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Crítica | Tartarugas Ninja: Histórias Mutantes – 1ª Temporada

Uma ponte entre filmes.

por Kevin Rick
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Parte do mesmo universo de As Tartarugas Ninja: Caos Mutante, a mais nova adaptação televisiva dos quelônios é tanto uma sequência do filme de 2023 quanto uma preparação cânone para a sequência cinematográfica planejada para 2026. Mais uma vez supervisionado por Seth Rogen e Evan Goldberg (produtores que estão expandindo e cada vez mais com qualidade, como no universo de The Boys), a série muda de mãos criativas, não tendo participação direta do diretor ou dos outros roteiristas do longa do ano passado, mas mantém o mesmo tom narrativo: focar no aspecto adolescente e underground dos personagens e dos quadrinhos originais, mas, claro, com uma abordagem leve e infantil.

Minha preocupação inicial com a produção da série era o aspecto técnico apurado do filme, que vem da escola estética de Homem-Aranha no Aranhaverso, mesclando diferentes técnicas que dão uma impressão quadrinesca à animação. Obviamente, o resultado não se aproxima do filme, mas a equipe criativa da série não faz feio, longe disso. Mesmo com um orçamento limitado, a animação da obra faz homenagem ao CG do longa-metragem com uma animação 2D que é mais crua, rabiscada e “feia”, emulando HQ’s. Inclusive, a própria história enfatiza essa inspiração, com os contos da temporada se inspirando em gibis do Leonardo e histórias narradas por Splinter, num tom levemente metalinguístico. No entanto, numa nota negativa, a trilha sonora da série é muito inferior ao trabalho grunge e hip-hop do longa-metragem, deixando a desejar nesse aspecto que pareceu tão vivo em Caos Mutante.

Em termos narrativos, os roteiristas seguem a abordagem coming-of-age do filme, lidando diretamente com as consequências do conflito contra o Super Mosca. A temporada é basicamente dividida em dois arcos de seis episódios cada, com o primeiro lidando com uma cientista que criou robôs para caçarem mutantes (imitando os arcos dos X-Men contra os Sentinelas, mas, claro, com mais leveza e humor), e o segundo lembrando a premissa do longa, em que os quelônios enfrentam outros mutantes, dessa vez um grupo de peixes que foram mutados por conta da briga com o Super Mosca. Ambos os arcos expandem bem a mitologia do filme, demonstrando como as tartarugas se tornaram heróis conhecidos e como aquele salvamento teve diversos desdobramentos, para bem ou mal.

O que mais gostei na direção da temporada é o foco individual nos protagonistas, algo que deixou a desejar no longa, que os trata mais como equipe. Aqui, vemos mais das características famosas dos personagens, com os quatro episódios iniciais da temporada sendo divididos em histórias solos quando o grupo foi obrigado a se separar. De maneira geral, cada episódio lida com as inseguranças de cada personagem e de como precisam se inspirar nos irmãos. Por exemplo, Raphael precisa aprender a ser calmo; Leonardo a trabalhar sozinho, sem ter que liderar; Michelangelo de como ser mais responsável; e Donatello vê a necessidade de ser agressivo às vezes. São contos formulaicos e o caráter episódico nem sempre favorece o ritmo da história (principalmente se visto em maratona), mas com aquela mesma simpatia, bom humor e diversão do filme, a série encontra qualidade na personalidade dessa nova geração das Tartarugas.

Entre os dois arcos, prefiro o segundo, por conta da presença de outros mutantes, sejam os antagonistas ou os parceiros das tartarugas (todo o bloco deles morando juntos temporariamente é hilário), mas ambos têm bons conflitos. Um lida diretamente com questões de evolução e o outro com esse senso de comunidade esquisito dos mutantes (os designs bizarros continuam ótimos), ensinando aos quelônios sobre consequências e apresentando novos antagonistas que podem, quem sabe, serem aliados do Destruidor na sequência. A falta de um senso de urgência e de intensidade atrapalha em determinados momentos (algo que existiu melhor no filme), além de que os encaminhamentos da história e os momentos de ação são mais genéricos do que eu gostaria, mas, de maneira geral, Tartarugas Ninja: Histórias Mutantes mantém os melhores elementos do filme, dando uma boa base para a sequência e para essa nova jornada de amadurecimento dos quelônios.

Tartarugas Ninja: Histórias Mutantes (Tales of the Teenage Mutant Ninja Turtles) – 1ª Temporada (EUA, 09 de agosto de 2024)
Showrunners: Christopher Yost, Alan Wan
Direção: Kalvin Lee, Kenji Ono, Jennifer Bennett, Alan Wan
Roteiro: Christopher Yost, Matthew Bass, Alex Hanson, Haley Mancini, Kevin Shinick, Elise Roncace
Elenco: Micah Abbey, Shamon Brown Jr., Nicolas Cantu, Brady Noon, Ayo Edebiri, Fred Tatasciore, Rose Byrne, Post Malone, Natasia Demetriou, Amad Jackson, Alex Hirsch, Alanna Ubach, Pete Davidson, Christopher Mintz-Plasse, Timothy Olyphant, Jillian Bell, Danny Trejo, Carlin James, Jamila Velasquez
Duração: 12 episódios (c. 20 min. cada um)

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