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Crítica | Superman & Lois – 3X12: Injustice

Mau como o Pica-Pau...

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Não tem jeito: da maneira que Todd Helbing guiou a terceira temporada de Superman & Lois, Complications inegavelmente foi o final ideal. Sim, pontas soltas foram deixadas, notadamente a questão da ameaça à identidade secreta de Jordan Kent, a iminente saída de Lex Luthor da prisão e a ressuscitação do Superman Bizarro, mas elas eram esperadas e poderiam muito bem servir de ponte para o quarto (e provavelmente último) ano da série. E essa conclusão fica ainda mais evidente depois de assistir Injustice, pois o episódio tem todas as características de começo e não de fim. Na melhor das hipóteses, o arco que o episódio começa – e que espero que não tenha fim no último episódio, pois seria um desperdício do arqui-inimigo do Superman – é um epílogo, ou, como é moda hoje em dia, uma cena pós-créditos muito, mas muito alongada.

Não é uma questão de qualidade intrínseca do episódio, pois, nesse quesito, ele se segura muito bem, mas sim, puramente, o local exato em que ele foi colocado na temporada, algo que acaba contando para qualquer avaliação geral de uma obra serializada. Afinal, introduzir um novo (ainda que clássico) vilão no penúltimo episódio de qualquer temporada não faz muito sentido, mesmo que a existência dele tenha se mantido como uma sombra por toda a história principal. Teria feito muito mais sentido se Injustice fosse o começo de uma história e não um fim ou mesmo um epílogo, pois Lex Luthor não é, ou pelo menos não deveria ser como um vilão qualquer dentro da mitologia do Homem de Aço.

Feitas essas considerações preliminares, devo dizer que, apesar do “espaço-tempo” do episódio estar muito longe do ideal, a introdução de Michael Cudlitz como o segundo Luthor em menos de um ano que compensa a carequice com uma barba generosa foi muito divertida daquela maneira bem quadrinhos de ser. Não só achei sensacional o exagero que foi ele andar(!!!) da penitenciária até a fazenda dos Kent só para mostrar que ele é sério e badass e para ordenar que Lois se aposente de sua profissão, como gostei demais dos flashbacks que estabelecem sua posição de dominância na prisão não com o uso direto do dinheiro, mas pelo puro medo, com direito a prisioneiro servindo de banco – com mecanismo de ajuste e tudo mais! – para ele tomar seu café da manhã. Cudlitz está acostumado com personagens desse tipo, mas tenho certeza que Luthor é o ponto alto de sua carreira nesse aspecto.

Brincadeiras à parte, a imponência ameaçadora dessa versão de Lex Luthor foi uma bela escolha de Helbing, que optou não pela figura do empresário bilionário e inclemente e não pela abordagem mais cômica que por vezes o personagem tem, encontrando um equilíbrio perfeito entre sofisticação e “troglodice”, talvez até mais perfeito do que foi a caracterização de Bruno Mannheim na série, já que, este último, não se furtava de colocar a mão na massa diretamente, algo que Luthor evita a todo custo. E fiquei até chocado com outra escolha narrativa, que foi a de nos informar que Luthor não estava preso há razoavelmente pouco tempo, mas sim por nada menos do que 17 anos, ou seja, antes de Clark e Lois terem seus filhos. É realmente como se Luthor estivesse se reapresentando ao casal e esse tempo todo encarcerado por um crime que não cometeu (provavelmente o único crime que ele não cometeu) mais do que justifica sua fúria vingativa que o leva a andar até a fazenda só para gritar na cara de Lois e a se arriscar para recrutar um Superman Bizarro que, inexplicavelmente, não só não tentou sair do buraco onde estava, como, pelo visto, transformou-se em canibal… Será no mínimo interessante ver o que sai daí e, reiterando o que já disse, espero que o episódio final da temporada não encerre o arco de Luthor, pois esse vilão precisa ganhar mais do que apenas seus 15 minutos de fama.

Paralelamente à saída de Luthor da prisão, temos o aprofundamento da questão da identidade secreta de Jordan em mais uma escolha acertada de Helbing. Se todos os eventos envolvendo ele e Sarah resultaram, para Sarah, no retorno feroz de sua depressão suicida, esses mesmos eventos resultaram, para Jordan, em uma estremecida em sua personalidade, revelando-se cansado por ter que esconder quem ele realmente é e, mais ainda, por não receber o mérito e a gratidão por ele fazer o que faz. Esse comportamento pode parecer extremado e “de repente”, mas, para mim, ele é como o proverbial copo que vai sendo enchido aos poucos e, em razão de uma única gota, acaba transbordando. Fora que esse é um comportamento mais do que normal para um adolescente, especialmente um que não só sempre teve seus próprios problemas, como alguém que vive à sombra enorme que seu pai projeta. Tenho certeza de que esse elemento narrativo ou levará ao Superman revelando quem é ao mundo ou será usado por Lex Luthor como mais um elemento de sua vingança.

Injustice deveria ser o começo da quarta temporada e seu uso como metade de um epílogo para a terceira me deixa um pouco cabreiro, ainda que sua execução tenha sido muito boa, especialmente todo o lento processo envolvendo o presente e o passado do Luthor de Cudlitz. Agora é esperar para ver como Helbing encerrará aquela que, a não ser que um cataclismo aconteça, já é a melhor temporada de uma improvavelmente sólida série.

Superman & Lois – 3X12: Injustice (EUA, 20 de junho nos EUA e 28 de junho de 2023 no Brasil)
Criação: Todd Helbing
Direção: Sudz Sutherland
Roteiro: Michael Narducci
Elenco: Tyler Hoechlin, Elizabeth Tulloch, Alex Garfin, Michael Bishop, Erik Valdez, Inde Navarrette, Wolé Parks, Tayler Buck, Sofia Hasmik, Dylan Walsh, Emmanuelle Chriqui, Mariana Klaveno, Samantha Di Francesco, Michael Cudlitz
Duração: 43 min.

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