogos que, vindos dessa versão de Barry Allen, soariam mais como o velho discurso motivacional de sempre. Eu nunca imaginei que poderia me importar minimamente com Norvock (Mark Sweatman) – um capanga de uma vilã de segunda – mas aqui estamos, provando que é possível!

Outra coisa que o capítulo faz bem é distribuir melhor o tempo de tela entre seu elenco numeroso – aqui temos várias frentes da equipe interagindo com pontos específicos da trama principal de formas interessantes. Cecille (Danielle Nicolet) protagoniza uma ótima subtrama que finalmente tira a personagem da licença maternidade e agita as coisas no núcleo familiar desfalcado pela ausência de Joe. Uma promotora de justiça telepática é um complemento interessante para nossos cientistas forenses velocistas, e pode ajudar a animar as coisas na frente do CCPD, que andou meio esquecido desde a prisão de Barry na última temporada. Já Caitlin (Danielle Panabaker) acaba tendo um episódio que, isolado, funciona até bem. Meu problema aqui é que essa subtrama da cura foi muito mal construída pelo capítulo anterior — o esculacho fica ainda mais evidente quando o autor da ideia e fonte de todo esse caô desnecessário fica pendurado já no episódio seguinte.

Costurando bem uma série de subtramas (algumas boas, outras nem tanto) em torno de uma temática central bem articulada, Seeing Red trabalha bem os temas principais da temporada e dá andamento para praticamente todos os nosso núcleos de personagem. Mostrando a diferença que faz “levarmos a sério” nosso vilão principal, o episódio acaba pagando mais pelos aspectos “externos” a ele do que pelo que se passa efetivamente em torno de seus 40 minutos. Mas isso não significa que ele seja de todo inocente: convenhamos você não torna um personagem do elenco principal paraplégico e depois o cura milagrosamente a tempo de impedir o pai de cometer um assassinato em vingança sem perder uns pontinhos de respeitabilidade.

The Flash – 5×11: Seeing Red — EUA, 22 de janeiro de 2019
Direção:
Marcus Stokes
Roteiro: Judalina Neira, Thomas Pound
Elenco: Grant Gustin, Candice Patton, Danielle Panabaker, Danielle Nicolet, Tom Cavanagh, Jessica Parker Kennedy, Chris Klein, Hartley Sawyer, Patrick Sabongui, Britne Oldford, Lossen Chambers, Mark Sweatman
Duração: 43 min.

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