Home TVEpisódio Crítica | Star Wars: Skeleton Crew – 1X08: Os Verdadeiros Mocinhos

Crítica | Star Wars: Skeleton Crew – 1X08: Os Verdadeiros Mocinhos

Os corajosos heróis mirins.

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

E a primeira (talvez única) temporada de Skeleton Crew chega ao seu delicioso final exatamente da mesma maneira que começou, ou seja, entregando uma ótima e refrescante aventura infantil no estilo Os Goonies como se a produtora por trás fosse a Amblin de Steven Spielberg como há muitas décadas não se via no lado live-action de Star Wars, provavelmente desde que o segundo telefilme da duologia Caravana da Coragem que, vamos combinar, nem conta de verdade. A criação de Jon Watts e Christopher Ford finalmente faz pelas crianças aquilo que Rogue One: Uma História Star Wars, Star Wars: Os Últimos Jedi e Star Wars: Andor fizeram pelos adultos, mostrando que, nessa sempre expansiva franquia, há espaço para todos os gostos e idades, mesmo que alguns ditos fãs (muitos deles curiosamente da minha geração, o que torna tudo ainda mais hilário) teimem em bater o pé no chão e dizer que só aquilo que está na cabecinha deles pode existir nessa galáxia muito, muito distante.

Meu maior temor, para esse capítulo de encerramento, era que a dupla de showrunners desse um jeito de reverter a vilania de Jod Na Nawood, mas a personalidade do antagonista manteve-se intacta, com ele não só continuando a intimidar as crianças, mantendo três delas sob a guarda de androides e levando Fern e sua mãe Fara como reféns, como também revelando seu plano que era colocar a população de At Attin para trabalhar para ele, muito provavelmente fazendo do planeta o seu rico reino escondido pela barreira esverdeada, isso depois de muitas demonstrações de força destrutiva por parte de seus colegas piratas perfeitamente dispostos a causar o caos naquele idílico subúrbio de série de TV americana dos anos 50. Até mesmo sua história de origem, por assim dizer, em que Jod revela que foi encontrado por uma Jedi foragida depois da Ordem 66 que percebeu seu contato com a Força e o ensinou rudimentos da técnica, não suaviza quem ele é, ainda que seja perceptível, depois de sua derrota, uma espécie de fiapo de orgulho dele em relação às crianças, algo que fica ali na ambiguidade de seu semblante vendo a nave pirata sendo derrubada.

Ultrapassada com louvor a questão da vilania de Jod, algo que desde cedo no episódio fica bem evidente, a aventura em si foi, pela falta de uma expressão menos hiperbólica, absolutamente perfeita. Vemos a reunião de filhos com pais, com Fara e Wendle efetivamente participando da ação e não apenas ficando no banco de reservas – senti falta dos outros pais, mas entendi a escolha, já que talvez ficasse tumultuado demais para o pouco tempo de duração – e cada criança agindo de acordo com sua personalidade e com o conhecimento adquirido ao longo dos episódios anteriores. Fern é inequivocamente a líder, tanto que Jod faz questão de afastá-la dos demais, com Wim sendo a materialização do “arco de amadurecimento”, em que a criança sonhadora que “brincava com bonequinhos”, percebe que a galáxia é muito mais variada, estranha e perigosa que poderia imaginar, mas sem perder aquele brilho de aventura nos olhos, algo que fica evidente pela tomada em contra-plongée em que ele vê os “verdadeiros mocinhos” chegando para resgatar seu planeta. Por seu turno, KB é a pilota destemida que não hesita em comandar a Onyx Cynder e, ao mesmo tempo, trazer SM-33 de volta da decepação para ajudá-la, com Neel ficando para trás para oferecer proteção à decolagem com o canhão cuja existência ele viu no planeta irmão At Achrann.

E, claro, ajuda muito que, entre uma coisa e outra, vemos Wim, KB e Neel usando as speeder bikes para correr pela cidade e pela floresta, com um completamente estupefato Wendle tentando entender o que está acontecendo, a revelação de que o Supervisor nada mais é do que a versão completamente inútil do HAL 9000, o embate com direito à manipulação da Força, sabre de luz e uma Fara irritantemente se recusando a fazer o que a filha pede e, não tenham dúvida, a chegada das naves da Nova República, com X-Wings, B-Wings e até mesmo, se não estiver enganado, uma Corveta CR90 ou uma nave muito parecida com o modelo que levou a Princesa Leia para pedir ajuda de Obi-Wan Kenobi. Ou seja, o episódio final mais uma vez capturou o espírito do tipo de obra que Watts e Ford desde o começo se dispuseram a colocar nas telinhas e criou toda a tensão que é possível criar quando crianças são protagonistas, ou seja, aquele tipo de tensão agradável, que dificilmente terá consequências drásticas para os protagonistas, mas que mesmo assim conseguimos comprar com facilidade.

No entanto, o encerramento da temporada deixou-me também levemente decepcionado com um aspecto. Enquanto Jod ganhou seu passado, nada mais foi brindado com contexto, seja a presença da Onyx Cynder em At Attin, com mais detalhes do que aconteceu com o mítico pirata Tak Rennod, seja a própria natureza de At Attin e dos demais planetas “At”. Podemos até começar a teorizar sobre o que ocorreu, algo que não gosto muito de fazer, e podemos também aceitar que não essas respostas não são exatamente necessárias, mas minha impressão é que Ford e Watts suprimiram um semblante de explicações – nem que fossem pequenas pistas – para “forçar” uma segunda temporada, mesmo que não haja, ainda bem, um cliffhanger propriamente dito. Podemos imaginar que Jod ou será capturado pelas forças da Nova República ou, mais provavelmente, conseguirá fugir e que os planetas “At” foram designados como “Casas da Moeda” da galáxia e, portanto, camuflados e protegidos, mas é talvez coisa demais para extrapolar e a série simplesmente devia ao espectador algum tipo de indicação, um mínimo de contexto com as inevitáveis pontas soltas para uma segunda temporada (não respostas definitivas, vejam bem, apenas realmente algumas indicações).

No entanto, felizmente, essa necessidade que reputo equivocada de deixar os aspectos macro completamente abertos não atrapalhou o encerramento do que realmente interessa, ou seja, o arco principal do amadurecimento das crianças, algo que foi entregue com grande categoria. Se eu gostaria de ver um segundo ano da série? Com certeza, mas não sem hesitação, pois fica aquela dúvida se, agora, essa pegada de exploração de mundos e do maravilhamento de descobertas pelos olhares inocentes de crianças poderia ser mantido sem quebrar a mágica que Watts e Ford fizeram aqui. Veremos como a coisa anda. Ou não, não sei… O que sei mesmo é que Skeleton Crew começou e acabou redondinha, mesmo que algumas arestas não tenham sido devidamente aparadas.

Star Wars: Skeleton Crew – 1X08: Os Verdadeiros Mocinhos (Star Wars: Skeleton Crew – 1X08: The Real Good Guys – EUA, 14 de janeiro de 2025)
Criação: Jon Watts, Christopher Ford
Direção: Jon Watts
Roteiro: Christopher Ford, Jon Watts
Elenco: Jude Law, Ravi Cabot-Conyers, Ryan Kiera Armstrong, Kyriana Kratter, Robert Timothy Smith, Nick Frost, Tunde Adebimpe, Kerry Condon, Geneva Carr, Jaleel White, Dale Soules, Sisa Grey, Alia Shawkat
Duração: 40 min.

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