- Obs.: contém spoilers do episódio.
- Confiram todas as nossas críticas da série aqui.
Após um episódio focado unicamente na Força e o constante aprendizado de Ezra e Kanan, Star Wars Rebels nos traz um capítulo que, por si só, já explica por que a animação é tão boa: ela sabe focar nos personagens secundários, escapando do foco exclusivo nos jedis, como foi o caso dos prequels de Star Wars. Impossível não perceber também a diferente estrutura que essa temporada está seguindo, visto que o principal antagonista não deu as caras desde o season première, Steps Into Shadow.
Evidente que a aparição constante do grão-almirante Thrawn atuaria contra o personagem – constantes falhas apenas diminuiria a atmosfera tensa que gira em torno do vilão. Mas isso não quer dizer que ele não esteja trabalhando – logo no início de The Antilles Extraction vemos que os transportes rebeldes estão sendo constantemente destruídos e estão perdendo pilotos rápido demais, o que pode ser interpretado como as ações de Thrawn, visto que a Rebelião não contava com muitos problemas do tipo de forma tão constante. Ironicamente, essa situação levou ao recrutamento de um dos personagens mais icônicos de toda a franquia, Wedge Antilles.
Com um episódio inteiro com Sabine como protagonista, é interessante ver como esses personagens se viram sem o uso da Força. Há uma dose de espionagem maior e a tensão é mais constante, ainda que a duração de apenas vinte e dois minutos peça por algumas resoluções rápidas demais, como fora o caso com a Governadora Pryce. Não posso deixar de sentir falta dos quarenta minutos que marcam as estreias de cada temporada, o que melhoraria muito o ritmo de um episódio como esse, da mesma forma que um capítulo dividido em dois daria conta do recado. Felizmente, tal problema não tira nossa impressão positiva do que acabamos de ver.
É gratificante enxergar, também, como o showrunner Dave Filoni não esquece do que veio antes, mesmo em temporadas anteriores. A ação de Kallus no fim do episódio é uma marca desse cuidado que Filoni tem com o seriado, garantindo uma coesão maior da animação como um todo. Evidente que existe a motivação pessoal do agente imperial em ver a Governadora falhar assim como ele o fizera tantas vezes no passado, mas somente o fato dele citar Zeb nos traz a esperança que um reencontro entre os dois pode trazer um comportamento diferente de um em relação o outro, por mais que estejam, agora, quites.
Outro ponto a ser observado é a presença maior da famosa Tie-Interceptor, que fizera sua primeira aparição na franquia em O Retorno de Jedi, durante a batalha de Endor. Há um evidente respeito pelos conceitos já estabelecidos pela saga, visto que a nave é utilizada especificamente por oficiais e conta com um poder de destruição consideravelmente mais elevado, além de sua velocidade considerável, como já vimos na cena de abertura. É curioso observar, também, que nenhuma dessas naves é destruída ao longo do capítulo – de fato, tirando a do cadete que tentou escapar, nenhum Tie encontra seu fim aqui.
The Antilles Extraction é o perfeito exemplo de como Dave Filoni zela pelos seus personagens e por toda a mitologia de Star Wars. Com um foco exclusivo em Sabine e Wedge Antilles, temos aqui um episódio de grande importância, mas que em muitos aspectos se diferencia do que vimos na semana anterior, provando que há muito mais que a Força no universo da saga. Mesmo com alguns problemas de ritmo, decorrentes da pequena duração, nossa percepção do capítulo é bastante positiva – Star Wars Rebels ainda não errou e esperamos que continue assim.
Star Wars Rebels – 3X03: The Antilles Extraction (EUA, 2016)
Showrunner: Dave Filoni
Direção: Saul Ruiz
Roteiro: Gary Whitta
Elenco: Taylor Gray, Vanessa Marshall, Freddie Prinze Jr., Tiya Sircar, Steve Blum, Dee Bradley Baker, David Oyelowo, Tom Baker, Derek Partridge, Lars Mikkelsen, Stephen Stanton, Jim Cummings, Sam Witwer, Nathan Kress
Duração: 22 min.