Home TVEpisódio Crítica | Star Trek: Lower Decks – 5X08: Upper Decks

Crítica | Star Trek: Lower Decks – 5X08: Upper Decks

Um dia na vida dos comandantes da Cerritos.

por Ritter Fan
264 views

  • Há spoilers. Leia, aqui, as críticas dos demais episódios e, aqui, de todo nosso material sobre Star Trek.

A premissa de Lower Decks é brilhante, como não me canso de afirmar. E uma de suas mais diretas inspirações foi, claro, o querido episódio 7X15 de Star Trek: A Nova Geração, intitulado justamente Lower Decks, que é dedicado ao elenco de fundo da Enterprise-D. E, assim como ele veio à luz na última temporada da segunda série live-action da franquia, eis que seu exato oposto, Upper Decks (Comandantes, no Brasil), surge na última temporada da segunda série animada da franquia, em um paralelismo de se aplaudir e que tem um timing perfeito, já que a série comandada por Mike McMahan já está consolidado o suficiente para se permitir a visão contrária, ou seja, uma “espiada” no cotidiano dos oficiais mais graduados da Cerritos, com os protagonistas da série aparecendo só como artifício de enquadramento.

Upper Decks, portanto, é “um dia na vida” da Capitã Carol Freeman, do engenheiro-chefe Andy Billups, do Primeiro Oficial Jack Ransom, do chefe de segurança Shaxs e da médica-chefe T’Ana em histórias particulares de cada um que são variadas e paralelas, com um momento de convergência ao final. Freeman tem sua agenda cheia com eventos relacionados justamente com a tripulação “invisível” da nave, algo que ela faz com grande prazer, mesmo que nem sempre adorando o que vê; Billups precisa lidar com problemas em dominó na casa de máquinas da nave; Shaxs medita e tem visões com direito a fantasmas sobre seu trauma em seu planeta natal ocupado pelos cardassianos; Ransom finge incompetência para levar dois grupos rivais de alferes a se unir para livrar a nave de uma manada de buhgoons – criaturas semelhantes ao cruzamento de tatu-bola com Tundro, dos Herculóides, adicionados da capacidade de se camuflarem – e T’Ana que, acusada de não receitar quantidade suficiente de anestésicos, começa uma sessão masoquista em que ela faz seu subordinado infligir o máximo de dor nela. A reunião narrativa se dá quando o ambientalista que está de visitas na Cerritos para pesquisar os buhgoons revela-se como emissário dos Clickets, uma força isectoide invasora que imediatamente faz com que Freeman entre em modo “guerreira invencível”, alertando os demais comandantes.

A mera descrição acima mostra como o roteiro de Cullen Crawford não só bebe de diversos tropos narrativos clássicos de Star Trek, como também se esforça para trabalhar situações completamente díspares que evocam todo o tipo de sentimentos do espectador, seja a ternura de ver Freeman realmente importar-se com os subordinados sem nome, o humor da situação de T’Ana ou a forma como mais uma vez os problemas psicológicos são abordados na série, especialmente no que se refere a Shaxs. E a direção de Bob Suarez dá aquela impressão cinética de estar vendo o Taz (dos Looney Tunes) em seu modo “furacão”, mas com um impressionante senso de organização e ritmo narrativo que sem dúvida traz algum nível de confusão – ou talvez taquicardia pelo frenesi – no começo, mas que longo encontra seu passo e o mantém até o fim, fazendo o melhor uso possível dos 20 e poucos minutos de duração do episódio.

Aliás, vale lembrar que Lower Decks, apenas com algumas raras exceções, sempre soube lidar com múltiplas linhas narrativas em um único episódio sem baixar sua guarda, sem esmorecer um segundo qualquer a ponto de tornar a experiência de imersão muito completa, exigindo tanto atenção do espectador quanto criando uma sensação gostosa de uma corrida de 100 metros rasos sem sair do lugar. Além disso, é fantástico notar como o espectador nunca é traído pelos roteiros, ou seja, as personalidades de cada personagem mantem-se intactas – com seus devidos desenvolvimentos, lógico – e são utilizadas com muita inteligência e lógica dentro do que a situação exige. Por exemplo, sabemos que Freeman é durona e que Ransom só se interessa por sua forma física, mas essas características não os tornam incompatíveis com o que vemos aqui. Muito ao contrário, ganhamos mais profundidade em relação a eles, vemos camadas abaixo da superfície enganosa que todos ali têm e que todos nós temos na vida real. E, de quebra, somos relembrados que os oficiais de alto escalão em uma nave da Frota Estelar também trabalham duramente, mesmo que Boimler dê a entender o contrário logo no começo.

Mais uma vez Lower Decks acerta em um episódio desconectado da linha narrativa central da temporada final, aproveitando ao máximo a natureza de “caso da semana” que a série equilibra tão bem. E, com isso, somos lembrados que, infelizmente, faltam apenas dois episódios para essa maravilha audiovisual chegar ao seu encerramento prematuro. Mas fica a esperança de que, um dia, eles retornem para mais aventuras!

Star Trek: Lower Decks – 5X08: Upper Decks (EUA, 05 de dezembro de 2024)
Showrunner: Mike McMahan
Direção: Bob Suarez
Roteiro: Cullen Crawford
Elenco (vozes originais): Tawny Newsome, Jack Quaid, Noël Wells, Eugene Cordero, Dawnn Lewis, Jerry O’Connell, Fred Tatasciore, Gillian Vigman, Gabrielle Ruiz, Paul Scheer, Phil LaMarr
Duração: 25 min.

Você Também pode curtir

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Presumimos que esteja de acordo com a prática, mas você poderá eleger não permitir esse uso. Aceito Leia Mais