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Crítica | Stargirl – 3X06: The Betrayal

Você já provou lutefisk?

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Brec Bassinger tem ficado cada vez mais confortável em seu papel de Courtney Whitney, mas a jovem atriz ainda tem grande dificuldade de demonstrar sentimentos mais agudos, como grande alegria ou grande tristeza, sem fazer caretas que às vezes me fazem rir, outras me levam a sentir vergonha alheia. Em The Betrayal, episódio que exigiu mais de Bassinger nesse departamento, confesso que senti até aflição com o rosto contorcido da menina tentando o máximo nos convencer de sua tristeza ao ser rechaçada por seus colegas de equipe depois que Cindy revela a eles que Court vem ajudando Cameron a lidar com seus poderes gelados.

E não é nem que eu ache isso um problema sério, mas Stargirl – a série – tem um problema crônico parecido com esse da atriz, ou seja, a série tem dificuldades de lidar com os extremos e, nesta temporada, no lugar de investir de verdade no whodunit, de mergulhar na premissa que ensaiou em seu começo, parece ter introduzido essa estrutura somente para atrasar a revelação do grande culpado que, ao que tudo indica, é mesmo o caveiroso Senhor Bones que apareceu no episódio final da temporada anterior. Se não for ele montando um quebra-cabeças de caveira, a tendência é a coisa ficar ainda mais ridícula, considerando que todo o lado investigativo foi pela janela já há muito tempo para abrir espaço para outros dramas, seja o namoro de Court com Cameron, seja a mania de empilhar segredos de Cindy.

A temporada, que começou bem, agora está em crise de identidade e parece pronta a em breve revelar toda uma trama externa ao que vimos até agora no terceiro ano, provavelmente dando um jeito de, tardiamente, reintroduzir Jade na história (aos que estão no futuro e já viram o episódio seguinte, por favor não revelem nada nos comentários aqui embaixo) de forma a justificar a entrada efetiva do vilão ainda nas sombras. Ou seja, o potencialmente muito interessante whodunit parece não ter sido mais do que uma maneira em tese inteligente – mas verdadeiramente mequetrefe – de enrolar por seis episódios a grande revelação…

Mas eu posso estar errado e é possível que Geoff Johns encontre uma maneira lógica de justificar os caminhos tortuosos que usou até agora para chegar a esse ponto. Por isso é que deixarei de especular o que pode ser para falar no que é e The Betrayal tem duas inesperadas sequências carregadas de humor, mas não aquele tipo de humor capaz de levar a risadas de dar câimbras estomacais, e sim um mais sutil que tende a criar momentos embaraçosos que desembocam na comicidade.

A primeira delas é a cena em que Mike e Jakeem, munidos de flores e chocolates, insistem em tentar encantar Cindy e trazê-la para seu pequeno e informal grupo que, por enquanto, é apenas uma dupla e, mesmo assim apenas um deles com algum tipo de superpoder. O humor simples, com os dois levando um sonoro “não” seguido de uma porta na cara de uma Cindy claramente se divertindo ao rejeitar os garotos, é pura diversão boba e nonsense, com a sequência seguinte, com os dois tentando obter conselhos de Zeek funcionando como um belo arremate. A segunda sequência que vale menção – e é melhor ainda – é a visita completamente do nada que Pat e Barbara fazem a Sofus e Lily Mahkent, pais do falecido Geada e avós de Cameron, além de eles próprios hilários vilões da terceira idade com direito a poderes congelantes e a diálogos assassinos em norueguês. O objetivo é interceder na relação de Court com Cameron e o resultado é vergonhoso do começo ao fim e exatamente por isso muito divertido.

Infelizmente, porém, não posso dizer o mesmo do restante do episódio. Sim, a pancadaria entre Pantera e Cindy foi boa, já que a série já provou que sabe coreografar lutas e usar os exageros dos quadrinhos a seu favor, e sim, é hilário que um carro possa ser arremessado em meio a um bairro residencial, com uma personagem brilhante chegando do céu, e ninguém absolutamente ninguém – nenhum vizinho curioso – se toque de que está havendo uma luta de meta-humanos por ali, mas o problema é que tudo isso só serve mesmo para que mais uma vez a série use o artifício do “ai, ai, ai, estamos de mal com você por você ter guardado um segredo”. Será que a equipe de roteiristas não consegue encontrar alguma outra forma de lidar com adolescentes que não seja reduzi-los ao denominador comum do clichê de séries adolescentes? E olha que eu adoro a forma como a culpa cristã de Yolanda é sempre lembrada e reintroduzida e também como Cindy ocupa bem seu espaço dramático, mas mesmo esses elementos ficaram soltos e perdidos aqui, especialmente porque o resultado de toda cizânia foi um longo e cansado discurso de Sylvester para Courtney (in)devidamente entreouvido por Pat que parece sentir um misto de orgulho (de Sylvester) e ciúmes (de Court).

Bem, minha esperança é que, agora que a quase que completamente inútil Beth finalmente descobriu que todos estão sendo vigiados, a trama acelere o passo e introduza logo o grande vilão – se minhas suspeitas estiverem certas, claro – unificando a temporada anterior com a atual de maneira relevante e não forçada como as expressões de alegria ou tristeza de Court, até porque há toda a trama do futuro Geada II que simplesmente não pode demorar muito a desabrochar, com a tendência de bagunçar o coreto narrativo da série ao trazer um certo caos para sua segunda metade.

Stargirl – 3X06: The Betrayal (EUA, 12 de outubro de 2022 nos EUA e 20 de outubro de 2022 no Brasil)
Showrunner: Geoff Johns
Direção: Lea Thompson
Roteiro: Alfredo Septién, Turi Meyer
Elenco: Brec Bassinger, Luke Wilson, Yvette Monreal, Anjelika Washington, Cameron Gellman, Trae Romano, Meg DeLacy, Amy Smart, Hunter Sansone, Nick Tarabay, Ysa Penarejo, Joel McHale, Stella Smith, King Orba, Milo Stein, Jonathan Cake, Alex Collins, Keith David, Alex Collins, Kay Galvin, Jim France
Duração: 42 min.

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