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Crítica | Superman & Lois – 1X09: Loyal Subjekts

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Existem as surpresas boas, bem construídas, que conseguem convencer de imediato o espectador quando acontecem e existem as surpresas estranhas, que parecem, pelo menos em um primeiro olhar, forçadas e retiradas completamente da cartola. A revelação, em Man of Steel, que o Capitão Luthor, na verdade, era John Henry Irons é a reviravolta do primeiro tipo, que usa o episódio em que acontece para envelopá-la e aninhá-la completamente dentro da lógica do que é estabelecido. Por outro lado, Morgan Edge ser um kryptoniano é algo que se encaixa mais no segundo tipo de surpresa, especialmente se ele realmente tiver chegado à Terra na mesma época que Kal-El, tendo permanecido incógnito todas essas décadas (e nem digo que ele é mesmo irmão do Superman, pois o uso da palavra pareceu-me mais metafórico, no sentido de compatriota, do que literal, ainda que, claro, tudo seja possível).

No entanto, é relevante salientar que fui cuidadoso ao não dizer que o segundo tipo de surpresa é ruim aqui. Usei o adjetivo “estranho” propositalmente, já que, na verdade, há também a surpresa ruim mesmo em muitos filmes e séries, o que não me parece ser o caso aqui, pelo menos não assim de cara. Diria que Morgan Edge ser do mesmo planeta que o Azulão pode ter uma explicação interessante e lógica já no próximo episódio, que amplie a mitologia da série por caminhos interessantes. A questão, portanto, fica sub judice, aguardando desenvolvimentos futuros que imagino não demorarão a vir, já que o grande vilão resolveu revelar-se de vez, o que torna bastante difícil o retorno à normalidade completa.

Seja como for, um pouco da sutileza da temporada vai por água abaixo. Uma coisa é um magnata louco querendo criar um exército de kryptonianos para seus propósitos nefastos, outra bem diferente é um kryptoniano querendo – e aí eu já extrapolo com base nos quadrinhos e no longa de 2013 de Zack Snyder – transformar a Terra em uma Nova Krypton, com os humanos servindo de hospedeiros para as consciências de seus compatriotas. Aquela intimidade inerente que é o sustentáculo, o diferencial de Superman & Lois começa a ser perigosamente deixada de lado, para abrir espaço para os super conflitos de larga escala que são as eternas e repetidas soluções para um problema clássico do Superman, ou seja, o fato de ele talvez ser poderoso demais para tramas em que ele tem que salvar gatinhos presos em uma árvore.

Obviamente que ainda é cedo para julgar e o episódio em si, se abstrairmos das questões que tratei acima, é muito interessante por focar no processo investigativo de Lois Lane, com ajuda de Clark, Lana e Chrissy, em um bem orquestrado e, principalmente, bem dirigido trabalho de equipe que leva a resultados concretos e estabelece a importância de Smallville para Edge (ou seja lá qual for o nome hifenizado verdadeiro dele – Dru-Zod, talvez?). Agora, porém, que todos os segredos foram revelados, provavelmente não teremos mais a oportunidade, pelo menos neste ano inaugural, de ver algo semelhante acontecendo.

Igualmente, o roteiro consegue se aproveitar do gás de kryptonita sintético que é usado contra o Superman no episódio anterior para continuar a ótima discussão sobre a criação de armas anti-Superman como parte de um processo preventivo de defesa. Pessoalmente, tenho para mim que a posição do general Samuel Lane é perfeitamente razoável, algo que inclusive é comprovado pelos dois pseudo-kryptonianos que atacam Lois e Jon. Sem o gás, mãe e filho teriam virado frangos de padaria ali na fazenda Kent, o que comprova que armas desse naipe são essenciais para criar uma linha de defesa minimamente razoável contra seres assim, havendo ou não laços de família entre o general e o “alvo”.

Confesso que não gostei muito do assalto aleatório no México que serve de gatilho para a revelação de que o gás continuou fazendo efeito e que contaminou até mesmo Jordan, ativando seu “bafo gelado” (de todos os poderes do Superman, sempre achei esse o mais completamente sem nexo) e fazendo-o abandonar Sarah em momento importante. Tudo poderia ter sido feito “em casa”, sem precisar deslocar Clark para lidar com uma missão mais do que conveniente que existe exclusivamente para permitir que essa narrativa avance. Seja como for, descontando-se o assalto (que, em si, foi uma sequência boa), toda a discussão gerada a partir daí é mais do que frutífera e segura bem o episódio, assim como a surpresa que não é surpresa que Kyle sucumbiu ao canto da sereia de Edge.

Agora é esperar para ver como é que Morgan Edge será explicado e contextualizado. Isso será chave para fazer o vilão funcionar de verdade e a surpresa estranha converter-se em boa, de preferência (por favor!) sem subverter toda a construção da temporada até agora que gira em torno das questões de família de Clark Kent e não de grandes empreitadas destruidoras e megalômanas de vilões mega-poderosos. O legado kryptoniano de Edge precisará conversar muito bem com o de Kal-El e alguma solução mais “caseira” terá que ser dada ao conflito para que Superman & Lois não dê uma rasteira imensa nos espectadores. Veremos!

Superman & Lois – 1X09: Loyal Subjekts (EUA, 08 de junho de 2021)
Criação: Greg Berlanti, Todd Helbing
Direção: Eric Dean Seaton
Roteiro: Andrew N. Wong
Elenco: Tyler Hoechlin, Elizabeth Tulloch, Jordan Elsass, Alex Garfin, Erik Valdez, Inde Navarrette, Wolé Parks, Dylan Walsh, Emmanuelle Chriqui, Michele Scarabelli, Fred Henderson, Fritzy Clevens-Destiny, Dylan Kingwell, Wern Lee, Tayler Buck
Duração: 44 min.

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