- Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios da série.
Episódios de séries de TV também precisam ser julgados por seu timing, por sua relevância dentro do arco narrativo macro e Infestação é o típico exemplo de um capítulo que seria melhor em outras circunstâncias, em outro momento. Afinal, estamos diante de um inegável filler e, por mais que volta e meia eu me depare com fillers mais do que sensacionais em diferentes séries, eles precisam enquadrar-se em um binômio de excelência em si mesmo e em relação ao momento da série, algo que está ausente aqui.
O que mais atrapalha Infestação é que The Bad Batch, já chegando ao final de sua 1ª temporada, não conseguiu ainda dizer a que veio para além de ser uma série do universo estendido de Star Wars e, portanto, obrigatória para os fãs. Até o momento, nada na nova criação de Dave Filoni tem algum característica que a torne algo que eu espere com um mínimo de ansiedade que seja pelo próximo episódio. Muito ao contrário, a essa altura do campeonato, eu já não vejo a hora que isso acabe e eu possa descansar dessa série que parece carro atolado na lama girando o pneu furiosamente sem sair do lugar.
E o pior é que é visível a qualidade técnica do trabalho da equipe criativa e de computação gráfica, além de os Mal Feitos serem sim personagens interessantes por serem o que são, ou seja, clones especiais, cada um com uma característica tática diferente que lhe dá vantagem em combate. Bacana a premissa, mas e daí? O que mais a série ofereceu desde seu início? Desenvolvimento de personagens? Considerando que Echo, Wrecker e Tech são meros coadjuvantes, sobram Hunter e Ômega que permanecem, no 13º episódio, quase exatamente como eram no primeiro. Crosshair, se duvidar, apesar de quase nunca aparecer, é o único personagem com um arco narrativo realmente interessante e bem trabalhado.
Diante desse cenário, portanto, Infestação, um clássico filler, não poderia existir. A temporada simplesmente não podia se dar ao luxo de dedicar um episódio inteiro a contar uma história essencialmente autocontida em que os Mal Feitos e Ômega ajudam Cid a retomar seus negócios depois de ser expulsa de suas dependências por um novo chefão do crime, o devaroniano Roland Durand (Tom Taylorson). O Filoni precisava colocar aqui era um capítulo que continuasse abordando a fraca narrativa política de forma a situar os clones de maneira mais definitiva, sem o irritante chavão “não é problema meu” que Hunter repete sempre, inclusive aqui.
Mas, como Infestação existe, apesar de todos os pesares, eles tinham que ser um episódio irretocável, absolutamente espetacular para ser justificável sua inclusão nesse ponto da história. E, apesar de ser tecnicamente bom, ele está longe de ter a qualidade necessária para o espectador concluir que valeu a pena cada minuto gasto com ele. O roteiro de Amanda Rose Muñoz é simpático, mas simples e direto talvez demais, criando situações um tanto quanto artificiais para colocar obstáculos perante os clones, como é o caso do sistema de cavernas de Ord Mantell povoada por insetos gigantes genéricos que não gostam de luz forte. Sim, há espaço para a bela fotografia noturna que a série vem mostrando, além de um sempre impressionante trabalho de iluminação em CGI, mas não muito mais do que isso.
Durand é um vilão sem graça e os ameaçadores Pykes, apesar de intrigantes, têm função absolutamente burocrática em uma progressão narrativa cansada e repetitiva, que não apresenta nada realmente novo ou interessante para a série. Eu até acredito que elementos e personagens vistos aqui possam ter sua função lá para a frente, talvez em temporadas futuras, mas eu só posso julgar em relação ao passado, não ao futuro e, olhando para trás, Infestação é beleza vazia, forma sobre sustância, tempo perdido que deveria ser empregado na cura, ainda que parcial, de uma temporada que parece estar em coma.
“Ah, mas foi assim em The Clone Wars“, alguns dirão. Verdade. A mais pura verdade. No entanto, pelo menos no meu livro, The Clone Wars é uma série que, no conjunto, talvez fique apenas um pouco acima da linha mediana, pois a queima lenta de Filoni é lenta demais, algo que ele parece querer repetir aqui. Apesar de ter poucas esperanças, espero que pelo menos os três episódios finais sejam usados para sacolejar de verdade o status quo dos clones, dando-nos esperança de que a próxima temporada não repetirá os erros da primeira. Mas a grande verdade é que dá até preguiça imaginar que ainda terei que continuar vendo The Bad Batch por três intermináveis semanas…
Star Wars: The Bad Batch – 1X13: Infestação (Star Wars: The Bad Batch – 1X13: Infested – EUA, 23 de julho de 2021)
Criação: Dave Filoni
Direção: Saul Ruiz
Roteiro: Amanda Rose Muñoz
Elenco: Dee Bradley Baker, Michelle Ang, Rhea Perlman, Tom Taylorson, Liam O’Brien, Sam Riegel
Duração: 29 min.