Home QuadrinhosOne-Shot Crítica | Homens em Fuga (Tex #500)

Crítica | Homens em Fuga (Tex #500)

por Luiz Santiago
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Neste Especial centenário escrito por Claudio Nizzi, Tex está com o proverbial “sangue nos olhos“. Isso porque no início da narrativa (que assim como no final possui duas páginas aquareladas, um artifício que ficou meio perdido na proposta artística de Giovanni Ticci para todo o álbum) o túmulo de Lylith, esposa falecida do Águia da Noite, é profanado. Isso deixa Tex absolutamente enraivecido e ele se organiza com os melhores batedores da tribo para perseguir e punir os indivíduos que perturbaram o descanso de sua adorada navajo.

O roteiro inicialmente faz cortes entre a descoberta da profanação do túmulo, a reação de Tex ao descobrir o acontecido e a história que motivou os bandidos a fazerem tal coisa. A empresa tinha como objetivo distrair o Águia da Noite enquanto uma parte do bando ia até as cavernas dos navajos para roubar o ouro dos nativos. Em essência, Homens em Fuga é uma história simples, mas de estrutura muito poderosa e que Nizzi apresenta e desenvolve de modo instigante, infelizmente terminando com uma reticência que a gente não sabe muito bem de onde veio.

O bloco dos bandidos aqui não é apenas brevemente introduzido, servindo apenas de circunstância grave para colocar a fuga no enredo. O texto explica com detalhes como o bando descobriu o ouro (através de um imprudente professor e sua filha, que conta as riquezas descobertas para o guia que contrataram, e este guia cresce os olhos e se junta a outros infames para realizarem o roubo) e também explora a cavalgada dos bandidos até as cavernas, mostrando também o que acontece no meio do caminho, com cavalos, cantis e homens abandonados no meio do deserto. Para mim, essa trama tem um dos desenvolvimentos mais gostosos e suavemente fluídos que eu já vi em uma aventura de Tex.

Daí vem o final e a gente fica sem entender o que foi que deu na cabeça do autor. Muito se fala do final abrupto que Gianluigi Bonelli nos trouxe em Forte Apache, mas aqui em Homens em Fuga temos também um final que merece entrar para a lista de encerramentos problemáticos, embora o termo “abrupto” não seja exatamente o correto a ser empregado no caso. O fato é que logo após a resolução do caso, o autor corta para uma narração lírica, como se aludisse à exposição de uma lenda, o que é ressaltado pelas páginas aquareladas de Giovanni Ticci; mas essa passagem deixa um buraco na página anterior ao final. Uma reticência que poderia facilmente ser encaminhada com uns poucos quadros, mas que Nizzi opta por algo aberto, decisão que, a meu ver, não caiu muito bem aqui.

Homens em Fuga é uma espécie de “história de vingança”. Embora Tex não assuma aqui uma posição vigilantista, ele está muito enraivecido e não poupa esforços para identificar o caminho dos profanadores e dar a eles o que merecem. E o mais curioso é que os bandidos sabiam exatamente com quem estavam mexendo (ao longo de toda a edição alguns citam Tex e temem a represália do ranger), e mesmo assim seguiram em frente com o plano. Definitivamente procuraram sarna para se coçar.

Tex #500: Homens em Fuga (Uomini in fuga) — Itália, 2002
No Brasil:
Tex n°400 (Mythos, 2003)
Roteiro: Claudio Nizzi
Arte: Giovanni Ticci
Capa: Claudio Villa
116 páginas

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