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Crítica | Superman & Lois – 2X02 e 03: The Ties That Bind / The Thing in the Mines

A revelação do primeiro super vilão!

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Em razão da confusão que a HBO Max fez no lançamento de Superman & Lois, atrasando o primeiro episódio em uma semana e, então, sem aviso, lançando o 2X01 e 2X02 em dias consecutivos para correr atrás do prejuízo e também porque me atrapalhei, decidi fazer as críticas dos episódios 2X02 e 2X03 em conjunto, mas separadamente, se é que me entendem. Vi o 2X02 e escrevi a crítica e só então vi o 2X03 para manter as análises sem contaminação de um episódio pelo outro. Essa semana agora, com o lançamento do 2X04, espero voltar à programação normal. Confiram, então, as críticas!

2X02
The Ties That Bind

O segundo episódio da nova temporada de Superman & Lois é movimentado, ampliando a narrativa para além do aspecto macro que diz respeito ao mistério nas minas de Smallville ao lidar com o passado de Lois voltando para atormentá-la, ao criar um problema no relacionamento de Jordan com Sarah e ao colocar Lana em meio a um dilema político. Mas o que de melhor o episódio faz e não esquecer seu legado, ou seja, é deixar claro que, mesmo que talvez não de maneira proeminente, as presenças de Tal-Rho, meio-irmão de Kal-El e também da mãe dos dois, Lara, esta na forma de holograma, serão artifícios usados comumente na história, além do agora aposentado Sam Lane, pais de Lois.

E faz todo sentido essa abordagem, já que, mesmo que as temporadas idealmente devam ser estanques e autossuficientes, não permitir que elas se interpenetrem em algum nível é um erro muito grande, especialmente quando há personagens relevantes que podem realmente ajudar – ou atrapalhar – em determinada situação, sem a necessidade de se criar novos com a mesma função. Com isso, o retorno de Tal-Rho como a fonte óbvia para o Superman tentar entender o que está acontecendo com ele é uma maneira orgânica de se utilizar o grande vilão da temporada inaugural. Graças à influência de Sam Lane nos bastidores, com o personagem sendo apenas citado – tomara que ele apareça alguma hora! – e com base na premissa mentirosa de que o kryptoniano perdera seus poderes, Kal-El o leva até sua fortaleza no deserto juntamente com o insistente Jordan, de forma que eles possam conversar com Lara.

Essa reunião familiar é, portanto, o destaque do episódio, com Tal-Rho demonstrando toda sua solidão ao longo das décadas, culpando a mãe por seu abandono e concluindo que Kal-El, por ser filho que saiu de seu ventre, em uma exceção à tradição de Krypton que veio de algumas HQs do Superman, mas que Zack Snyder usou muito bem no preâmbulo extraterrestre de O Homem de Aço, só pode ser o “favorito”. Mesmo que essa interação não dê frutos diretos para solucionar o mistério dos ataques que vêm acometendo Kal-El, ela é excelente para desenvolver personagens e, claro, para revelar que Tal-Rho ainda tem poderes, talvez não ainda no mesmo nível de antes, mas certamente uma ameaça, ainda que pelo menos a forma como a conversa acaba na prisão dê a entender que, eventualmente, talvez em futuro não muito distante, os irmão sejam capazes de se reconciliar.

Paralelamente à atração principal, o episódio introduz uma linha narrativa que vem diretamente do passado de Lois, com um culto que ela desbaratou, mas que retorna para desacreditá-la como repórter, dando a entender que sua fonte principal, sua própria irmã Lucy Lane, a traiu ao negar os depoimentos originais. Ao que tudo indica, esse é um retcon da própria personagem vivida por Jenna Dewan em Supergirl (e que retornará ao papel em breve), o que pode ser facilmente explicado pelas consequências de Crise nas Infinitas Terras, o mesmo crossover que “transformou” o filho pequeno de Clark Kent e Lois Lane em gêmeos já adolescentes. Tomara que a história de credibilidade jornalística, assunto muito em voga nos dias de hoje, ganhe o relevo necessário e crie uma narrativa para Lois que independa dos super-problemas de seu marido.

Outra história boa criada aqui é a possibilidade de Lana Lang concorrer à prefeitura de Smallville, considerando que o candidato que apoiava decide sair da corrida. É mais uma oportunidade para dar importância a uma coadjuvante interessante em uma história que não exatamente precisa da participação do Superman. Por outro lado, bem menos interessante foi o grande segredo que sua filha Sarah conta para Jordan. Ela ter beijado uma outra menina no acampamento em que ela passou um mês e isso não significar nada para ela é o que exatamente? Uma tentativa do showrunner de introduzir uma questão LGBTQ, mas sem realmente lidar com ela? Porque é o que ficou parecendo. Quer fazer algo assim, não crie uma crise boba entre um casal jovem, crie algo com efetivas consequências em que a causa LGBTQ seja mais do que apenas um artifício para atrair manchetes em sites de entretenimento. Sim, sei que é cedo para falar em definitivo se estamos diante apenas de uma jogada de marketing ou de uma linha narrativa efetiva, mas o que posso dizer é que ela não começou bem…

The Ties That Bind é outro episódio da mais alta qualidade do segundo ano de Superman & Lois, um que sabe continuar o assunto principal de maneira relevante e, ao mesmo tempo, abrir o leque de possibilidades, mesmo que um dos novos assuntos, aquele envolvendo Sarah, não pareça algo realmente pensado com carinho e cuidado. Seja como for, tudo indica que caminhamos para uma temporada que, em princípio, manterá a excelente abordagem familiar do Superman e agregados, mesmo que a série tenha que investir no lado superpoderoso, aqui representado pela misteriosa figura das minas de Smallville que, claro, parece se conectar diretamente com Kal-El.

2X03
The Thing in the Mines

Seguindo o padrão estabelecido pela primeira temporada, a grande ameaça superpoderosa do ano não demora a ser revelada. Diferente das suspeitas iniciais de que seria o Apocalypse, algo que é inclusive aludido no início do episódio com o uso do nome do personagem em uma conversa casual, o vilão é ninguém menos do que Bizarro, que primeiro aparece com uma roupa de contenção e, já na luta com Superman e com Aço (com direito a John “vestindo” a armadura bem no estilo Homem de Ferro), revela seu rosto e, ao final, seu uniforme completo já lá na Fortaleza da Solidão.

Mas Bizarro obviamente não é o único grande vilão do ano, pois não podemos esquecer da misteriosa pessoa a quem a Dra. Faulkner se reporta. Seria Lex Luthor que, nos quadrinhos, é responsável por uma das versões de Bizarro, a que é um clone falho do Superman? A roupa de contenção dá a entender algo nessa linha, de que ele foi “fabricado”, e não alguém vindo do “mundo de Bizarro”, ainda que essa também seja uma possibilidade. Aliás, nem mesmo temos condição de, no momento, saber se Bizarro será mesmo um grande vilão, ou se ele terá suas ações relativizadas e transformado até mesmo em anti-herói como já aconteceu nos quadrinhos. Também desconhecemos a razão pela qual ele surgir ali, na mina de kryptonita-X. Em outras palavras, a revelação de Bizarro no episódio é muito bem-vinda, mas se isso responde muito bem uma pergunta, cria diversas outras igualmente interessantes e com grande potencial.

No lado puramente humano da série, a candidatura de Lana Lang é uma ótima confirmação do caminho a ser trilhado pela personagem. Espero que sua tentativa de encantar a população de sua cidade e seu embate com o atual prefeito permaneçam limpos, ou seja, sem a necessidade da interferência do Superman ou qualquer outro super ser da série. Claro que não faz mal algum – e é até esperado – que Lois Lane e Clark Kent se envolvam na contenda para ajudar a amiga, mas não mais do que isso, pois nem tudo precisa ser costurado à narrativa macro que é necessariamente superpoderosa.

Falando em caminho, o que se abre para Jonathan Kent também é potencialmente interessante também. Enciumado por não ser escolhido como quarterback de seu time escolar, o jovem, ao que tudo indica, graças à intermediação de sua conveniente namorada, enveredará pelo caminho dos anabolizantes kryptonianos, o que pode levar ao despertar de seus possíveis poderes ou, em uma virada mais sombria e certamente ainda mais interessante, sua transformação em um legítimo super filho do mal a longo prazo. Afinal, se estamos falando de uma temporada que pelo visto lidará com opostos, pode ser que vejamos justamente isso nascer de Jon, sempre retratado como o filho mais centrado, mais equilibrado e o de cabeça menos quente.

O drama de Jordan e Sarah é que realmente não está funcionando. Não só a inserção do tema LGBTQ me parece um desserviço à causa, já que tudo o que temos são menções aqui e ali, sem uma efetiva abordagem do assunto, reiterando minha impressão de que o que o showrunner está fazendo não passa de uma jogada de marketing para chamar atenção ao assunto, parecer consciente da questão, mas trabalhá-la com a maior superficialidade possível para não “atrapalhar” a história de amor adolescente e não criar qualquer tipo de comprometimento. Não me espantaria se o tão citado “beijo” seja esquecido ao longo dos vindouros episódios.

Com Bizarro no jogo, um vilão misterioso com interesse na versão invertida do Superman, Aço 100% de volta à ativa e com a bem-vinda aparição de Sam Lane (apesar daquele horrível pano de fundo digital dele no lago…), além do continuado desenvolvimento das linhas narrativas desconectadas com o lado kryptoniano da série, Superman & Lois continua de vento em popa mostrando que essa é, sem dúvida alguma, a exceção que confirma a regra da CW…

Superman & Lois – 2X02 e 2X03: The Ties That Bind e The Thing in the Mines (EUA, 18 e 25 de janeiro de 2022)
Criação: Greg Berlanti, Todd Helbing
Direção: David Ramsey (2X02), Gregory Smith (2X03)
Roteiro: Kristi Korzec & Michael Narducci (2X02), Katie Aldrin & Juliana James (2X03)
Elenco: Tyler Hoechlin, Elizabeth Tulloch, Jordan Elsass, Alex Garfin, Emmanuelle Chriqui, Erik Valdez, Inde Navarrette, Wolé Parks, Tayler Buck, Sofia Hasmik, Daisy Tormé, Ian Bohen, Nathan Witte, Rya Kihlstedt, Dylan Walsh, Adam Rayner
Duração: 42 min.

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