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Crítica | Stargirl – 1X04: Wildcat

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

De que adianta tentar chocar os espectadores com a morte de um adolescente pelas mãos do grande vilão da série se essa morte mal é mencionada no episódio seguinte como elemento transformador ou como algo que valha mais do que duas ou três linhas de diálogo? Claro que Wildcat existe para servir de história de origem para Pantera, mas foi desapontador ver que, aparentemente, tudo mais que existe ao redor teve que ser quase que completamente emudecido.

Não sei quanto tempo uma série fica em gestação e o quanto os showrunners discutem sua construção, mas independente do tipo de pegada que queiram dar a determinada história, costuma ser importante a lógica interna. Repetir o quão foi prematura a morte de Cameron e Jordan no episódio anterior é desnecessário, mas essa escolha repentina e deslocada acontece novamente aqui, só que de outra maneira. Vimos Courtney furtar os uniformes e objetos dos integrantes da Sociedade da Justiça original com o objetivo de procurar substitutos para os heróis mortos, algo aparentemente banal e que pode ser feito meramente folheando o Livro do Ano da escola de Blue Valley. E, como se isso não bastasse, o roteiro de James Dale Robinson encaixa conveniência atrás de conveniência em uma sucessão mais do que preguiçosa para levar a jovem super-heroína à escolha da emburrada Yolanda Montez como a nova Pantera.

Ah, o crítico não entendeu que “a série foi feita dentro do espírito da Era de Ouro dos quadrinhos, em que isso acontecia com frequência”. Essa parece ser a desculpa padrão para que qualquer coisa seja aceita na temporada que, diga-se de passagem, não abraça essa leveza toda das HQs dos anos 30 aos anos 50 que muita gente defende. Ao longo de três episódios, nada – absolutamente nada – aprendemos sobre Yolanda a não ser seu ostracismo forçado pela valentona chefe da escola. Basta Courtney fazer bico e brigar com Pat dizendo que precisa encontrar candidatos para a nova SJA e voilà, eis que as tais conveniências de roteiro começam a ser derramadas.

E, claro, repetindo a estrutura do que foi feito com a própria Courtney, basta que Yolanda pratique algum tipo de esporte para que ela seja perfeita para o cargo, já que os poderes mesmo vêm do uniforme de Pantera (que faz literalmente tudo, mas não tem auto-limpeza), poderes esses que são facilmente absorvíveis por aparentemente quem quer que tenha a coragem de usar aquela máscara horrível (a segunda na série…). Afinal, subir paredes com garras retráteis deve ser muito fácil, assim como pendurar-se do teto em silêncio absoluto.

Estou sendo chato? Com certeza. Mas o que realmente quero dizer é que tudo isso poderia ser evitado se os episódios anteriores tivessem feito as introduções de maneira mais fluida e não compartimentalizando o assunto “nova Pantera” apenas em Wildcat. A sorte é que, mais uma vez, o tom de drama adolescente da série mostra-se acertado e bem feito, com Brec Bassinger estabelecendo uma boa química com Yvette Monreal e, mais do que isso, com o drama de Yolanda sendo atual e relevante, ainda que corrido demais. Trabalhar o bullying, invasão de privacidade, traição e rigidez excessiva da família em pouquíssimos minutos não é fácil e, mesmo considerando que teria sido bem melhor se as questões fossem devidamente espaçadas ao longo da temporada, o resultado final do episódio foi satisfatório nesse quesito.

Mas satisfatório não é suficiente. Assim como não é suficiente salpicar informações crípticas sobre o plano secreto da Nova América do Geada que, agora, conta com a ajuda do Rei Dragão, mais um personagem que surge do nada para o fã apontar o dedo e reconhecer seu vilão favorito naquele padrão de caça às referências que parece ser tudo o que importa hoje em dia. E é também insuficiente o trabalho com o CGI que começou bem nos dois primeiros episódios da série, derrapou em Icicle e, agora, parece que retrocedeu mais de 40 anos para produzir efeitos de escalada de parede que não são muito melhores do que na clássica série live-action do Homem-Aranha. Foi simplesmente constrangedor ver Pantera subindo a parede externa do hospital (isso sem contar na ilogicidade da coisa, já que bastaria Stargirl levá-la para cima usando o Centro Cósmico…).

Não há mais dúvidas de que o caminho de Stargirl será o de colocar a SJA Teen contra a SIA Teen e eu aceito isso de coração. O que é muito difícil aceitar são roteiros que tratam o espectador com a mesma inteligência que Courtney demonstra ter ao querer desligar o disjuntor de um hospital como distração…

Stargirl – 1X04: Wildcat (EUA, 08 de junho de 2020)
Showrunners: Geoff Johns, Greg Berlanti
Direção: Rob Hardy
Roteiro: James Dale Robinson
Elenco: Brec Bassinger, Luke Wilson, Yvette Monreal, Anjelika Washington, Christian Adam, Julia Armitage, Mark Ashworth, Christopher James Baker, Olivia Baughn, Elizabeth Bond, Sam Brooks, Meg DeLacy, Wil Deusner, Suehyla El-Attar, Lou Ferrigno Jr., Max Frantz, Cameron Gellman, Eric Goins, Neil Hopkins, Neil Jackson, Hina Khan, Joe Knezevich, Joel McHale, Joy Osmanski, Ashani Roberts, Trae Romano, Amy Smart, Stella Smith, Brian Stapf, Henry Thomas, Annie Thurman
Duração: 43 min.

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