- Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios da série.
Nesse penúltimo episódio, Ataque Relâmpago, há a tensão que te puxa para o final da série, mas os showrunners não conseguem evitar, nesse momento crítico, que a série seja um anexo narrativo de The Clone Wars. Ao mesmo tempo que uma conversa na floresta entre Rampart e Crosshair revela a mudança de mentalidade do clone, ao mesmo tempo mostra que no final todos estão seguindo a mesma ordem de Star Wars: lutar contra o Império. Volta-se o maniqueísmo, retorna no drama a sensação que a série é uma aventura que pode não fazer nenhum diferencial, apesar de Omega.
Não é a toa que o final do episódio termina com Omega determinando o gancho para o final. Se desde o começo da série ela era o diferencial tanto para nós espectadores quanto para o Esquadrão 99, ela deve ser a motivação total. A segunda temporada se torna um grande filler – embora eu defenda necessária – pois era focado mais nos clones anti-guerra. Mas quando voltamos ao combate direto contra o Império há um respiro para a ação, tensão e o clima Star Wars mais clássico. Porém, mediante ao legado do George Lucas – que comentei no texto do primeiro episódio – e os ajustes canônicos quanto ao A Ascenção Skywalker – a única coisa que torna The Bad Batch excepcional é o mistério envolta da clone criança recheada de midclorians.
Quando Crosshair fala para Wrecker que ele volta para a Tantiss por dever a Omega esse sacríficio que ela fez por ele, podemos fazer uma comparação interessante com o que ele responde a Rampart. É como se a série nem tentasse ir mais além, e seguisse a linha de Dave Filoni de trabalhar com o nicho, enquanto apresenta novas interpretações sobre os clones pós Guerra Clônica e a Força habitante entre eles. Ataque Relâmpago retoma isso com força, pela sua forma de contar a história e pela descoberta de Omega.
A forma narrativa do episódio é uma escalada de 3 segmentos: os clones na floresta fugindo dos stormtroopers; Echo invadindo as operações de Tantiss; Omega tentando escapar. De dentro para fora, vemos os acontecimentos com os personagens, seja fugindo, seja adentrando, seja investigando. Essa divisão acaba mostrando a maneira como a série adia conflitos para fazer tensão, naturalmente, mas vive numa constante planificação de ideias. O drama nunca vai fundo, apenas altera resultados para a história caminhar de maneira coesa.
Isso poderia ser bom se o Esquadrão 99 da primeira temporada demonstrasse mudanças radicais diante de tanto vai e vem. Visualmente eles estão de capacetes, como se para resgatar a humanidade deles concentrada em Omega eles necessitam voltar a serem parte de uma guerra, de serem os defeituosos das operações especiais. Porém, quando Omega encontra o que é provavelmente a fera Zilla – aparição em The Clone Wars -, a série parece só reciclar as mesmas ideias para que o canôn seja bem administrado.
Mesmo que o showrunner Brad Rau assuma o roteiro desses últimos episódios, engrenando por completo a missão e a tensão necessária para um bom terreno de season finale; talvez The Bad Batch entre num limbo do legado de George Lucas. Acabo entendendo melhor as reclamações do querido Ritter em suas críticas sobre a série mais perto se seu fim. Embora aprecie bem mais a busca de criar novas histórias, pequenas narrativas dentro desse universo tão grande, no final parece faltar criatividade.
Por fim, Ataque Relâmpago são como as crianças a espera de Omega voltar de sua empreitada para não serem pegas no flagra: perdidas. Elas sabem o que fazer, assim como Brad Rau e Jennifer Cobertt sabem o que fazer com o material que em em mãos, mas não significa que sejam criativos para furar alguma bolha. É um privilégio haver essa série semanal, algo para o fã e algo para desenvolver o canôn. No entanto, queria que a Omega pulasse as muralhas do desconhecido.
Star Wars: The Bad Batch – 3X14: Ataque Relâmpago (Star Wars: The Bad Batch – 3X14: Flash Strike – EUA, 24 de abril de 2024)
Criação: Dave Filoni
Direção: Nathaniel Villanueva
Roteiro: Brad Rau
Elenco: Dee Bradley Baker, Michelle Ang, Helen Sadler, Ivan Sinitsin, Jeffrey Boehm, Jimmi Simpson, Keisha Castle-Hughes, Matthew M Garcia, Naiya Singh Padilla, Noshir Dalal, Olwyn M. Whelan, Shelby Young, Stephen Stanton
Duração: 24 min.