Home QuadrinhosArco Crítica | Superman: Ascensão de Metallo (Action Comics #1051-1056)

Crítica | Superman: Ascensão de Metallo (Action Comics #1051-1056)

Ódio e chantagem.

por Luiz Santiago
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Vou me abster de tecer qualquer tipo de comentário contextualizador ou explicativo sobre a trajetória do Superman e sua família até esta Aurora da DC, da qual o presente arco faz parte. Há tempos que eu deixei de me preocupar com isso e, eventualmente, ao pegar quadrinhos de bonequinho para ler (uma raridade, normalmente parte de meus surtos temporários de leituras, como vocês já perceberam), adoto a direta linha crítica que vale para qualquer obra de arte: se uma produção não é capaz de se sustentar e se fazer entender sozinha, ela não é uma boa produção. Ponto. Simples assim. Dito isto, vamos aos aspectos centrais dessa história bacaninha escrita por Phillip Kennedy Johnson para a Action Comics em 2023.

Ascensão de Metallo tem uma linha familiar que perdura durante todo o arco. Ao mesmo tempo que expõe um dos muitos infames sinais do nosso tempo (racismo e xenofobia), vemos que o roteiro foi pensado para colocar uma família inteira em combate, tendo, na outra ponta, também uma formação familiar em evidência. Do lado dos mocinhos, além dos cameos de Kelex e Krypto, temos a Casa El bem cheia durante as seis edições, numa formação geral que é utilizada de forma mais ou menos orgânica em cada etapa da luta contra Metallo, a organização racista/xenofóbica “Terra Azul” e o não-nomeado Superman Cyborg da parte final da aventura. Gosto dessa dualidade entre famílias, mas especialmente na sexta revista, o roteiro se distancia consideravelmente dessa proposta, estando muito mais preocupado em fazer propaganda da próxima edição do que encerrar o arco de forma sólida.

O grande time em cena é formado por Superman (Clark Kent), acompanhado de sua esposa Lois Lane e dos seguintes familiares e agregados: Superboy (Conner Kent), Superman (Jon Kent), Supergirl (Kara Zor-El), os “super-gêmeos” recém-adotados Osul-Ra e Otho-Ra, Aço (John Henry Irons II), Aço II (Natasha Irons) e Super-Man (Kong Kenan). Sim, é muita gente, mas surpreendentemente o texto não se atrapalha ao lidar com esse povo todo. O maior problema é a repentina mudança de tom em relação ao que está sendo narrado, o que acaba refletindo, como se deve imaginar, nos diálogos e na apresentação dos personagens. Além disso, o autor perde tempo criando um drama fraco e de vida curtíssima ao mostrar Jon com ciúme mal disfarçado dos irmãos adotivos. Isso poderia ser algo legal num enredo do Azulão? Sim, mas não neste enredo. Há muita coisa para se preocupar aqui, como uma organização extremista que vê nos refugiados alienígenas figuras que devem ser exterminadas (me lembrou o enredo de Superman e a Legião dos Super-Heróis!) e um Metallo manipulado e alucinado que precisa ser contido. Perder tempo com uma abordagem sentimental sem maiores compensações para a trama é um tiro no pé.

Acredito, porém, que o maior erro esteja na última edição, e acrescento também a arte de Rafa Sandoval e Max Raynor nesse pacote. Enquanto toda a saga trabalha de forma aceitável os blocos narrativos com a Superfamília — cada grupo lidando com diferentes ameaças, em lugares distintos –, a edição final não consegue explorar bem o tempo, abandona quase todo o tom familiar e adota um caminho de resolução que só seria realmente marcante se fosse numa aventura solo do Super. Aqui, pareceu destoar, assim como a aposta dobrada que vemos na página final, com a aparição da figura que está por trás dos extremistas e a promessa de maior massacre por vir. A temática é contemporânea e necessária, mas tem uma carinha forçada no roteiro. Penso que, se não houvesse tanta pressa, a ideia poderia ser melhor trabalhada a longo prazo, com a crítica conseguindo melhor sustentáculo e não parecendo quase bobinha e restrita. Ainda assim, Ascensão de Metallo é uma história bacana de ler, principalmente as edições do meio. Marca a nova fase do Superman e sua família na DC Comics e, mesmo que não ofereça nada que verdadeiramente excite, ao menos não tem o fator repulsa que não raramente se apresenta em HQs contemporâneas de bonequinhos.

Superman: Ascensão de Metallo (Action Comics #1051-1056: Rise of Metallo) — EUA, março a agosto de 2023
No Brasil:
Superman – 6ª Série/Panini – #1 a 6 (Aurora da DC)
Roteiro: Phillip Kennedy Johnson
Arte: Rafa Sandoval, Max Raynor
Arte-final: Rafa Sandoval, Max Raynor
Cores: Matt Herms
Letras: Dave Sharpe
Capas: Steve Beach, Sebastian Fiumara
Editoria: Jillian Grant, Paul Kaminski
161 páginas

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