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Crítica | Star Wars: Skeleton Crew – 1X04: Não Posso Dizer Que Me Lembro de At Attin

Que bandeira você hasteia?

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios.

Com base nas coordenadas obtidas pela “gatoruja” Kh’ymm no episódio anterior, as crianças, Jack Escarlate e SM-33 (Smee!) chegam a um planeta que, por alguns instantes, parece ser At Attin, somente para logo depois todos se decepcionarem por estarem na versão distópica do utópico planeta que eles procuram, um verdadeiro “negativo” de toda a beleza, paz e tranquilidade que vimos em Isso Pode Ser uma Aventura de Verdade. Como a alienígena alada havia mencionado, reza a lenda que At Attin era um “secreto” de vários outros que teriam sido destruídos durante a Era do Império e é justamente em um desses planetas arrasados, mais especificamente At Achrann.

O quarto episódio da temporada, que marca sua metade, definitivamente tem boas revelações sobre esse grupo de planetas misteriosos que, como descobrimos no final, são realmente vários, além do momento climático em que SM-33, depois de ordem de sua nova capitã, revela o que acontecera em seu passado, com seu capitão (seria ele o próprio Jack Escarlate ou, talvez, o verdadeiro Jack Escarlate se Jod Na Nawood não for ele?) matando seus companheiros que viram as coordenadas de At Attin e o próprio androide destruindo a informação em um dos pilares da torre e assumindo “forma de combate” para atacar as crianças. Sem dúvida que a construção desses segredos sobre o metafórico mapa do tesouro vem sendo muito bem conduzida, com as peças realmente formando um intrigante quebra-cabeças que, espero com todas as forças, revele algo que não só seja lógico dentro do universo Star Wars, como também não traia o espírito da série.

Apesar de ter gostado de todos os aspectos acima e também do fato de At Achrann ser quase que uma versão de história alternativa sombria de At Attin, um verdadeiro “o que aconteceria se a localização do planeta tivesse sido revelada muito tempo antes” e de ter apontado para a tela como as várias referências visuais da franquia, esse foi o primeiro roteiro que, para mim, pecou na simplificação exagerada da narrativa e na solução por demais conveniente do conflito central. Como minha primeira crítica da série deixou evidente, reconheço e aplaudo o foco da série no público infantil, algo que Star Wars raramente fez de verdade em seu material live-action, mas, até o episódio anterior, essa pegada mostrou-se esperta, alguns degraus acima do paternalismo que obras com esse alvo demográfico costumam exibir, menosprezando a inteligência dos pequenos.

Mesmo que seja inegavelmente simpático o destaque dado a Neel que estabelece conexão com a jovem Hayna (Hala Finley), filha do General Strix (Mathieu Kassovitz), líder do Clã Troika – interessante notar o sotaque francês de Hayna, atriz americana, muito provavelmente para criar harmonização com o sotaque natural de Kassovitz, que é francês – e que gera diálogos reducionistas sobre o mal da guerra e como tudo pode ser resolvido com atos de gentileza. Claro que a mensagem deveria ser essa, mas o problema não está nela, mas sim na forma como ela é concatenada e transmitida e, muito sinceramente, o que vi aqui, apesar da fofura azulada que certamente venderá muitos bichos de pelúcia para encher os cofres da Disney, foi uma abordagem consideravelmente preguiçosa. Só um pouquinho mais de preguiça e o resultado seria semelhante à maneira rudimentar como Tarzan famosamente se comunica com Jane no meio da selva.

O uso das crianças como batedores pelo general não só foi um tanto quanto apressando e sem sentido lógico, como foi resolvido magicamente por eventos fora da tela que, ainda por cima, são verbalmente explicados por Jack Escarlate para que ninguém tenha dúvida sobre o que ocorreu. Foi bastante frustrante, diria, ainda que os eventos posteriores na torre que abordei acima tenham impedido que o episódio deixasse aquela impressão de que a peteca caiu pela primeira vez. Mas não se enganem, ela caiu, ainda que longe de totalmente, já que, no cômputo geral, Não Posso Dizer que Me Lembro de At Attin continuou sendo, para mim, um bom episódio, mas um bom perigosamente perto do mediano.

Imagino que, não sendo possível extrair os dados diretamente da memória de SM-33, a série ainda deve visitar um ou dois dos outros planetas “At”, mas o que eu quero mesmo é ver nossos heróis esbarrarem novamente com Brutus e sua gangue de piratas espaciais durante o processo de localizar o “X” nesse mapa do tesouro galáctico. E, claro, permaneço curioso pelas explicações sobre os planetas misteriosos e o verdadeiro papel do androide e seu capitão no que pode ter sido a proteção de caso pensado ou inadvertida do paraíso intocado em que as crianças vivem. E, por favor, nada de simplificar demais a narrativa, pois as crianças precisam ser desafiadas e não receber tudo de mão beijada.

Star Wars: Skeleton Crew – 1X04: Não Posso Dizer Que Me Lembro de At Attin (Star Wars: Skeleton Crew – 1X04: Can’t Say I Remember No At Attin – EUA, 17 de dezembro de 2024)
Criação: Jon Watts, Christopher Ford
Direção: Daniel Kwan, Daniel Scheinert
Roteiro: Christopher Ford, Jon Watts
Elenco: Jude Law, Ravi Cabot-Conyers, Ryan Kiera Armstrong, Kyriana Kratter, Robert Timothy Smith, Nick Frost, Hala Finley, Mathieu Kassovitz
Duração: 39 min.

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