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Crítica | Stargirl – 1X09: Brainwave

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

E Stargirl continua a onda de bons episódios focados em vilões e candidatos a vilões com Brainwave que, apesar de não ter “parte” no título como os anteriores focados em Shiv, parece ser o primeiro de dois capítulos fortemente conectados pela relação pai e filho entre Henry King, o Onda Mental, e Henry King Jr., o futuro Onda Mental II. Apesar de o título referenciar o pai em contraste com o próximo, que usa “Jr.” ao final, o que o roteiro de Colleen McGuinness desenvolve é o drama do filho, mesmo que, para isso, faça uso de um preâmbulo de “décadas atrás” que revela muito rapidamente a origem do pai, algo que o filho assiste na coleção de fitas VHS que ele acha no armário secreto de sua casa.

Não é um episódio daqueles de arregalar os olhos em termos de acontecimentos incríveis. Na verdade, ele não contém sequer uma sequência de ação completa, só aqueles dez segundos com a Pantera procurando briga. McGuinness joga um jogo tranquilo, mas preciso, trabalhando Henry sem aquele afã de ver o jovem já decidido e uniformizado a toque de caixa, mas também sem reinventar a roda. A ambiguidade é mantida constantemente, algo que reflete inclusive os quadrinhos, já que o segundo Onda Mental, apesar de originalmente ser um herói, oscila entre vilania e boa-mocice não muito tempo depois. Com isso, mesmo que muitos possam torcer o nariz para a decisão de Courtney de arregimentá-lo para seu lado, especialmente considerando que o poder de Henry é justamente ler mentes e que Court deixou o pai dele em coma (sim, minha reação também foi revirar os olhos para a burrice dela), não é algo completamente fora de esquadro, até porque mais ninguém, nem mesmo Pat, parece ser capaz de oferecer alternativas imediatas para lidar com a presença da Liga da Injustiça na cidadezinha de Blue Valley.

E o melhor de tudo nessa origem lenta do Onda Mental II é que Jake Austin Walker tem tempo para mostrar que ele é mais do que um novato que se acha ator. A direção de Tamra Davis é muito eficiente em extrair do jovem um trabalho dramático interessante e intenso que consegue deixar seu sofrimento à flor da pele. É, potencialmente, o melhor ator jovem da série toda até agora, ainda que obviamente seja cedo demais para esse tipo de afirmação, até porque “fantasia de super-herói” tende a estragar toda a latitude dramática dos atores…

O jantar na casa de Court, por seu turno, não tem a mesma qualidade. Continua sendo divertido em razão da surreal reza em norueguês que invoca Niflheim, um dos Nove Reinos da Mitologia Nórdica e lar dos Gigantes de Gelo e dos comentários em norueguês da avó de Cameron, mas toda a patetice de Court é um pouco desconcertante demais, além de sua brilhante dedução sobre quem efetivamente é  Jordan Mahkent com base em uma travessa quente. Sei que toda a sequência é harmônica com muito da leveza da série, mas o problema é que ela não é constantemente leve como talvez devesse ser e descambar para um semi-pastelão não é sempre a melhor solução e, aqui, a quebra do foco em Henry Jr. desaponta um pouco. Por outro lado, foi interessante mais uma mini-revelação sobre o passado de Pat, de que ele lutara ao lado dos Sete Soldados da Vitória, algo que obviamente deveria ter sido abordado antes e de maneira menos críptica, mas antes tarde do que nunca.

Mas o que realmente desaponta é o plano da Nova América que finalmente é abordado novamente, depois de sei-lá-quantos episódios sem nenhum sinal dele. A questão é que a sequência em que o Dr. Ito vai conversar com a Liga da Injustiça é absoluta e completamente patética. Tudo mesmo. De sua chegada comicamente imponente à távola redonda, aos comentários engraçadinhos do Mestre dos Esportes, da licença para sentar só para no exato segundo seguinte ele levantar e, claro, o vislumbre do grande plano: controle mental da chamada Middle America. Controle mental? Sério que é esse o grande lance dos vilões que estão há anos para implementar? Eu realmente espero que a coisa seja um pouquinho mais complexa do que isso e que haja camadas e etapas nesse projeto vilanesco de dominação do elenco de Amargo Pesadelo.

Stargirl vem provando repetidamente que, quando arregaça as mangas para lidar com o desenvolvimento dramático de seus personagens (o que parece ser uma regalia exclusiva dos vilões), o resultado é sempre bom. O mundo adolescente que vem sendo criado tem potencial, mas ainda falta crescimento homogêneo da série como um todo.

Stargirl – 1X09: Brainwave (EUA, 13 de julho de 2020)
Showrunners: Geoff Johns, Greg Berlanti
Direção: Tamra Davis
Roteiro: Colleen McGuinness
Elenco: Brec Bassinger, Luke Wilson, Yvette Monreal, Anjelika Washington, Christian Adam, Trae Romano, Meg DeLacy, Jake Austin Walker, Neil Jackson, Christopher James Baker, Amy Smart, Hunter Sansone, Henry Thomas, Eric Goins, Neil Hopkins, Joy Osmanski, Hina Khan, Mark Ashworth, Nelson Lee
Duração: 41 min.

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