Home TVEpisódio Crítica | Superman & Lois – 1X12: Through the Valley of Death

Crítica | Superman & Lois – 1X12: Through the Valley of Death

por Ritter Fan
4,K views

  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Acreditem: eu senti falta de Superman & Lois nestes 21 dias de hiato da série. Nunca imaginei que diria isso de uma série da CW, cujos hiatos eu, muito ao contrário, comemorava efusivamente na época em que eu acompanhava atrocidades como Arrow, The Flash e Supergirl. E essa é uma sensação maravilhosa, a prova cabal do quanto a série vem funcionando para mim (e, pelos comentários que recebo aqui em minhas críticas, para muitos de vocês também) e se revelando como a melhor versão audiovisual do Superman depois do filme clássico do saudoso Richard Donner.

Claro que, depois do maravilhoso, irretocável, magnífico e emocionante A Brief Reminiscence In-Between Cataclysmic Events, não esperava que Through the Valley of Death chegasse próximo ao nível de qualidade, pois é comum uma queda acentuada quando um episódio tão bom de qualquer temporada vai ao ar. Mas, novamente, para minha completa felicidade, enganei-me mais uma vez, já que Todd Helbing, aparentemente, se recusa a deixar a peteca cair. Não que estejamos diante de outro capítulo perfeito, pois não é o caso, mas o que o roteiro de Katie Aldrin e Michael Narducci entregam, logo depois que o plano maior de Morgan Edge é frustrado, é muito mais do que eu esperava.

Mas deixem-me começar pelos aspectos negativos do episódio. O mais óbvio deles é a primeira conexão explícita com o chamado Arrowverse, com a chegada aleatória de John Diggle (David Ramsey) para entregar alguns componentes para a arma que John Henry Irons constrói para acabar com o Superman. Não só a presença dele não acrescenta absolutamente nada de útil à trama, como ele me fez lembrar das tais malditas outras séries desse multiverso desnecessariamente. Pelo menos – e aqui sou eu catando aspecto positivo dentro do negativo – ficou mais do que confirmado que não foi para esse John inútil que Lois ligara no final do episódio anterior.

O outro ponto negativo, mas que só é potencialmente negativo para aqueles que ainda não tiverem comprado o ritmo com que as ameaças são lidadas nos episódios da série, é justamente a velocidade com que Kal-El consegue se livrar da dominação pela “alma” de Zod, no bom e velho estilo do “lembre-se quem você é, quem você ama” que eu acho que já vi em pelo menos um milhão de séries e filmes por aí. Tudo pareceu muito fácil, por assim dizer, de certa forma criando uma sucessão que clímaces envolvendo Morgan Edge até que um eventual mega-clímax venha em algum dos três episódios restantes. Tenho para mim, porém, que essas resoluções obedecem a uma lógica de “quadrinhos antigos” que a série privilegia, em que todas as ameaças são resolvidas em algumas páginas, pelo que consigo aceitar, ainda que com reservas, claro, essa escolha.

Feitas as ressalvas, o episódio funciona de maneira muito redonda, valendo especial destaque para a forma como o drama de Kyle, agora odiado pelos habitantes da cidade por ele ter sido o grande apoiador de Morgan Edge, é trabalhado. Óbvio que a reação de seus amigos e conhecidos é extremada e injusta, mas o importante é que ela é perfeitamente crível, especialmente nos dias de hoje em que as pessoas são, basicamente, 8 ou 80, sem nenhuma gradação, sem nenhuma vontade de entender o meio do caminho. E isso acontece também perante nós, os espectadores, pois Kyle, justamente por ser cega, mas benignamente do lado de Edge desde o começo, tinha esse verniz de “vilão” (bem entre aspas!) ou de persona non grata de quem olha de fora para dentro da série, com o jogo sendo virado de cabeça para baixo agora, e o mesmo personagem passando a vítima e gerando aquela necessária empatia, algo que o final dele brincando com Lana e Sarah em frente de casa durante a limpeza da pichação imediatamente cria, isso se o espectador já não tivesse se convencido antes.

A recusa do roteiro em varrer essa questão para debaixo do tapete, como se ela não tivesse acontecido, fazendo Smallville ainda sofrer pelo que Edge fez e descontando em cima de Kyle é um dos exemplos do que faz essa série ser o que é. O ponto nodal de toda a premissa é a vida “comum”, a vida em família do Superman e isso necessariamente envolve aqueles com quem ele tem mais contato e ver Kyle nessa sinuca de bico cria a exata impressão de que não são só os protagonistas que têm destaque por aqui.

Mas, falando neles, com Kal-El sendo controlado por Zod, o destaque fica mais uma vez em Lois Lane e sua absoluta recusa em acreditar que seu marido se bandearia para o lado vilanesco assim tão facilmente como seu pai e John Henry Irons acham. Sua crença em Clark Kent é sensacional, genuína e emocionante, algo que Elizabeth Tulloch demonstra em mais uma atuação fora de série. O momento que mais destaco é quando Lois decide revelar a identidade secreta do Superman para Irons de forma a mostrar o porquê de ela acreditar em Clark irrestritamente. Momento breve, mas muito eficiente, especialmente diante da reação ainda fria de Irons, que compreensivelmente só enxerga o Superman do Mal que assassinou sua Lois e dizimou seu planeta.

Os gêmeos também fora muito bem utilizados. Jonathan mostra cabeça fria e capacidade de racionar sob pressão, fazendo com que Jordan use seus ainda descontrolados poderes para localizar o pai. Por um momento, achei que o jovem perturbado iria “magicamente” ganhar controle de sua super-audição, mas, mais uma vez, estava enganado. O roteiro dificulta a coisa toda e só torna possível seu sucesso quando o pai, desesperado, chama pelo filho, em outro momento de emoção. Afinal, não é sempre que vemos o Superman pedindo socorro, desesperado, especialmente a um de seus filhos, potencialmente colocando-o na linha de fogo. Novamente, porém, isso é a série colocando a família à frente dos heroísmos simplificados de muitas outras obras por aí.

E a cereja no bolo foi mais uma boa sessão de pancadaria com CGI eficiente que leva à deszodificação do Superman, aquela que achei um tanto quanto rápida e simples demais, mas que relevei até certo ponto. Irons com sua armadura e martelo de Aço confirma-se como um rival formidável mesmo de kryptonianos e provavelmente permanecerá na série por muito mais tempo, especialmente se lembrarmos que, antes de receber a ligação de Lois, o episódio nos mostra que ele estava atrás da versão de sua irmã neste universo. Será que alguma hora ele ganhará o escudo da casa El para colocar no peito como sua contrapartida dos quadrinhos? Seria sensacional.

Through the Valley of Death mostra-se um excelente retorno da série para sua estirada final que, infelizmente, contará com mais um hiato depois do próximo episódio. Mas, se é para a temporada continuar no nível em que está, não tenho absolutamente nada a reclamar!

Superman & Lois – 1X12: Through the Valley of Death (EUA, 13 de julho de 2021)
Criação: Greg Berlanti, Todd Helbing
Direção: Alexandra La Roche
Roteiro: Katie Aldrin, Michael Narducci
Elenco: Tyler Hoechlin, Elizabeth Tulloch, Jordan Elsass, Alex Garfin, Erik Valdez, Inde Navarrette, Wolé Parks, Dylan Walsh, Emmanuelle Chriqui, Michele Scarabelli, Fred Henderson, Fritzy Clevens-Destiny, Dylan Kingwell, Wern Lee, Tayler Buck, David Ramsey
Duração: 42 min.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais