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Crítica | Star Wars: Catalyst – A Rogue One Novel, de James Luceno

por Pedro Cunha
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Espaço: Coruscant, Geonosis, Vlat, Lokori, Samovar, Malpaz, Salient.
Tempo: 1 ano antes do início da Guerras Clônicas, até aproximadamente 4 anos depois dos acontecimentos de A Vingança dos Sith.

Em 2012 uma das maiores empresas do mundo do entretenimento comprou a Lucasfilm. A Disney chegou colocando suas cartas na mesa anunciando que faria um Episódio VII, e que o cânone da saga, muito explorado pelo fandom, seria colocado como Legends. É claro que a casa do Mickey sabia do risco que estava correndo quando classificou obras tão queridas dos fãs como “não consideradas”, ao mesmo tempo que essa decisão dava uma liberdade tremenda aos novos criadores, também colocava um enorme peso nas costas de todo aquele que trabalhasse com a saga, já que a comparação seria iminente.

O Despertar da Força chegou e, junto com ele, inúmeros livros, quadrinhos e séries animadas, eles trouxeram esperança para aqueles quem não acreditavam no novo cânone da Disney. Mas, algo talvez mais importante que o Episódio VII está para chegar, Rogue One é um filme que explora algo totalmente novo na franquia. Além de ser um filme de guerra, nunca antes visto na série, o longa promete relatar fatos desconhecidos da misteriosa nova linha do tempo.

Se Rogue One irá revelar algo novo da trilogia clássica, Catalyst explora o desconhecido antes do longa. Escrito por James Luceno, autor já conhecido da saga, alguém que já caminhou em terras de Legends, com Darth Plagueis e em territórios “válidos”, através do livro Tarkin. Escolher profissionais que já  trabalharam com Star Wars é um decisão muito inteligente por parte da Disney, Luceno faz aquilo que já fez nos seus antigos títulos da saga, entregando uma trama lotada de diálogos, jogos políticos e intrigas.

Catalyst é longo, não em suas páginas, mas sim no período de tempo que a narrativa se passa, começando um ano antes do início das Guerras Clônicas e terminando 3 ou 4 anos depois dos acontecimentos de A Vingança dos Sith. O romance é uma das obras que mais liga a trilogia prelúdio com a clássica, vivemos um grande período dentro da guerra entre Republica e os Separatistas e ainda testemunhamos o Império Galático ganhar forma.

Para encerrar os aspectos gerais do livro, é nítido que a Disney está, aos poucos, corrigindo os erros que George Lucas cometeu em suas últimas sequências. Por mais que você goste dos prequels,  deve-se admitir que muitas coisas que estão nos filmes são verdadeiros furos de roteiro, quando vistos em um plano geral. Por meio de James Luceno, e de muitos outros autores, a nova dona de Star Wars tapa os buracos (ou pelo menos tenta). Como por exemplo, a tomada do poder pelo Império e a misteriosa figura de Palpatine. Em Catalyst e em muitos outros, vemos o quão ardiloso e manipulador foi o Sith, algo mostrado muito superficialmente nos três filmes prelúdio de Lucas.

Agora, foquemos na trama, Galen Erso, pai de Jyn, protagonista de Rogue One, é uma das maiores mentes de toda a galáxia. O homem dedicou a vida toda para desvendar os poderes e utilidades dos cristais Kyber, muito conhecidos pelos Jedi. A intenção do cientista era de usar suas descobertas e prover uma fonte de energia para todos os planetas isolados e sem recursos. Porém, como o pesquisador atuava em tempos de guerra, não demorou muito para os Separatistas descobrirem de sua pesquisa e verem que os Kyber tem um grande potencial para virarem armas de destruição em massa.

Separatistas esses que estão construindo uma grande arma. Palpatine, esperto que é, não demorou muito para fazer com que a República descobrisse das intenções de sua adversária. Em vez dos republicanos se dedicarem a destruir essa arma, eles começam a construir uma arma planetária para chamar de sua.

Como Erso é um pacifista que trabalha para uma empresa privada. O homem não entra em acordo com os Separatistas, então ele, junto com sua mulher que está grávida, são presos. Jyn nasce em cativeiro, a República acha, por meio de Orson, antigo amigo de Galen, a família e levam ele para a segurança. Todavia, as Guerras Clônicas acabam, e o Império assume os rédeas do universo. Com isso, Krennic convida o cientista para iniciar o seu projeto de energia, omitindo o fato de que os imperiais querem usar seus estudos para fazer um arma capaz de destruir planetas inteiros.

Como se pode ver, a trama do livro é muito complexa, cheia de politicas e manipulações. Já experiente nesse tipo de história, James deve que ampliar seus conhecimentos políticos sobre Star Wars para poder caminhar bem entre todo esse mundo. Além de toda essas camadas complexas, Catalyst é um livro que explora muito a ligação entre todos os seus personagens.

Orson e Galen se conhecem desde os tempos de universidade, a relação entre ambos é muito bem explorada por Luceno, não vemos algo clichê, com discursos de amigos muito próximos. Acompanhamos um relação mais cinza do que preto ou branca, como estamos lidando com pessoas muito complexas, com mentes brilhantes e orgulhosas, é inevitável vermos atritos entre os dois. Luceno capricha muito em mostrar o quão diferentes as visões desses protagonista e antagonista são.

Já separadamente, o autor falha um pouco em retratar Orson, não fica muito claro para o leitor se o personagem já via o mundo de uma forma imperial muito antes do regime assumir, ou se a tomada do poder despertou um Krennic que não se importa com o indivíduo, e só vê o “bem” maior. Realmente espero que o antagonista sempre tenha tido esse tipo de pensamento, pois personalidades são construídas, elas não podem ser como um interruptor de luz.

Outro acerto de James são Jyn e sua mãe Lyra. A esposa de Galen tem um papel crucial em toda a trama, além de ser a pessoa de equilibrou de toda família, ela possui uma grande conexão com a força, deixando até uma pulga atrás da orelha do leitor, que se pergunta: será que ela realmente tem o controle da Força, assim como os Jedi? Luceno não responde essa indagação. A filha também é bem trabalhada pelo autor, James faz questão que o público lembre da menina em sua narrativa, nunca explorando-a de forma incorreta, ela é uma criança e é tratada como tal durante todo o romance.

Dois caçadores de recompensas também são explorados por Catalyst, mas o que mais desperta a atenção do leitor é Saw Guerrera, um guerrilheiro que já apareceu na série animada Clone Wars, e agora será interpretado pelo talentoso Forest Whitaker em Rogue One. Apesar de aparecer majoritariamente no segundo e terceiro ato, o personagem arranca sorrisos do leitor com seu discurso e atitudes, tudo indica que ele será de suma importância para a família Erso, principalmente para Jyn.

Com uma trama que aposta em diálogos para se desenvolver, James Luceno entrega mais um livro político para Star Wars. Apesar de ser um fã de conversas bem trabalhadas pelos personagens, notei-me um pouco cansado durante a leitura do livro, não pela falta de habilidade do autor em escrever, mas pela demora no desenvolvimento de toda a trama. Não é porque um livro é pautado apenas em diálogos, que a narrativa tem que caminhar em paços de tartaruga.

Catalyst é um livro diferente, que prefere discorrer em diálogos, a narrar explosões e brigas sem sentido.  Explorando bem os jogos políticos, apostando em personagens novos, mas resgatando mitos da saga como Tarkin, Luceno consegue mais uma vez entregar um bom livro sobre Star Wars. Além de esclarecer alguns fatos desconhecidos do novo cânone da saga, como a utilização dos cristais Kyber (que tem uma grande importância para a trama).

No final, o livro consegue criar um grande plano de fundo para Rogue One. Ele não é essencial para ter um bom entendimento do longa, afinal, não se obriga o grande público a ler um livro antes de assistir um filme. Mas tenho certeza que ele dará um significado muito mais amplo para aqueles que se aventuraram a ler o livro de James Luceno.

Star Wars: Catalyst – A Rogue One Novel — EUA 2016
Autor: James Luceno.
Publicação original: 2016.
Editora original: Del Rey Books
Editora no Brasil: Não lançado até a publicação da crítica.
Páginas: 352 páginas.

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