- Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.
Quando All Is Lost começou com um flashback focado em Ally Allston, respirei fundo e preparei-me para me decepcionar com uma tentativa tardia de se abordar a vilã que, até agora, soava completamente genérica. Mesmo com os poderes não muito lógicos oriundo da fusão de suas duas metades, a versão live-action da Parasita continuava sendo qualquer coisa muito da sem graça, quase que como uma personagem de bastidor que é trazida para a frente do palco em uma decisão de último minuto simplesmente porque qualquer filme ou série do Superman “precisa” de um super vilão superpoderoso.
No entanto, foi com satisfação que notei que o roteiro de Kristi Korzec foi bem mais esperto do que isso e, a cada novo retorno ao passado, mais o foco ficava centrado em Lucy Lane, explicando seus traumas de família e criando a lógica que a levou a se entregar ao culto de Ally Allston. Não que esse detalhamento de como tudo aconteceu fosse estritamente necessário, pois mesmo o mais desatento dos espectadores já tinha sido capaz de somar 2 + 2. No entanto, a grande razão para essa abordagem de Korzec é justamente evitar que, faltando dois episódios para a temporada acabar, a vilão finalmente ganhasse mais camadas. Ou, melhor dizendo, colocar Lucy como centro das atenções foi como jogar uma pedrinha no lago, com Lucy sendo a pedrinha e os arcos concêntricos criados a partir dela de certa maneira preenchendo indiretamente o que havia de mais relevante para sabermos da vilã. Novamente, não era lá uma grande novidade, mas foi um enfoque que segue a linha da série, ou seja, dá atenção ao lado humano da narrativa super-heróica.
Com isso, o drama da família Lane é o primeiro destaque que, claro, leva à resistência de Lucy, a conversa sincera entre irmãs e, claro, a chegada da figura messiânica do culto que, com seus atos, acabam confirmando o que Lois e Sam tentaram martelar na cabecinha teimosa dela. Culminando com Superman quase sendo morto e, ao que tudo indica, perdendo completamente seus poderes por um tempo, fica a promessa de que, por pelo menos um episódio, teremos ação com a dupla Irons + SuperJordan, além de provavelmente Tal Rho retornando para salvar o dia e, chutaria, sacrificar-se para mostrar o quanto ama o irmão e é bonzinho… Quem não vai gostar muito disso, claro, será Jonathan Kent, que ficará de fora da brincadeira, ampliando sua irritação – inveja, para falar a verdade -, algo que ele já demonstrou aqui depois que seu irmão retorna de sua Kessel Run com o pai (Jordan perdeu muitos pontos comigo por não saber o que é isso, ao passo que Lois ganhou vários ao referenciar o “telefone vermelho” da série sessentista do Batman!).
Outro ponto positivo foi a continuação da abordagem do grande segredo do Superman ter sido contado a Lana. O passa fora que ela deu em Jordan foi pesado, mas também verdadeiro, o que só demonstra o quanto essa série sabe lidar com realismo e drama aspectos variados que se originam da existência de super-heróis nesse mundo. E, claro, gostei da forma como Lana reage ao descobrir onde Kyle levou a filha para ser a próxima Alanis Morissette, de como ela percebe que talvez tenha sido dura demais e, finalmente, aquele simpático jantar de família ao final, outra prova de como o assunto “separação” não fica esquecido e vai vagarosamente evoluindo para ser o novo status quo desse núcleo familiar (não que Lana e Kyle não possam se reconciliar, claro, mas meu ponto é que isso não aconteceu – se acontecer – em um estalar de dedos).
Mesmo com o episódio sabendo lidar com Ally Allston e revelando finalmente seu grande plano de fundir as duas Terras agora que não mais tem o amuleto, continuo com sérios problemas com a aleatoriedade dessa vilã. A lógica de seu poder de parasita a partir da fusão de suas duas metades é, na melhor das hipóteses, inexistente, e, agora, sua capacidade de fundir dois planetas de universos diferentes me parece um exagero daqueles capaz de fazer tudo desmoronar se Todd Helbing não tomar cuidado nessa estirada final. E isso porque não sou daqueles chatos que reclama de CGI ruim, pois aquela cena dela lançando raios bem no finalzinho foi… feia demais…
Aviso: É inacreditável e irritante, mas Superman & Lois terá outro intervalo, desta vez de uma semana, com o episódio 2X14 indo ao ar dia 21 de junho lá fora, 24 de junho no HBO Max, no Brasil. O episódio 2X15 – o final – chegará na semana seguinte.
Superman & Lois – 2X13: All Is Lost (EUA, 07 de junho de 2022)
Criação: Todd Helbing
Direção: Elaine Mongeon
Roteiro: Kristi Korzec
Elenco: Tyler Hoechlin, Elizabeth Tulloch, Jordan Elsass, Alex Garfin, Emmanuelle Chriqui, Erik Valdez, Inde Navarrette, Wolé Parks, Tayler Buck, Sofia Hasmik, Daisy Tormé, Ian Bohen, Nathan Witte, Rya Kihlstedt, Dylan Walsh, Adam Rayner, Jenna Dewan
Duração: 42 min.