Número de temporadas: 01
Número de episódios: 01
Período de exibição: 21 de setembro de 1958
Há continuação ou reboot?: Não.
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Nos anos 50, a produtora britânica Hammer Film era conhecida por sucessos cinematográficos de terror, em especial com franquias sobre clássicas figuras do gênero, como o Drácula, a Múmia e, claro, Frankenstein. Em 1958, a companhia, em uma parceria com a distribuidora Columbia Pictures, filmou o piloto de Tales of Frankenstein, idealizando um seriado que acompanharia os diferentes experimentos e “aventuras” de Victor Frankenstein, interpretado aqui por Anton Diffring. Infelizmente, o conceito interessante não foi pra frente, com o piloto nunca sendo vendido, apesar de roteiros da produção terem eventualmente se tornado filmes da própria produtora Hammer Film, como Frankenstein Criou a Mulher e O Monstro de Frankenstein (1964), ambos protagonizados por ninguém menos do que o icônico Peter Cushing.
O primeiro episódio é bastante básico e simples, nos apresentando o barão Frankenstein tentando dar vida a sua criatura. Depois de uma tentativa falha quando o monstro tenta matar seu próprio criador, o barão percebe que seu erro foi utilizar o cérebro de um assassino. Em busca de um cadáver de uma pessoa inteligente, o personagem acaba se deparando com uma situação conveniente: uma mulher busca sua ajuda quando seu marido doente está perto de morrer. O protagonista recusa ajudá-la e, eventualmente, o homem vem a óbito, momento em que o cientista maluco rouba o corpo da sepultura. A experiência dá certo, mas Victor Frankenstein não contava com a presença da esposa, tampouco com as reações do homem quando se dá conta que se tornou um monstro.
O roteiro de quatro mãos diferentes segue à risca convenções de filmes de monstros da época, mas com uma abordagem que penso ser relativamente estranha: uma história com início, meio e fim. O piloto parece mais um curta do que necessariamente um primeiro episódio, com o protagonista inclusive sendo preso ao final da narrativa. Talvez seja o caráter antológico que tenha influenciado essa direção, mas penso que isso possa ter atrapalhado o prosseguimento da produção, considerando que The Face in the Tombstone Mirror não deixa muito espaço para a audiência imaginar novos contos com essa versão do Frankenstein. Para além disso, o roteiro não se arrisca, mostrando um mais do mesmo sobre a mitologia do personagem.
Ainda assim, a obra tem seu charme. Emprestando elementos de produções da própria Hammer Film e também das versões da Universal Pictures, temos uma construção atmosférica eficiente com visuais góticos, cenários macabros e uma trilha sonora sinistra. A direção de Curt Siodmak é ruim em termos de suspense, mas o design de produção, a direção de arte e o elenco competente vendem bem a narrativa horripilante e surpreendentemente melancólica em torno de um homem que vira um monstro. A sequência que o personagem se vê no espelho e também mais a frente quando decide se suicidar são dois momentos relativamente simples, mas com um peso trágico e aterrorizante que são essenciais para qualquer história do Frankenstein.
Não se enganem, não há nada aqui que não tenha sido feito em outras produções similares do período e com uma qualidade maior, mas para quem é fã de clássicos filmes de monstros dessa época, o piloto de Tales of Frankenstein vai atiçar aqueles sentimentos nostálgicos bacanas. Confesso que gosto do conceito da produção e ficaria feliz se tivéssemos mais episódios com outros experimentos de Victor Frankenstein. Quem sabe algum dia um dos diversos streamings decide reviver essas antigas séries de terror antológicas que já fizeram muito sucesso.
Tales of Frankenstein (1958) – 1X01: The Face in the Tombstone Mirror – EUA, 21 de setembro de 1958
Direção: Curt Siodmak
Roteiro: Henry Kuttner, Jerome Bixby, C. L. Moore, Curt Siodmak
Elenco: Anton Diffring, Helen Westcott, Don Megowan, Ludwig Stössel, Richard Bull
Duração: 28 min.