- Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios da série. confinada
Essa última temporada de The Bad Batch surge envolta da seguinte venda: o fim do legado de George Lucas em Star Wars. Como continuação do último projeto de envolvimento direto de George Lucas – a animação Star Wars: The Clone Wars do Cartoon Network – o comentário vendível do dublador dos clones chamado Dee Bradley Baker cria uma chamada de atenção maior para os fãs assistirem o final da série, como também coloca a trama como fundamental no cânon de Star Wars. A franquia sempre se remodelou, em uma era que não se fazia tantos retcons, apenas se esqueciam dos midclorians, ou que o incesto de Luke e Leia era por pura ignorância familiar. Mas nesse tempo contemporâneo, pós Star Wars Episódio 9: A Ascenção Skywalker, The Bad Batch se torna uma engrenagem para um sacramental retcon da saga. confinada
A protagonista Omega, desde a primeira temporada, se mostrou como uma espécie de Anakin dos clones, e também um legado da visão de George Lucas sobre entender Star Wars pela perspectiva infantil como grande importância. Agora está se tornando ainda mais claro tal ideia, especialmente pela descoberta no terceiro episódio Sombras de Tantiss. Em seu sangue há uma quantidade de midclorians que vai contribuir para o projeto Necromante do Imperador se clonar, garantindo a sua aparição no último filme da saga Skywalker.
Felizmente, independente dessa venda para apresentar essa temporada como importante cartada de retcon para cronologia dos filmes, existe uma verdade poderosa no comentário do dublador. Tem muito George Lucas nisso tudo. Ele sempre foi um nerd para desenvolver um universo de Star Wars, que incluísse referências cinematográficas junto com detalhes antropológicos, políticos, e ainda com um esforço para isso fosse entendido por crianças. E esse começo de temporada compõe tudo isso, desde da vinha gigante prendendo a nave de Wrecker e Hunter até a da fuga da prisão de Omega com Crosshair.
Mas o que define qualidade nesse começo de temporada é o ritmo. Além do retcon desenvolvido para eclipsar raiva do fandom, e dessas características narrativas muito marcantes de Star Wars que são muito George Lucas, existe uma compreensão de tempo e propósito dramático mais bem firmados que nas temporadas anteriores. Se na primeira temporada mantinha-se o conflito do Esquadrão 99 humano e paterno contra os clones robóticos e traidores – tentando encontrar uma fuga do fim da guerra para clones projetados para a guerra -, a segunda temporada tentou tratar de maneira inconstante o que é o Esquadrão 99 e os clones no mesmo patamar: aposentados e suplantados no exército imperial.
Esse começo do terceiro ano parece introduzir o final da série para algo menos relacionado a antropologia do clone trooper pós Guerra Clônica, e sim o tempo de salvar Omega e revelar segredos do Imperador. Esses dois fatores tornam o ritmo menos ordinário e de cotidiano, colocando as cenas de ação e conflitos em patamares maiores de bem contra o mal. Omega sempre teve esse peso nas tramas, e os encerramentos das temporadas apontavam para o mistério do poder que ela poderia ter. A destruição de Kamino, a morte de Tech, sempre foram dramas fortes numa sequência de sacrifícios em prol da criança – destruindo um símbolo dos prelúdios sobre os clones e do afeto mais forte sobre a Omega, respectivamente. confinada
Colocando a criança como protagonista ainda mais central, e ainda mais mostrando ela crescendo e amadurecendo de maneira muito sutil no primeiro episódio pelo corte de cabelo; cria-se um contraste com sua cena abraçando seu boneco de palha. Se por um lado esses três primeiro episódios mostram o ar parece mais detalhado e objetivamente maduras na direção das cenas – seja de ação ou drama – o que conecta tudo é algo puramente lúdico e infantil.
E isso é realmente, afinal, legado de George Lucas. Ver Star Wars mais laboratorial, politizado, e isso se misturando com a história da criança Omega. Porém, não é mais a segmentação de Clone Wars, do episódio político da Senadora Amidala, ou um episódio de um monstro gigante destruindo Coruscant. É um suspense quase sem trilha sonora da criança fugindo da prisão com um franco atirador quase nos moldes da série Andor. O aparente fim de um legado, para o bem e o para o mal.
Star Wars: The Bad Batch – 3X01, 02 e 03: Confinada, Caminhos Desconhecidos e Sombras de Tantiss (Star Wars: The Bad Batch – 3X01, 02 e 03: Confined, Paths Unknown e Shadow of Tantiss– EUA, 21 de fevereiro de 2024)
Criação: Dave Filoni
Direção: Brad Rau (3X01,02,03), Saul Ruiz (3X01), Nathaniel Villanueva (3X02), Steward Lee (3X03)
Roteiro: Matt Michnovetz (3X02,03), Jennifer Corbett (3X01)
Elenco: Dee Bradley Baker, Michelle Ang, Jimmi Simpson, Emerie Karr, Gwendoline Yeo, Tom Taylorson, Ian McDiarmid, Ben Diskin, David W. Collins
Duração: 30 min. (cada episódio)