Número de temporadas: 05
Número de episódios: 114
Período de exibição: 12 de setembro de 1978 até 15 de junho de 1983
Há continuação ou reboot?: Não.
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Penso que o número total de sitcoms que já passaram pelas telinhas é algo incalculável, mas não é tão difícil contar as séries do gênero que realmente moldaram as convenções e os clichês que conhecemos hoje, como é o caso da clássica Táxi, produção lançada no final dos anos 70 que acompanha a vida cotidiana de um grupo de taxistas de Nova York. Apesar de ter sido lançada vinte anos antes do meu nascimento, tive o prazer de assistir a série (e tantas outras da mesma época) ainda jovem por conta da influência de meus pais, com muitas das qualidades, piadas e temas da obra facilmente ressoando comigo, algo que se manteve na revisitação do piloto para a presente crítica. Muito do que entendemos atualmente sobre humor em locais de trabalho e a tiração de sarro do ordinário pode ser visto na ótima estreia da série, que estabelece alguns dos personagens principais e o tom do restante da obra.
O início introdutório é convencional, porém charmoso na apresentação do grupo de taxistas, alguns completos arquétipos, como o idiota Tony Danza (interpretado pelo próprio Danza), e outros mais fora da curva, como Latka Gravas (Andy Kaufman), um imigrante estranho e deslocado que tem todas as características do humor surreal e cheio de maneirismos de Kaufman. Temos algumas boas piadas no cenário da garagem que envolvem o relativo fracasso dos personagens, que tinham ou têm sonhos não realizados, um tópico recorrente na série, lidado aqui com um tom de leveza e bom humor, mas com um subtexto de frustração e realismo. Nada de muito destaque nesses trechos iniciais acontece, porém, com parte do texto dedicado para organizar o funcionamento das dinâmicas do grupo, seus traços principais de personalidade e o espaço da narrativa.
O grande destaque do piloto nesse bloco fica com Louie De Palma (Danny DeVito), o supervisor da garagem que é também uma espécie de antagonista do grupo de taxistas, tratando-os com desdém, deboche e muita gritaria. DeVito está no seu elemento confortável aqui, trazendo aquela antipatia carismática muito divertida de assistir, sem falar do seu ótimo humor corporal e do seu excelente timing nas diversas tirações de sarro com os funcionários. Com exceção de Kaufman, o restante do elenco fica um pouco para trás, mas não fazem feio no que é um grupo de personagens bem colorido e distinto, todos seguindo a liderança de Judd Hirsch como o protagonista Alex Reiger, que não tem muitos momentos cômicos aqui, mas que faz um papel inteligente de fio condutor ao longo do piloto.
A segunda metade do piloto surpreende bastante, porque traz um conflito dramático inesperado em torno de Alex reencontrando sua filha depois de quinze anos de abandono. Não é toda sitcom que em sua estreia decide abordar algo denso assim, mostrando o protagonista como alguém extremamente falho, então é louvável a coragem dos roteiristas. Claro que o momento em si pende para a leveza e o melodrama, mas ainda é tocante e dita o tom do restante da série, que não tem medo de abordar situações dramáticas mais complexas em meio à comédia. Like Father, Like Daughter, portanto, é um começo simpático e agradável para uma das melhores sitcoms que passaram pelas telinhas!
Táxi (Taxi) – 1X01: Like Father, Like Daughter (EUA, 12 de setembro de 1978)
Criação: James L. Brooks, Stan Daniels, David Davis, Ed. Weinberger
Direção: James Burrows
Roteiro: James L. Brooks, Stan Daniels, David Davis, Ed. Weinberger
Elenco: Judd Hirsch, Jeff Conaway, Danny DeVito, Marilu Henner, Tony Danza, Randall Carver, Andy Kaufman, Carol Kane
Duração: 30 min.