- Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.
O penúltimo capítulo de Summer School faz aquilo que todos nós esperávamos que fizesse: reúne os membros da nova Sociedade da Justiça, além de alguns outros agregados, em preparação à luta contra o poderoso e sinistro – na forma de Bruce, lógico – Eclipso. O que acabou sendo uma surpresa é que o episódio, que tinha tudo para ser bom, mas não mais do que apenas burocrático, foi além do que “precisava” oferecer, o que acabou resultando em mais outro acerto desta temporada cheia deles, o que já a coloca bem acima do nível não mais do que mediano do ano inaugural.
E não é que o Capítulo Doze seja fora desse mundo ou que fuja muito do padrão do que podemos aguardar de narrativas do tipo, mas sim que o roteiro de James Dale Robinson lida com carinho com cada personagem ao passo que a direção de Greg Beeman equilibra o tempo de tela de cada um deles e costura as diversas linhas narrativas paralelas – todas com o mesmo objetivo – de maneira muito cadenciada e gostosa de assistir. É basicamente a prova de que não são necessárias invencionices ou grande revelações para que um episódio preparatório funcione de verdade, sem parecer pura enrolação.
São os momentos prosaicos intercalados com os mais sérios ou interessantes que fazem o episódio funcionar de verdade. Um exemplo disso é a alegria esfuziante de Beth Chapel ao finalmente encontrar-se com o Dr. Meia-Noite original, com os dois logo estabelecendo uma parceria investigativa para mais uma vez descobrir o paradeiro de Eclipso. Não há nada nisso além de uma personagem que sempre pareceu deslocada na série sendo a simpatia que ela sempre foi interagindo com Charles McNider, que basicamente acabou de entrar na série (e que eu havia esquecido que era cego!), um homem fora de seu tempo que perdeu sua filha há muitos anos. Impossível não abrir um sorriso na hora.
Outro exemplo, este ainda mais cotidiano, foi a sequência de Mike recrutando Jakeem Williams para a batalha. Deixando a conveniência de Relâmpago estar aparentemente na China tentando cumprir o desejo de seu “amo” de lado, temos uma cena entre dois amigos em que um revela ter uma conexão maior do que apenas interesseira no “gênio da caneta rosa” e o outro mostra maturidade em aceitar o fato e simplesmente trabalhar para mostrar que Jakeem e Relâmpago são necessários, tudo enquanto os dois lavam a louça da casa. Novamente, impossível não sorrir.
Mas há, também, os lados mais sérios do episódio. O melhor deles, para mim, foi toda a construção – já esperada, que fique claro – da cena do hospital entre Pat e o tio de Rick, em que o sempre diplomático ex-sidekick (ou será que eu deveria dizer “eterno sidekick“?) primeiro tenta convencer Matt, na conversa, a desistir das acusações contra o sobrinho, somente para, depois, ele partir para métodos mais… digamos… convincentes, o que exige a boa e velha porta trancada e a melhor ainda e mais velha ainda persiana fechada. O que Pat fez – pode ter sido apenas cócegas em Matt, vejam bem – não interessa, pois Rick sai livre no momento seguinte para partir para reconstruir a ampulheta do Homem-Hora, tarefa essa que muito provavelmente será como montar um não muito complexo conjunto de Lego (mais conveniência, claro).
Obviamente que Cindy ajudando Court a reatar com Yolanda foi um momento precioso que só reitera o quanto essa personagem faz bem para a série. Court tenta da maneira direta trazer sua melhor amiga de volta à equipe e ao uniforme de Ted Grant, falhando miseravelmente e abrindo espaço para Cindy usar a psicologia reversa e meramente revelar-se como aliada da equipe para que Yolanda retorne correndo, mas deixando claro que é só para essa missão, o que, obviamente, sabemos que não será o caso. Foi um excelente uso da vilã, assim como de Yolanda que não simplesmente apaga seu trauma da cabeça, mas sim apenas deixa sua preocupação com os amigos – e a raiva que sente de Cindy – falar mais alto.
Houve até mesmo tempo para Barbara ouvir a voz de Penumbra (será que ele volta já agora?), Cindy chamar alguns amigos de volta (imagino que Artemis seja um deles) e Court ter uma conversa com a mãe com base no que a versão sombria dela disse sobre os sacrifícios que fez para cuidar da filha. E, claro, temos Jenny sendo dominada pela gosma das Terras Sombrias e tendo visões sobre o futuro da SJA, mas sem deixar muito claro se ela agora é um peão de Eclipso ou se, ao contrário, ela tem uma vantagem sobre o vilão. No final das contas, Beeman realmente demonstrou, mais uma vez (ele dirigiu o episódio final da primeira temporada), saber lidar com vários núcleos simultâneos, mesmo sem recorrer a momentos de ação propriamente ditos, o que parece ficar reservado para o grande team-up do capítulo de encerramento de Summer School e que promete ser muito divertido. Agora, é só aguardar o capítulo de encerramento!
Stargirl – 2X12: Summer School – Chapter Twelve (EUA, 26 de outubro de 2021)
Showrunner: Geoff Johns
Direção: Greg Beeman
Roteiro: James Dale Robinson
Elenco: Brec Bassinger, Luke Wilson, Yvette Monreal, Anjelika Washington, Cameron Gellman, Trae Romano, Meg DeLacy, Amy Smart, Hunter Sansone, Nick Tarabay, Ysa Penarejo, Joel McHale, Stella Smith, King Orba, Milo Stein, Jonathan Cake, Alex Collins
Duração: 38 min.