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Crítica | Star Wars: O Último Comando (Trilogia Thrawn #3), de Timothy Zahn

Um final honesto, mas não perfeito, para a Trilogia Thrawn.

por Ritter Fan
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  • spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais livros da Trilogia Thrawn.

Espaço: Wayland, Berchest, Poderis, Trogan, estaleiros Bilbringi, Hijarna, Tangrene, Coruscant
Tempo: Nova República Galáctica, cinco anos após a destruição da segunda Estrela da Morte, na Batalha de Endor, 9 a.BY. (um mês após os eventos de Ascensão da Força Sombria)

Herdeiro do Império conseguiu cumprir a missão de reacender a chamada da franquia Star Wars , então já razoavelmente apagada pela inclemente ação do tempo, considerando que nada grandiosamente novo era lançado desde O Retorno de Jedi, em 1983, ou seja, nada menos do que oito anos antes da publicação da primeira parte da chamada Trilogia Thrawn, por Timothy Zahn. Mesmo não gostando tanto da obra quanto a maioria das pessoas, é impossível deixar de reconhecer sua importância para o universo criado por George Lucas, com muitos inclusive pontuando que ela foi um dos elementos que levou Lucas a investir novamente em Star Wars.

Por seu turno, Ascensão da Força Sombria mostrou-se um segundo capítulo mais do que digno, aí sim deixando evidente a real força do plano mestre de Zahn iniciado no ano anterior. Em 1993, então, chegou às livrarias americanas O Último Comando, romance de encerramento da trilogia que leva a narrativa para a sua conclusão lógica, mesmo que pela primeira vez tentando emular um dos filmes da Trilogia Original, justamente o então mais recente no imaginário popular, o já citado O Retorno de Jedi, com Luke Skywalker tendo que lutar contra uma versão (ainda mais) ensandecida do Imperador, o Mestre Jedi Sombrio Joruus C’baoth (na verdade um clone do C’Baoth original) que, por sua vez, tem a seu tiracolo nada menos do que um clone do próprio Luke criado a partir de sua mão amputada ao final de O Império Contra Ataca e que empunha o sabre de luz de Anakin Skywalker, também recuperado.

Decidi começar a substância de minha crítica pelos momentos finais de O Último Comando não para ilustrar um defeito do romance, mas sim uma qualidade. Ou, pelo menos, um ponto positivo que sofre de uma construção cansativa. Mas eu chego lá. Mesmo que a conexão com O Retorno de Jedi seja evidente, com direito até mesmo à ajuda de seres nativos mais primitivos do planeta Wayland e a sequência climática que relatei acima, ela funciona bem não só como uma homenagem ao que veio antes, como também como um desfecho próprio que bebe de maneira inteligente do grande momento em Império Contra-Ataca em que Luke enfrenta a si mesmo – como Darth Vader – em Dagobah, sem deixar de aprofundar a mitologia expandida criada por Zahn, com Mara Jade finalmente cumprindo sua missão de “matar Luke Skywalker” (o clone, claro) que o Imperador incutiu profundamente nela, o que acaba libertando-a de um gigantesco fardo. Além disso, o autor faz todos os personagens da Trilogia Original convergirem para esse ponto da história, deixando o Grão-Almirante Thrawn chegar a seu fim de seu próprio jeito, sem embates de sabres de luz e raios saindo da mão. Um grande militar é morto pelo que ele próprio ajudou a plantar, ou, mais simbolicamente ainda, por sua arrogância. Os pequenos e sorrateiros Noghri que, para sua surpresa, haviam sido trazidos para o lado da luz pela Princesa Leia no livro anterior, acabam com seus grandes planos de conquista de maneira merecidamente simples.

O aspecto negativo desse desfecho em Wayland é que toda a expedição de Luke, Han, Lando, Mara e os dois androides pela floresta do planeta – acompanhados, sem saber, de um destacamento Noghri que os protege – acaba sendo longa demais e, para todos os efeitos, sem maiores objetivos que não seja aproximar Luke de Mara, algo que poderia ter sido feito de outra maneira (aliás, já vinha sendo feito de outra maneira). A cada capítulo em que a ação retornava para Wayland para que o leitor aprendesse sobre como andava a missão dos heróis, o livro perdia em ritmo e fluidez, com tudo não passando de uma escolha narrativa com o evidente propósito de retirar os personagens do que supostamente seria o enfrentamento principal, contra o Grão-Almirante.

Mas Zahn acerta na forma como a Nova República, notadamente a Princesa Leia representando o governo e, agora, o contrabandista Talon Karrde e sua coalisão representando uma nova versão dos Rebeldes, consegue levar a ação do lado de Thrawn a um ponto sem volta, com o Grão-Almirante conseguindo (finalmente!) vitória atrás de vitória contra seus inimigos, ainda que com o uso de subterfúgios que me pareceram absolutamente ridículos, especialmente o primeiro deles em que ele usa a tecnologia de camuflagem de cruzadores para basicamente fazer um “passe de mágica” que leva à rendição do planeta Ukio, protegido por um escudo de força que só seria penetrável com a obliteração de todo o planeta. Mas, se esquecermos que todo o brilhantismo de Thrawn se resumo a “truques de salão”, o que, para mim, reduz ainda mais sua já fraca caracterização – que sim, continua dependendo de seu insuportável assecla Pellaeon para existir -, a concatenação de eventos é sem dúvida alguma interessante e fica ainda mais interessante com o espaço que é dado a Karrde na história, espaço esse que, arrisco dizer, é maior do que o de Han Solo e Lando Calrissian juntos, pelo menos em termos de importância para os desdobramentos.

O Último Comando não chega a ter a qualidade do romance que o precede, sendo muito mais uma sucessão de altos e baixos que, porém, acabam alcançando um bom equilíbrio, certamente melhor do que Herdeiro do Império que parece, como já tive oportunidade de afirmar, um particularmente longo esboço de uma boa ideia. No final, das contas, a Trilogia Thrawn é, sem dúvida alguma, algo que eu gostaria de ver um dia adaptado para as telonas, mas com roteiros retrabalhados e enxugados por alguém que perceba o quanto Zahn usou e abusou de artifícios narrativos equivocados para fazer o que fez.

Star Wars: O Último Comando (Star Wars: The Last Command – EUA, 1993)
Autor: Timothy Zahn
Editoria original: Bantam Spectra
Data original de publicação: abril de 1993
Editora no Brasil: Editora Aleph
Data de publicação no Brasil: 16 de outubro de 2015
Tradução para o português: Fábio Fernandes
Páginas: 528

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