Supergirl não começou tão bem quanto era o esperado. O episódio piloto vazou meses antes da estréia original e a emissora teve que lidar com todos os comentários e se manter firme na decisão de não alterar nada.
Bem, não tenho como tecer um comparativo entre os dois, mas posso afirmar que me surpreendi com o que vi.
O que para muitos pode parecer juvenil demais ou até feminino demais, é na verdade uma quebra de paradigmas estabelecidos há muito pela indústria do entretenimento, a qual todos consumimos vorazmente e sempre queremos mais e mais. Afinal, as séries com super-heróinas costumavam fazer sucesso na época dos nossos pais. Sem mencionar clássicos como As Panteras e Golden Girls. Entretanto, em pleno século 21, parece que o papel da mulher nesse cenário ficou limitado a ser a sidekick gostosa e que salva a pele dos heróis em dados momentos (oi para a Viúva Negra, Maria Hill e mais recentemente, Feiticeira Escarlate. Se bobear, Mulher Maravilha vai entrar nessa dança também!).
Logo, uma série que foque nos percalços de uma heróina em descobrir seu verdadeiro valor perante uma sociedade acostumada ao seu primo popular e carismático tem mais é que ser bem recebida.
Tem falhas? Sim. Muitas. Mas, é só o primeiro episódio. Qual série parece promissora em apenas um único episódio?
Kara nasceu e cresceu com o único propósito de proteger o primo Kal-El, que, vocês sabem, se torna o Superman. Acontece que algo deu errado na decolagem da nave e ela ficou presa na Zona Fantasma. Quando chegou à Terra, seu primo já havia se tornado o herói e ela não mais possuía uma missão. O que fazer? Kara então aprendeu a se adaptar e ser apenas mais uma na multidão, nada de poderes. Mas, algo dentro dela dizia que poderia ser bem mais do que isso. Afinal, o mundo sempre precisa de mais heróis. E quando a oportunidade perfeita aparece, por que não utiliza-la? Mas, sem qualquer prática, a vida de heroína se mostra mais complicada do que parece e Kara precisará lidar com tudo de frente.
O ritmo do episódio é acelerado e tudo acontece meio que em um relâmpago, o que prejudica bastante o conteúdo do roteiro e a apresentação de personagens. Alguns núcleos são dispensáveis e há uma clara necessidade de enxugar a base da trama e torná-la mais crível e não tão amadora.
Melissa Benoist, apesar da minha inicial relutância com a escalação da xará, adequa-se bem ao papel criado para ela e é a única que parece entender o que está fazendo no episódio inteiro. Outro ponto acertado foi a escalação de Helen Slater e Dean Cain para o papel dos pais de Kara e Alex. Mesmo em se tratando de pequenas participações, é sempre bom ver as séries atuais e seus criadores honrando aqueles que já interpretaram o papel anteriormente (Slater foi a Supergirl do filme de 1984 e Cain, claro, o Superman da série de TV Lois & Clark), como no caso de The Flash, por exemplo.
Infelizmente, o restante acaba caindo numa rede enorme de clichês, que, espero, tenham sido todos sanados nesse episódio para enfim seguir em frente como deve ser.
Agora, se esperam uma Supergirl porradeira, sem qualquer medo de enfrentar os inimigos e, principalmente, o total oposto de seu primo, talvez essa série não seja para você. A proposta aqui é atrair um público que aos poucos vem crescendo exponencialmente e precisa de personagens fortes para se espelhar. Kara é tímida, insegura e determinada, forte e com princípios e valores bem estabelecidos. Ela é uma mulher que também é uma heroína e isso é Supergirl, desconstruir a personagem e torná-la mais humana.
Supergirl 1X01: Piloto (EUA, 2015)
Showrunner: Andrew Kreisberg, Greg Berlanti e Ali Adler
Direção: Glen Winter
Roteiro: Greg Berlanti, Ali Adler, Andrew Kreisberg
Elenco: Melissa Benoist, Mehcad Brooks, Chyler Leigh, Jeremy Jordan, David Harewood, Calista Flockhart, Dean Cain, Laura Benanti, Helen Slater, Owain Yeoman, Faran Tahir, Ben Begley, Robert Grant, Malina Weissman
Duração: 43 min.