Home TVEpisódio Crítica | Star Trek: Strange New Worlds – 2X05: Charades

Crítica | Star Trek: Strange New Worlds – 2X05: Charades

Até vulcanos sofrem com sogros.

por Kevin Rick
1,8K views

  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios da série e, aqui, de todo nosso material sobre Star Trek.

Assim como aconteceu em Spock Amock na primeira temporada de SNW, o quinto episódio desta temporada é dedicado a uma história cômica em torno de um acidente corporal de Spock. Dessa vez, o famoso mestiço se envolve em um incidente com os kerkhovianos, uma civilização desconhecida e teoricamente avançada, que, por um erro, “corrigem” o DNA de Spock, tornando-o apenas humano. Como bônus, a circunstância deixa o personagem emocionalmente despreparado para participar de uma cerimônia rígida com os pais de T’Pring.

Assim como aconteceu em Spock Amock, a ideia é fazer uma história centrada em Spock que estuda o personagem, sua ascendência mista e o triângulo amoroso com Chapel e T’Pring, tudo por lentes mais cômicas, ainda que com subtexto dramático. Grande parte do episódio é basicamente uma comédia screwball e direção de sitcom, com os amigos de Spock tentando evitar que a família de T’Pring descubra sua condição, bem como envolto de momentos divertidos com o vulcano descobrindo todas as complexas emoções humanas fluindo de uma só vez como uma avalanche, o que nós chamamos de adolescência.

Nesse sentido, entendo a abordagem juvenil dada ao personagem, com Ethan Peck se divertindo bastante nos exageros e histrionismos de um indivíduo que nunca lidou com tantas sensações e impulsos. O humor pode ser meio constrangedor e infantil, mas essas cenas de Spock na nave também são simpáticas e leves, com destaque para seus colegas imitando a forma de falar dos vulcanos e as pequenas bits de Pike tentando ajudar seu amigo – sério, o Mount é bom demais, roubando cenas com um olhar assustado ou um simples estalar de dedos.

Sinto, porém, um senso de repetição na trama, tanto por termos visto essa mesma abordagem anteriormente na série feita com mais qualidade, como pelo fato de que o episódio não explora outros elementos e contornos da história para bater na mesma tecla com Spock. Por exemplo, os kerkhovianos são uma civilização tão curiosa, mas acabam sendo utilizados apenas para conveniência narrativa, além de que a subtrama dramática de Chapel tem mais peso e é mais cativante do que a trama principal de Spock, mas termina sempre em segundo plano. Acredito que o episódio teria mais gravidade se fosse focado na enfermeira.

Também acho problemático a representação da cultura dos vulcanos ao longo do episódio. Se em Spock Amock tivemos bons desenvolvimentos estéticos e mitológicos para Vulcano, aqui temos uma visão desagradável, com a mãe de T’Pring, T’Pril (Ellora Patnaik), deixando de ser lógica e fria para ser apenas estupidamente insuportável. Entendo o sentido cômico disso, com o estereótipo da sogra chata, mas a execução dentro do episódio não me agradou e o comportamento da personagem me soou forçado, ainda mais em contraste com a elegante Amanda (Mia Kirshner, em ótima reprise do seu papel em Discovery).

O terceiro ato de Charades sacode a experiência, mudando o tom narrativo para algo mais emocional e dramático. O discurso de Spock em prol de sua mãe é muito bonito e demonstra a evolução interna do personagem, além de termos diálogos bem-escritos nos conflitos entre o personagem e seus interesses românticos. O desfecho entre Spock e Chapel é particularmente tocante e satisfatório considerando o relacionamento dos personagens até aqui, mas o ótimo ato final do episódio não salva totalmente um capítulo apenas divertidinho e passageiro de uma trama reciclada.

OBS: Precisamos de mais episódios focados no Pike!!!!!!

Star Trek: Strange New Worlds – 2X05: Charades (EUA, 13 de julho de 2023)
Desenvolvimento: Akiva Goldsman, Jenny Lumet, Alex Kurtzman (baseado em personagens criados por Gene Roddenberry)
Direção: Jordan Canning
Roteiro: Kathryn Lyn, Henry Alonso Myers
Elenco: Anson Mount, Ethan Peck, Jess Bush, Christina Chong, Celia Rose Gooding, Melissa Navia, Babs Olusanmokun, Rebecca Romijn, Mia Kirshner, Ellora Patnaik
Duração: 61 min.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais