O segundo filme da primeira trilogia de Star Wars chegou aos cinemas em 21 de maio de 1980. A adaptação literária foi publicada em maio do mesmo ano.
Se por um lado o Episódio V é para muitos, inclusive para mim, o mais arrebatador da série, a polêmica foi além das reviravoltas do filme em si. O escritor do livro, Donald F. Glut, trabalhou em cima do roteiro de George Lucas e não do filme finalizado. Os fãs do longa se manifestaram apontando as diferenças entre o filme e o livro – a preferência, deixando claro, era pela versão cinematográfica. Edições posteriores do livro, porém, corrigiram infidelidades e a edição nacional manteve a versão mais semelhante ao longa.
O Episódio V tem início três anos após os eventos da primeira parte da saga. Os rebeldes estão refugiados no planeta de gelo Yavin. A calmaria, contudo, logo cessa quando um androide espião localiza a base rebelde e os revoltosos ficam novamente sob a mira do Império e Luke, sob a mira de Darth Vader. Neste volume, somos apresentados ao singular Mestre Yoda e o destino de Luke e seus amigos é posto em xeque. Emoções e fidelidade à parte, infelizmente este livro conta com alguns deslizes destacáveis. Não que não cumpra muito bem seu papel enquanto obra literária. A batalha de Yavin, por exemplo, é muito mais empolgante no livro do que no filme, sabendo evocar o poder do imaginário para o detalhismo do cenário caótico de guerra e destruição em meio ao gelo – sem desmerecer, é claro, as inovações técnicas do longa. O treinamento de Luke com Yoda também é melhor retratado, sem a pressa perceptível na película, fazendo-nos acreditar que, de fato, o tempo que o garoto passa em companhia do Mestre influi profundamente, ainda que de modo incompleto, no amadurecimento e aperfeiçoamento do aprendiz enquanto cavaleiro jedi. Outras cenas extras e empolgantes, que inclusive antecipam aspectos que só vemos no terceiro filme, têm potencial para encher os olhos do leitor.
O problema é que em dados momentos observamos um certo amadorismo ou, no mínimo, preguiça da parte de Glut, quando exterioriza impressões que deveriam partir dos próprios personagens ou de nós mesmos, como se a fidelidade ao roteiro, num trecho ou noutro, abafasse a necessidade de um tratamento literário adaptado à emoção do momento. Cite-se como exemplo um momento chave da saga, quando Luke descobre a identidade de seu pai. Nesse ponto, é dito o seguinte: “Os dois estavam frente a frente, pai e filho”. Essa afirmação é escrita logo após a declaração, que pretende ser impactante, de um personagem revelando quem é o pai do protagonista – a cena é clássica, mas sou vago a quem desconheça a imortalizada revelação. O ponto é que, recém exposta a verdade, pressupõe-se um pequeno espaço para a dúvida, para a descrença, por menor que seja, e ao escrever que pai e filho estavam frente a frente, Glut interferiu no choque natural da cena, o tipo de deslize típico de uma armadilha, quando o homem na certa quis dar um efeito ainda maior a um marco da trama, que por si já é forte o bastante.
Ainda assim, esta adaptação de O Império Contra Ataca, em sua versão literária sabe ser, tanto quanto no filme, mais intenso do que a primeira parte da saga, ainda que conte com trechos mais contemplativos em relação ao começo da jornada de Luke e, na maior parte do tempo sabe sim, de modo ainda mais evidente do que no primeiro volume, apropriar-se de nossa imaginação para tornar a narrativa ainda mais emocionante. Para fãs da versão cinematográfica ou mesmo para quem apenas aprecia ler ficção científica unida ao épico, recomendadíssimo.
Star Wars – Episódio V: O Império Contra-Ataca (Star Wars V: The Empire Strikes Back), EUA – 1980
Autor: Donald F. Glut
Tradução: Alexandre Matias
Lançamento no Brasil: Darkside
153 páginas