Home TVEpisódio Crítica | The Acolyte -1X07: Escolha

Crítica | The Acolyte -1X07: Escolha

Porque todos pecaram e destituídos estão da glória da Força.

por Davi Lima
3,4K views

  • spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios da série.

Se o suspense não funciona, ou pelo menos a série não sabe mais adiar, só restava entregar tudo com um flashback grande e realmente revelador. Bem, conseguiram. 

Depois de 6 episódios entre o ritmo Netflix, para acelerar processos, e uma cadência para diálogos literais, ou confusos dentro de uma aventura; Escolha é o sétimo episódio que modifica amplamente tudo que a série apresentou até aqui. Cada morte de Jedi cometida por Mae tem um significado na sua forma, a mudança repentina de Mae para com Osha se mostra mais compreensível e todo o percurso emocional de Sol chega a um julgamento; mas principalmente, o flashback coloca os Jedi na transição da queda, não mais como completos vilões culturais.

Com as omissões de Destino, as evidências colocavam os Jedi como malvados contra bruxas que queriam se defender – envolta de um roteiro recheado de mitologia da Força que criava um suspense quanto aos acontecimentos. Mas precisamente, o diretor de Destino e Escolha, Kogonada, trabalha com as definições dos títulos para compor o que quer mostrar – além de claro, trabalhar para o suspense que a showrunner queria para a série.

Quando nós falamos sobre destino, tudo precisa ser aceito com serenidade, segundo os filósofos estoicos, que tanto influenciam o Código Jedi criado por George Lucas. Então, era um episódio que tratava com os percursos da Força. A descoberta da Díade nas gêmeas, o conhecimento cultural das bruxas e a manipulação artificial da Força; tudo isso era um prato cheio para que os Jedi fossem vistos como controladores da situação, sem nuances, sem diplomacia, porque no final havia uma narrativa concentrada no que fim que se levou, e não o que de fato teria acontecido com a escolha tão inusitada da Força: Osha quer ser uma Jedi.

Assim, Escolha se torna um capítulo muito rico, por trabalhar o não mostrado com ação e drama trágico entre os Jedi, como também mostrar que o Destino os mostrava como vilões porque de fato as escolhas na missão deles em nada tratavam com serenidade e nobreza o destino de Mae e Osha. De boas intenções o mundo sombrio está cheio, e todos pecaram, e estão destituídos da paz da Força. Se fato havia algo na cultura das bruxas que poderia ser considerado maligno, ainda mais malvado são os desejos Jedi de fazerem apenas suas vontades emocionais, ao não saberem controlar suas emoções dentro de um inflexível Código Jedi.

Sol e Torbin são os personagens que delineiam bem a queda da Alta República. Se a série se inicia pelo ponto de vista Sith, colocando-nos já no julgamento Jedi, ela demora 7 episódios para estabelecer a importância dela mesma para o cânon de maneira mais direta. Como parte do fim da Alta República, como uma preparação para os Prelúdios, esses Jedi citados são paralelos com Obi-Wan Kenobi e Qui-Gon-Jinn de maneiras tortas, mas eficientes. Se George Lucas apresenta seu período Queda, num Duelo do Destino, com um mestre contra o Conselho Jedi e um aprendiz humano e ensinável (não menos pecador), Leslye evidencia com Sol a incapacidade da Ordem Jedi negar Jedi instáveis por suas capacidades e habilidades com a Força, e a problemática definição de mestres que mais são políticos do Conselho, não treinadores sensíveis aos jovens – como Sol é, por exemplo, mas impedido de ser mestre.

Por isso e mais detalhes, Escolha é o melhor episódio da série. Não apenas melhora o que se passou, como estabelece precisamente suas conexões com o cânon, sem mistérios ambíguos que, afinal, mais tentavam nos posicionar para assistir do que aprofundar e acinzentar personagens com um bom desenvolvimento. A vergência, Nexus da Força, reapresentada com outro nome, quebra a teoria furada sobre a série desvirtuar a profecia do Escolhido, e se conecta ainda mais com os eventos do Grande Desastre – apresentado no livro Na Escuridão, da fase 1 infanto juvenil da série Alta República – consequência de uma explosão de uma nave na velocidade do hiperespaço. Logo, todo esse flashback, mesmo que seja um recurso frágil de roteiro para explicações, era tudo que a série necessitava para reviver para o seu final de temporada na próxima semana.

The Acolyte – 1X07: Escolha (The Acolyte – 1X07: Choice – EUA, 09 de julho de 2024)
Criação: Leslye Headland
Direção: Kogonada
Roteiro: Jen Richards, Charmaine DeGrate, Jasmyne Flournoy
Elenco: Jodie Turner-Smith, Lee Jung-jae, Margarita Levieva, Lauren Brady, Leah Brady, Carrie-Anne Moss, Amy Tsang, Dean-Charles Chapman, Joonas Suotamo, Saskia Allen, Abigail Thorn, Deborah Rosan, Tabitha Alege
Duração: 41 min.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais