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Crítica | Superman & Lois – 2X06: Tried and True

It's a trap!

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Depois do que eu considerei o pior episódio da série até agora – na verdade, o único ruim, o que, se alguma coisa, só escancara a alta qualidade de Superman & Lois – voltamos à programação normal com Tried and True que tem como função primordial, tecnicamente em detrimento dos “fogos de artifício”, fazer toda a trama andar para a frente de maneira uniforme, algo certamente bem-vindo. Mesmo com a dupla Irons e a repórter Chrissy Beppo não aparecendo, percebe-se muito claramente o esmero do roteiro de Max Kronick e Patrick Barton Leahy em não só não esquecê-los, como usar a ausência deles organicamente para informar as linhas narrativas que são abordadas.

Talvez a mais importante delas, por seu valor emocional, e também a mais distante do lado super-heróico da temporada, seja a que lida com as consequências da revelação do caso de Kyle com a moça do bar. Gostei muito da abordagem sóbria e correta dada ao assunto, sem resolução imediata feliz – que ainda pode vir, claro, mas é importante que não tenha sido agora para dar tempo ao tempo – que leva Lana a rever seu casamento, a conversar com Clark e a “entrevistar” a ex-amante do marido, decidindo pedir a Kyle que saia de casa mesmo que tudo o que ela descobre pareça levar a uma “absolvição” do adultério. É justamente isso que torna todo esse lado do episódio interessante, pois o roteiro se recusa a pegar o caminho mais óbvio, mesmo que o que vejamos acontecer não seja a coisa mais original do mundo, lógico. Emmanuelle Chriqui e Erik Valdez, com um belo trabalho da equipe de maquiagem e penteado que faz ecoar visualmente o que eles sentem, entregam performances também muito boas, verdadeiramente sentidas, que vendem bem a ideia de um casal maduro em crise.

O aprisionamento de Bizarro, que vimos no episódio anterior, também foi bem conduzido, com um preâmbulo na forma de montagem passado lá em sua dimensão que nos oferece um tira-gosto de toda a situação envolvendo a vilã Ally Allston e o que ele precisou fazer para quebrar a barreira entre as Terras e chegar até a de sua versão invertida, o que incluiu enfrentar uma SuperLana. A direção de Amy Jo Johnson é cuidadosa ao mostrar apenas o necessário, mantendo ainda algum grau de confusão sobre os detalhes e o que representa na prática a potencial fusão das duas Allys (sabemos quem ela é nos quadrinhos, mas o que interessa é o que ela será na série) e ao criar um literal espelho da “luta de corredor” que vemos Bizarro travar com a versão que o Superman enfrenta em razão da armadilha de Anderson.

No entanto, esse é o ponto que, para mim, não funcionou de verdade. A virada de Anderson e, pior ainda, de seu superior, sobre como lidar com o Superman me pareceram forçadas. Tudo bem que Anderson, desde o episódio anterior, já vinha sentindo as consequências dos assassinatos de dois de seus “Supers” por Bizarro e que, desde o começo da temporada, estabeleceu-se uma animosidade entre ele e Superman, mas daí ao tenente-general convencer sua superiora a autorizar a captura do kryptoniano para que ele seja obrigado a revelar onde está Bizarro me pareceu um pulo de lógica grande demais. E não falo aqui, de forma, alguma, da efetiva captura do Superman por ele e seus homens, já que isso foi bem executado tanto com o uso da luz vermelha quanto das balas de kryptonita, mas sim da ideia em si de se aprisionar um homem que, a cada segundo que fica “longe” da humanidade, leva às potenciais mortes de dezenas, centenas ou milhares de pessoas. A conta não fecha para alguém tão pragmático como Anderson, já que uma ameaça que ceifou a vida de apenas duas pessoas não deveria levar ao aprisionamento de alguém que passa o dia salvando vidas mundo afora. E não, Superman impedir uma avalanche assassina na Rússia – eterna inimiga do Ocidente como estamos, aliás, testemunhando de novo agorinha mesmo – não é nem de longe suficiente para deixar Anderson transtornado a ponto de tomar uma medida dessas.

Por outro lado, o potencial narrativo do que aconteceu não pode ser esquecido. O aprisionamento de Superman com seu meio-irmão pode levar a uma aliança interessante, algo que pode ser estendido inclusive para o próprio Bizarro, formando uma trinca superpoderosa que exigirá bastante do orçamento do CGI da série, mas que tem tudo para funcionar. Isso se não for uma quadra, com a recuperação de Aço e seu retorno ao trabalho. Mas, claro, isso ainda está no futuro incerto e não sabido, pelo que, o que permanece, é mesmo meu incômodo sobre a decisão de Anderson de, sem cerimônias, prender o Superman.

No lado exclusivamente adolescente, ver os dois irmãos em lados opostos depois que Jordan descobre a verdadeira fonte dos poderes de Jonathan parece ser o primeiro passo para uma outra linha narrativa de potencial que pode, mesmo que temporariamente, colocar o antes certinho Jon em um caminho sombrio. Tudo bem que seus poderes inatos não foram despertados ainda (digo “ainda”, pois tenho quase certeza de que isso acontecerá alguma hora), mas é perfeitamente possível imaginá-lo saindo de casa e abraçando a X-K e fazendo parte da “tropa de elite” de Anderson, como um Superboy do mal. E não podemos esquecer do quanto isso também reflete a relação mais do que estremecida entre Lois e Lucy, esta última retornando à série para uma participação maior, mas com um final que a mantém longe da irmã.

Tried and True faz a temporada andar a passos largos, mas sem esquecer o lado puramente dramático e familiar que a série vem cultivando, mas também sem fazer a balança pender demais para esse lado. Agora que temos um quadro mais claro de tudo o que está acontecendo, podemos já começar a imaginar o que ainda está por vir e esse horizonte é alvissareiro, algo importante para uma série ainda em seu começo que precisa se firmar de verdade mesmo tendo começado de maneira surpreendente.

Superman & Lois – 2X06: Tried and True (EUA, 1º de março de 2022)
Criação: Todd Helbing
Direção: Amy Jo Johnson
Roteiro: Max Kronick, Patrick Barton Leahy
Elenco: Tyler Hoechlin, Elizabeth Tulloch, Jordan Elsass, Alex Garfin, Emmanuelle Chriqui, Erik Valdez, Inde Navarrette, Wolé Parks, Tayler Buck, Sofia Hasmik, Daisy Tormé, Ian Bohen, Nathan Witte, Rya Kihlstedt, Dylan Walsh, Adam Rayner, Jenna Dewan
Duração: 43 min.

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