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Crítica | Star Wars: A Ascensão de Kylo Ren

Ilustrando finalmente um rascunho de anti-heroi.

por Davi Lima
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A Ascensão de Kylo Ren

Depois dos Sequels, Star Wars entrou na onda de ajustar personagens e tudo que fosse relevante para o cânon da hexalogia de George Lucas. Assim, essa HQ de Charles Soule, A Ascensão de Kylo Ren, do mesmo escritor das boas HQs de Darth Vader, busca tornar o famigerado Kylo Ren em um personagem de fato — um rebelde da família Skywalker, um cavaleiro de Ren.

Assim como em Star Wars Episódio 7 apresenta Kylo Ren como parte dos cavaleiros de Ren, a HQ entende que explicar o personagem é explicar, acima de tudo, quem são os Cavaleiros de Ren, e o próprio Ren. Soule, diferente de Solo: Uma Aventura Star Wars, não busca explicar nomes, mas fazer valer a pena as nomeações.

Na fantasia alguns nomes são apenas legais, divertidos de se expressar na cultura anglo-saxônica, ou apenas serem exóticos. Então, não importam os significados — ainda mais quando se quer tornar o drama de Ben Solo de fato palpável —, mas importa o incômodo das nomeações, quando elas criam expectativas sobre a vida que se deve levar com ele.

Comparado aos Ren, que têm um desapego pela Força e pela vida, Ben Solo sempre foi protegido das habilidades da Força e da boa morte. A trama perpassa por esse conflito, algo articulado por Snoke, aqui apresentado não na posição de mestre, mas de conselheiro para o caminho de Ben, após queimar e fugir da escola Jedi de Luke Skywalker.

Se a família Skywalker parece proteger o protagonista, na esperança de que ele se torne o novo Obi-Wan às avessas — agora o protegido, não o protetor de Skywalkers — Snoke e os Ren querem o perigo para revelar a verdade pela turbulenta força da Força de Ben Solo.

Charles Soule, nas quatro edições, sabe fazer um arco de introdução dos Cavaleiros de Ren, com todo o seu código de crenças e abordagem com a Força, e desenvolve de forma sucinta para entendermos a mudança de Ben Solo para Kylo Ren em três atos sem dizer tanto. Na aventura boa de gato e rato dos ex-alunos de Luke tentando retomar Ben para o lado do bem, e os Ren desinteressados na sua força, Ben se vê invejado e se vê com inveja simultaneamente.

A Ascensão de Kylo RenNo traço realista de Will Sliney, a “atuação” do ator Adam Driver representa bem esse incômodo à la Anakin Skywalker. Embora a narrativa não associe a Darth Vader, a jornada é bem semelhante. Mas diferente de Anakin seguir o mal tradicional, os cavaleiros de Ren guardam um misticismo próprio. A figura do líder Ren todo queimado no corpo, e o desejo dele pela boa morte, é o que alimenta a HQ de novas luzes criativas. Porque, afinal, é um prelúdio de um rascunho que é o personagem, que toma forma de persona na última página.

Não existe nada muito criativo no enquadramento ou na diagramação. De criativo, no máximo uma splash page de ação do Luke Skywalker, um ângulo contra-plongeé na batalha final e, principalmente, uma sequência de muito movimento de duas páginas, que literaliza o momento de liberdade de Ben Solo contra as pressões de matar ou não matar. Vale acrescentar sobre um momento mais colorido numa caverna que simula a batalha de Anakin e Obi-Wan em Mustafar — Episódio III —, mas agora com Kylo e Tai (ex-aluno de Luke).

O que garante como razoável para uma boa HQ é o lore dos Cavaleiros de Ren, muito mais que sobre Ben Solo. Entretanto, como um acaba fundamentando o outro, entrega-se com essa HQ a faceta final para o lápis fraco agora ser desenhado com força sobre quem é Kylo Ren, afinal.

Star Wars: A Ascensão de Kylo Ren (Star Wars: The Rise of Kylo Ren, 2020)
Contendo: Star Wars: The Rise  of Kylo Ren #1 a 4
Roteiro: Charles Soule
Arte: Will Sliney
Letras: Travis Lanham
Editora original: Marvel Comics
Data original de publicação: fevereiro a maio de 2020
Editora no Brasil: Panini
Data de publicação no Brasil: junho de 2021
Páginas: 104

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