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Crítica | The Expanse – 6X03: Force Projection

A suprema arrogância de Marco Inaros.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers da série de TV, mas não dos livros (mantenham assim nos comentários, por favor). Leiam, aqui, as críticas das demais temporadas.

Já perceberam que, em um piscar de olhos, chegamos à metade da última temporada de The Expanse? Independente de como ela acabe, dá um aperto no coração ver essa obra ir embora tão rapidamente, tendo que correr com sua narrativa para chegar a uma conclusão que, esperamos, será satisfatório pelo menos. Realmente uma pena que a Amazon não tenha decidido continuar o épico capitaneado por Mark Fergus e Hawk Ostby, já que encontrar ficção científica desse tipo é muito raro.

E sim, tenho plena consciência de que comecei de cara com uma digressão, mas foi meu sentimento no momento em que os créditos de Force Projection começaram a rolar, mas eu prometo me comportar e iniciar de verdade meus comentários sobre o episódio. Afinal, agora que os asteroides que ameaçavam a Terra fora neutralizados graças à ação da tripulação da Rocinante com Bobbie, sob ordens de Avasarala, as Nações Unidos em conjunto com as forças marcianas não precisam mais ficar em compasso de espera para caçar Marco Inaros e a chamada Marinha Livre. Bem nessa linha, o episódio simplesmente não perde tempo, o que já coloca o espectador no meio da ação depois do usual prelúdio cada vez mais trágico e bizarro no planeta Laconia e que já parece ganhar conexão com a narrativa principal ao final, o que sem dúvida é uma boa notícia.

O primeiro ponto focal do capítulo foi a chegada da frota conjunta de Terra e Marte em Ceres, quartel-general de Inaros que acaba se revelando como uma inteligente armadilha do revolucionário/terrorista, já que ele estripou a base de tudo o que é mais valioso, deixando por lá sua população civil, o que funciona para deixar as naves sem qualquer forma de reabastecer e, ao mesmo tempo, obrigando a coalizão a oferecer ajuda humanitária. Faltou um pouco a direção de Jeff Woolnough nos deixar observar Ceres vazia, criando uma sensação mais potente de medo e tensão pelo que estaria acontecendo. O visual foi substituído por explicações provavelmente em razão da relativa pressa que a temporada final encurtada precisa ter para fechar as linhas narrativas. Eu até entendo que é um preço a se pagar por um segundo cancelamento que veio rápido demais, mas é impossível não acusar o golpe.

Confesso que as explosões na base, ao final, me parecerem um bis in idem estranho de Inaros. Será que ele vai usar isso sob a ótica de que a frota atacou e destruiu Ceres? Tenho para mim que é Avasarala que está em posição melhor no tabuleiro de xadrez para usar esse evento contra Inaros por intermédio de Monica, a jornalista que ela, pelo momento, colocou debaixo de suas asas. Mas, vamos aguardar para ver o que exatamente aconteceu por ali, já que o estrago físico à frota pode ter valido à pena para a Marinha Livre.

O outro ponto focal, claro, é a jornada da Rocinante à Ceres que é interrompida por um Marco Inaros vingativo, que deixa sua hubris dominá-lo completamente na tentativa de eliminar seus inimigos mortais, inclusive – e talvez especialmente – Naomi Nagata, sua ex-namorada e mãe de seu filho Filip. Temos que aceitar esse “cruzamento” de caminhos para tudo funcionar, claro, já que é algo bastante improvável em razão da imensidão do espaço. No entanto, uma vez que aceitamos, somos brindados com um dos melhores combates espaciais da série e um em que as naves dos lados opostos do conflito sequer compartilham os mesmos quadros, o que só torna a coisa mais sensacional ainda. Aqui, a direção de Woolnough brilha, por exatamente suprir a falta de um combate espacial “tradicional” com excelentes tomadas que revezam entre o escuro profundo do exterior da Roci e as telas da nave de Holden e da de Inaros, além de o roteiro de Dan Nowak, fazendo esforço para encontrar um substituto para Alex Kamal (nada contra a demissão de Cas Anvar, mas o personagem deveria ter sido mantido, com uma simples troca de ator, como mencionei na crítica de Nemesis Games),  colocar Bobbie como a soldada que ela é, percebendo o padrão do piloto da Pallas e usando uma distração para acertar a nave.

Aliás, a decisão de Holden de desarmar o explosivo do míssil que seria o fim de Inaros foi um momento muito interessante. Vemos a câmera focando na tristeza do olhar de Naomi ao ver o filho no fundo da tela e percebemos sua vontade de salvá-lo, mas, ao mesmo tempo, seu pensamento prático pensando no tamanho da vitória que seria eliminar Marco Inaros e basicamente encerrar a revolução. Quando Holden age sem que Naomi peça ou tenha qualquer reação visível para ele, vemos o sacrifício de alguém realmente apaixonado que se recusa a causar essa gigantesca tristeza ao seu amor. Na frieza de pensamento, a conclusão é de que ele agiu erroneamente, já que isso pode significar a morte de outros milhares (milhões?) de pessoas, mas, aqui, ele agiu com o coração e o coração, muitas vezes, é completamente irracional, ainda que não sem razão.

Faltam “míseros” três episódios para o fim da série e, ao que tudo indica, entraremos em outra “fase”, uma que parece reunir o lado político com o lado da protomolécula ou, pelo menos, dos planetas do outro lado do anel, com Laconia servindo de representante. Force Projection foi outro acerto na temporada final e será muito interessante acompanhar o desenvolvimento dessa história pelas próximas poucas semanas.

P.s.: Alguém mais reparou em como Steven Strait está magérrimo? Faz todo sentido para o personagem dele, completamente exausto pelos rigores das missões que tem cumprido por meses a fio no espaço profundo, mas sempre me preocupo quando vejo um ator assim, já que me lembro logo de Chadwick Boseman. Espero fortemente que seja só mesmo dedicação ao seu papel!

The Expanse – 6X03: Force Projection (EUA – 17 de dezembro de 2021)
Showrunners:
 Mark Fergus, Hawk Ostby (baseado em romances de James S. A. Corey, nom de plume de Daniel Abraham e Ty Franck)
Direção: Jeff Woolnough
Roteiro: Dan Nowak
Elenco: Steven Strait, Dominique Tipper, Wes Chatham, Shohreh Aghdashloo, Frankie Adams, Jasai Chase Owens, Keon Alexander, Frankie Faison, Michael Irby, Anna Hopkins, Brent Sexton, Sandrine Holt, Olunike Adeliyi, Sugith Varughese, Nadine Nicole, Jacob Mundell, José Zúñiga
Duração: 45 min.

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