- Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.
- Por favor, evitem spoilers de episódios que ainda não foram exibidos no Brasil nos comentários.
Em determinado ponto no episódio, logo antes de Lois Lane aceitar o desafio de Luthor, o bilionário vingativo começa a ter dúvidas sobre o plano que sua braço direito e amante Amanda McCoy colocou em movimento para desacreditar os Kents na mesma toada em que reconstrói a reputação dele. Luthor fica nervoso e diz para Amanda que há muitas partes móveis e que tudo pode dar errado, algo que Brent Fletcher e Todd Helbing muito claramente inseriram no roteiro que escreveram justamente por reconhecerem que é exatamente isso, o plano depende de diversas peças se encaixarem no momento certo para realmente funcionar, inclusive e especialmente a “saída” explosiva do Superman do apartamento do vilão onde o programa comandado por Gordon Godfrey (Tom Cavanagh retornando para a CW em mais um papel bacana – e uma peculiar escolha de nome, considerando a conexão com Darkseid) é filmado.
Mesmo com essa inserção “esperta” no próprio texto do episódio, o plano continuou me incomodando justamente pela razão que causa trepidações em Luthor e por um agravante que é fazer de Superman basicamente um paspalho que, em vez de sair de fininho dali, quebra o vidro da cobertura sem nenhuma necessidade prática, entregando a Godfrey aquilo que era necessário para ele parar o programa e fazer as gracinhas dele. Pode ser que eu esteja sendo chato, mas Lois e Clark sabiam que havia algo a mais do que só um desafio ao vivo, que Luthor nunca jogaria um jogo limpo. Cair como dois patinhos em uma armadilha tão claramente construída – mesmo que os detalhes não sejam facilmente adivinháveis, reconheço – pareceu-me amador demais para dois jornalistas do quilate da dupla protagonista. Mas fazer o que, se, sob o ponto de vista de uma adaptação de quadrinhos, isso é provavelmente o que aconteceria na mídia impressa?
Fazendo um esforço para esquecer dessa minha ponderação, tenho que admitir que Homem Bem Vestido funcionou muito bem para repaginar Lex Luthor, que aparece com suas feições clássicas, vestindo de verdade o terno de sua versão maligna corporativa que sempre o marcou nos quadrinhos. Claro que a mega-barba de Michel Cudlitz (que apropriadamente também dirige o episódio) era muito mais bacana, mas é perfeitamente compreensível que Amanda tenha sugerido ele encarar o mundo de rosto limpo, com seu “chapéu” de bilionário filantropo por quem as pessoas realmente gostar de torcer, seja no mundo da ficção, seja no real e é com isso que o plano dela conta, na verdade, plano esse que, claro, inclui obter para Luthor a armadura de Aço de forma que ele mesmo possa enfrentar o Superman em mais uma piscadela para os quadrinhos, piscadela essa feita de maneira lógica e orgânica, sem que Milton Fine (Nikolai Witschl, outra figurinha fácil de múltiplos papeis na CW, agora vivendo uma versão de Brainiac) construa algo do zero.
Gostei de como Aço e “Açinha” foram enganados, de como suas armaduras foram capturadas e de como elas acabaram sendo usadas, uma destruída pelos poderes dos Super Gêmeos e a outra, depois de criar o necessário pandemônio com John Henry indefeso lá dentro, sendo surrupiada para ganhar os upgrades necessários que, espero, não incluam demãos de tintas roxas e verdes. Além disso, e talvez mais importante ainda, gostei de como o assunto do coração humano do Superman não é esquecido. Muito ao contrário, o sacrifício de Sam Lane, que permitiu que o Homem de Aço voltasse à vida, na verdade é algo que vem com data de validade e que tende a diminuir e até eliminar os poderes do escoteiro. Considerando que essa versão do Superman já vem atuando em seu universo há décadas, eu gosto muito – MUITO MESMO – da forma como a série encontrou para aposentar seu protagonista, algo que eu efetivamente espero que aconteça ao final, com Helbing tendo a coragem de fazer o que fez com a doença de Lois Lane, ou seja, não inventando uma cura “mágica”. Ah, só para ficar claro: quando falo aposentar, quero dizer aposentar mesmo, ou seja, deixar Clark envelhecer ao lado de sua esposa amada e aos poucos perdendo seus poderes, passando o bastão de guardiões da Terra para seus filhos, e não morrer.
Mesmo considerando o momento estúpido do Superman que era completamente desnecessário, Homem Bem Vestido é mais um ótimo capítulo na temporada de encerramento da série, um que posiciona as peças no tabuleiro de maneira que o jogo final possa ser jogado com categoria nos dois episódios que ainda faltam. Com a promessa de um embate físico interessante entre os arqui-inimigos e de aposentadoria (mas não morte, espero) do Superman, a série tem tudo para acabar em seu ponto mais alto, ainda que, para mim, a temporada anterior continue sendo, em seu conjunto, mais relevante e corajosa.
Superman & Lois – 4X08: Homem Bem Vestido (Superman & Lois – 4X08: Sharp Dressed Man – EUA, 18 de novembro de 2024)
Data de exibição no Brasil: 28 de novembro de 2024
Showrunner: Todd Helbing
Direção: Michael Cudlitz
Roteiro: Brent Fletcher, Todd Helbing
Elenco: Tyler Hoechlin, Elizabeth Tulloch, Alex Garfin, Michael Bishop, Michael Cudlitz, Wolé Parks, Tayler Buck, Yvonne Chapman, Samantha Di Francesco, Tom Cavanagh, Nikolai Witschl
Duração: 43 min.