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Crítica | Super Vicki – 1X01: A Chegada de Vicki

Uma androide na família.

por Ritter Fan
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Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna semanal dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 4
Número de episódios: 96
Período de exibição: 07 de setembro de 1985 a 20 de maio de 1989
Há continuação ou reboot?: Não.

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Howard Leeds, entre 1964 e 1965, produziu a sitcom My Living Doll, estrelada por Robert “Bob” Cummings, que trabalhara em dois longas de Alfred Hitchcock, Sabotador e Disque M para Matar, e Julie Newmar, certamente mais conhecida como a primeira Mulher Gato, antagonista do Batman nas duas primeiras temporadas da série sessentista, e, certamente daí, tirou a inspiração para Super Vicki, que viria a criar, produzir e escrever 20 anos depois, trocando uma androide adulta por uma androide criança. Nada como cometer um pequeno ato de plágio ou, como dizem, por aí, aproveitamento de ideias não passíveis de proteção por direitos autorais.

Como era e continua sendo muito comum, Super Vicki provavelmente surgiu para surfar na onda do sucesso de Arnold Schwarzenegger como o vilão de O Exterminador do Futuro um ano antes, ainda que as semelhanças parem no fato de haver uma androide na sitcom, claro, pois não poderia haver nada mais “família” do que a (re)criação de Leeds que usa o clássico tropo da perfeita família americana para inserir um elemento “estranho” em seu seio e usar isso como artifício para levar a situações cômicas, como, por exemplo, a forma de vida alienígena em Alf, o ETeimoso e tantas outras. Apesar de ter de certa forma marcado sua época e de ter feito enorme sucesso no Brasil, Super Vicki é uma daquelas obras que não resistem ao teste do tempo.

Algo que um jovem nos anos oitenta (como eu, que via essa série sempre que passava na TV) não perceberia mas que, hoje, fica patente ao fazer comparação entre Super Vicki e outras sitcoms da mesma época, é o quanto ela deixa evidente que é de baixo orçamento. Não só os cenários – basicamente os aposentos da casa dos Lawson – são bem mais simples do que o padrão, como os momentos em que os elementos artificiais de Vicki são mostrados deixam evidente a economia. Pode parecer implicância, mas eu tenho revisitado diversas séries da mesma época e, apesar de saber muito bem que os orçamentos eram de fato apertados, em Super Vicki a situação é muito mais evidente. E eu poderia ser ainda mais “malvado” e dizer que a economia aconteceu, também, no roteiro do episódio piloto e na contratação de um elenco que é evidentemente mais fraco do que a média.

Eu poderia não. Eu posso. Infelizmente, Dick Christie como Ted Lawson, engenheiro de robótica que inventa Vicky, não tem nenhum timing cômico que não seja o de fazer cara de parvo toda vez que algo fora de compasso acontece. O menino Jerry Supiran, que vive Jamie, filho de Ted, é ligeiramente melhor, mas todo o seu humor restringe-se a uma sucessão de “tiradas” que ele trabalha quase que roboticamente (ah, a ironia…). Tiffany Brissette, que precisa ser robótica por viver Vicky, quase que literalmente não tem vida, algo muito diferente do androide de Schwarzenegger, algo que reputo como sendo muito mais culpa do roteiro fraco e cansado do que da atriz mirim. Aliás, no campo de jovens atores, quem se destaca mesmo é Emily Schulman como Harriet Brindle, a vizinha bisbilhoteira que gosta de Jamie, já que a menina consegue criar uma boa fusão entre uma espécie de vilã e uma personagem realmente humana. Algo semelhante acontece com Marla Pennington como Joan Lawson, esposa de Ted e mãe de Jamie, já que sua humanidade é bastante evidente logo de início ao compreender que Vicki é mais do que um objeto a ser guardado no armário de Jamie, somente para arrumar seu quarto quando ele assim determina.

Não que o piloto seja um desastre completo, pois não é. Há humor básico suficiente ali para sustentar a curiosa premissa que perigosamente resvala – mas só nesse início – em trabalho infantil e que leva a alguns bons momentos como quando tudo o que Jamie efetivamente vê em Vicki é alguém para fazer seus próprios afazeres domésticos ou como Vicki começa a mostrar traços de personalidade para além de sua programação que, claro, permite algumas piadas com base na pura literalidade das instruções que ela recebe. Tendo marcado ou não a juventude de muita gente, como foi o meu caso, o reaproveitamento de ideias de décadas anteriores que resultou em Super Vicki é um esforço menor de uma época que ofereceu muita coisa muito melhor nessa categoria televisiva.

Super Vicki – 1X01: A Chegada de Vicki (Small Wonder – 1X01: Vicki’s Homecoming – EUA, 07 de setembro de 1985)
Criação:
Howard Leeds
Direção: John Bowab
Roteiro: Howard Leeds
Elenco: Dick Christie, Marla Pennington, Jerry Supiran, Tiffany Brissette, Emily Schulman
Duração: 22 min. (cada episódio)

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