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Crítica | Superman & Lois – 4X03: Sempre Foi Meu Herói

Clark Kent é o Superman???

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.
  • Por favor, evitem spoilers de episódios que ainda não foram exibidos no Brasil nos comentários.

Muito do que comentarei na presente crítica decorre eminentemente, mas não somente, de problemas relacionados com o pesado corte de orçamento que a série sofreu em sua última temporada, mas eu preciso começar com algo que eu já mencionei em críticas anteriores de Superman & Lois e que, aqui, não tem conexão alguma com dinheiro, que é o quão ridículo é ninguém, por mais próximo que seja do personagem, nem de longe desconfiar que Clark Kent é o Superman. Desculpem-me, mas o flashback em que Clark, sentado diretamente na frente de Sam Lane, revela sua identidade secreta, somente para o general rir da cara dele e, quando o repórter se levanta com música em crescendo e no contraluz, retira os óculos, ele cai para trás em descrença, é uma das sequências mais ridículas que já tive o desprazer de ver.

Eu tive que pausar o episódio nesse momento para rir, mas não uma risada oriunda da comicidade da sequência, pois o que eu senti foi vergonha alheia completa, do tipo capaz de contaminar toda a experiência posterior. Tyler Hoechlin, quando ganhou uma série solo, tornou-se tanto um ótimo Clark Kent quanto um igualmente ótimo Superman, mas a produção da série nunca – e eu repito, nunca – fez qualquer esforço para convencer os espectadores de que havia algo físico que separasse de verdade as duas personas. Uma coisa é um transeunte qualquer não desconfiar que Kent é o Superman, outra bem diferente são pessoas como Lois Lane, Lana Lang, Kyle Cushing, Jordan, Jon, e, agora, Sam Lane não fazerem a conexão. Se eu já havia achado decepcionante a sequência em que Clark revela-se para Lana voando, aqui foi o cúmulo, pois a cena foi toda construída para ser uma grande revelação, algo que coloca o espectador cúmplice da transformação que está para ocorrer, somente para NADA acontecer a não ser a retirada dos óculos. E, quando lembramos do trabalho impecável de Christopher Reeve transformando-se de Clark em Superman e de Superman em Clark em sequencia sem cortes no clássico filme de 1978, tudo fica ainda mais sofrível.

Ah, mas tinha que ser o crítico chato reclamando de uma cena de alguns segundos que nem importa muito para o episódio! – alguns dirão. Não, não é o crítico chato, mas sim apenas alguém que acha que uma cena dessas não pode soar forçada, exagerada ou artificial, quase caricata, e, se ela não era importante para o episódio, era melhor que sequer existisse. Nada contra quem conseguir suspender a descrença a ponto de aceitar a ponte da suposta transformação, mas eu simplesmente não consigo com Hoechlin e, como disse, não por causa do ator, pois reputo que essa é uma construção que deveria vir cuidadosamente de Todd Helbing que desde o começo não se preocupou nada com isso até, de repente, o assunto ser importante e começar a ganhar execuções ridículas. Se as sucessivas revelações da identidade secreta de Clark Kent eram para ser tão relevantes, então era obrigação de toda a equipe fazer com que Hoechlin realmente nos convencesse de que sim, está aí alguém que pode viver uma vida dupla sem que ninguém sequer passe longe de desconfiar.

Mas, avançando no episódio, e abordando finalmente problemas que decorrem muito claramente da mutilação da temporada final causada pelos cortes orçamentários, a entrada de John Henry e Natalie Irons poderia ter sido antecedida de alguma preparação melhor do que um lamento por eles não terem ajudado Superman a lutar contra Apocalypse. E a “troca” de Lana e Sarah pelos dois ficou evidente demais, o que torna tudo extremamente artificial para o meu gosto. Compreendo perfeitamente que Helbing estava em uma sinuca de bico, mas fico pensando aqui com meus botões se não haveria uma solução mais elegante e menos evidente de que só há dinheiro para um ou dois coadjuvantes por vez fora da família Lane-Kent. Às vezes uma ou duas frases bem colocadas aqui e ali podem resolver muita coisa, como uma menção à Lana por parte de John Henry ou a filmagem de sequências complementares que dessem mais contexto à (sinceramente inexplicável dentro da história) inação de pai e filha. Afinal, até Chrissy ganha menções o tempo todo e ela sequer apareceu na temporada ainda!

O surgimento dos poderes de Jon, algo mais do que aguardado na série, é outra coisa que sofreu com o orçamento. Mas, aqui, o roteiro que Helbing escreveu ao lado de Brent Fletcher funcionou um pouco melhor, pois tudo aconteceu em um momento de enorme estresse para o jovem que explode com seu irmão Jordan, o que é a desculpa perfeita para ativar o turbilhão de poderes. Da mesma forma, apesar de não ser exatamente o ideal, dá para aceitar com boa vontade que Jon seja mais naturalmente capaz de lidar com os poderes do que seu irmão, que sempre sofreu com uma miríade de questões pessoais. Jon sempre foi mais seguro de si, sempre foi o esportista, sempre mostrou-se mais “preparado” para o que der e vier e os poderes, nele, vestem-no como uma luva. Em um mundo perfeito, claro, haveria um pouco mais de tempo para ele lidar com tudo isso, mas, aqui, o objetivo foi muito claramente fazer uma pequena homenagem aos eventos pós-A Morte do Superman dos quadrinhos, com o aparecimento de um novo Superboy e de Aço.

Mas o que funcionou melhor no episódio foi, claro, o sacrifício de Sam Lane pelo Superman, não só mais do que justificando os flashbacks – menos a cena ridícula que esculachei mais acima, claro -, como, também, dando um fim valoroso ao general que, claro, funciona também (ou melhor, funciona primordialmente, se eu colocar o chapéu de um Helbing sofrendo pressão dos engravatados), como uma maneira de eliminar um ator do elenco. E eu gosto do potencial conceito de um Superman “mais fraco” em razão de um coração humano turbinado pelo soro que Bruno Mannheim usou para ressuscitar o Superman Bizarro. Tomara que essa seja pelo menos parte da hesitação do holograma de Lara Lor-Van lá na Fortaleza da Solidão, o que ajuda no conceito sempre difícil de lidar que é como segurar o overpower do Superman sem criar vilões que sejam tão ou mais poderosos do que ele.

Sempre Foi Meu Herói, apesar de seus vastos problemas, foi uma despedida bonita para Sam Lane que abre as portas para o retorno do Superman, algo que, imagino, não deva demorar nada, ainda que, talvez, ele venha a sofrer algum tipo de “redutor” de poder para criar o drama necessário para a temporada. Também será interessante ver o conflito entre Jon e Jordan, o primeiro bem mais Superboy do que o segundo, este obviamente mais manipulável e fraco a ponto de Lex Luthor fazer dele não mais do que uma marionete de cachinhos. Mas o que eu preciso mesmo é arrumar um jeito de esquecer aquela pataquada do Clark retirando seus óculos como se fosse o momento mais genial e marcante da História das Séries de TV…

Superman & Lois – 4X03: Sempre Foi Meu Herói (Superman & Lois – 4X03: Always My Hero – EUA, 14 de outubro de 2024)
Data de exibição no Brasil: 24 de outubro de 2024
Showrunner: Todd Helbing
Direção: David Giuntoli
Roteiro: Brent Fletcher, Todd Helbing
Elenco: Tyler Hoechlin, Elizabeth Tulloch, Alex Garfin, Michael Bishop, Dylan Walsh, Michael Cudlitz, Wolé Parks, Tayler Buck, Inde Navarrette, Mariana Klaveno, Paul Lazenby, Michele Scarabelli
Duração: 43 min.

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