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Crítica | Star Trek: Lower Decks – 5X05: Starbase 80?!

Não! Tudo menos a Base Estelar 80!!!

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leia, aqui, as críticas dos demais episódios e, aqui, de todo nosso material sobre Star Trek.

Apesar de ter criado uma excelente mitologia própria, Star Trek: Lower Decks é, sem dúvida alguma, uma série concebida para ser um comentário sobre a célebre e rica franquia de que faz parte e, por isso, um de seus mais fortes e profundos alicerces é a utilização cirúrgica de referências a tudo de Star Trek, do mais óbvio ao mais obscuro, sempre como parte do impulsionamento de narrativas inteligentes e cativantes. A Base Estelar 80 é um dos elementos criados por Mike McMahan para sua série, e, com ela finalmente materializada depois de diversas temporadas em que ela era mencionada entre sussurros e exclamações de medo como algo horroroso, indesejável, assustador mesmo, basicamente o lugar para aonde membros da Frota Estelar vão para serem esquecidos, descobrimos que ela é, na prática, um repositório de tecnologia antiga desse universo que se torna, então, um rico filão referencial a ser aproveitado no episódio.

Com um problema em seu motor de dobra, a Cerritos é obrigada a atracar na referida base, para desespero de Mariner, que, como sabemos, fora banida para lá por sua mãe. E, com esse artifício fácil e para lá de conveniente (mas digo isso positivamente!), o caminho é aberto para que May Darmon escreva um roteiro que navega por um milhão de referências hilárias que incluem o banho de gosma descontaminante que a tripulação de Star Trek: Enterprise usava para que os integrantes do elenco pudessem mostrar as formas físicas, os singelos, mas enormes, interfones de parede que vemos na Enterprise de Star Trek: A Série Original e a primeira aparição dos acamarianos em uma série da franquia desde sua introdução em O Fator Vingança, 9º episódio da 3ª temporada de Star Trek: A Nova Geração. É, basicamente, um desfile inesgotável de menções como essas que funcionam esplendidamente bem como um colorido e cômico pano de fundo para uma clássica história que reitera que as aparência enganam, já que, para a surpresa da traumatizada Mariner e de sua mãe que quer evitar acabar sua vida por lá como sua versão do universo paralelo que vimos em Dos Cerritos.

Toda a atmosfera criada no episódio é a de um filme de horror, que apresenta a Base Estelar 80 basicamente como uma versão assustadora da DS:9 ou de qualquer filme de terror de espaço confinado, em que os personagens são mortos um a um por um alienígena que se locomove pelos dutos de ventilação. Mas, na medida em que vemos uma comunidade vivendo de maneira genuinamente humana, cozinhando a própria comida e não usando um replicador que eles não têm, jogando jogos não holográficos em uma arcade e com a simpaticíssima comandante Cassia Knox (Nicole Byer), uma el-auriana, espécie de Guinan, de A Nova Geração, só que com apenas 30 anos de idade, servindo de cicerone, percebemos que as lendas sobre a base são completamente infundadas e que ela é, na verdade, um lugar de segundas chances. Chega a ser poético, não é mesmo?

Mas é claro que a maldição que Mariner diz que o lugar tem acaba se manifestando, ainda que não do jeito que ela imagina, com os tripulantes da Cerritos – não da base – tornando-se zumbis, em uma boa sacada do roteiro para sedimentar o lado do horror e do suspense do episódio, mas que tem uma resolução extremamente corrida. A praga zumbificadora, porém, tinha como objetivo facilitar a criação da atmosfera do lugar e, ato contínuo, servir de instrumento para a desconstrução de tudo aquilo que Mariner e os demais achavam que sabiam sobre a Base Estelar 80. E esse objetivo foi mais do que cumprido, com a solução para o problema definitivamente vindo rapidamente demais, como disse, mas, felizmente, seguindo a lógica tanto da história como da mitologia da franquia como um todo.

O mais curioso do episódio é que ele marca a metade da última temporada da série (buááá, buááá…) e ele é o mais solto de todos até agora, já que sua história é, ao que tudo indica, ainda mais autocontida do que a que vimos em A Farewell to Farms, pois, no episódio anterior, houve ainda breves menções às falhas dimensionais que vêm aparecendo com frequência. Aqui, não há absolutamente nada que não seja a revelação do que é a própria base do título e a constatação de que a barba que Boimler tenta deixar crescer ainda está longe de pronta. Apesar de ser uma escolha peculiar do showrunner, não quero, com isso, dizer que isso é um problema, pois é padrão nas temporadas de Lower Decks que os arcos narrativos maiores sejam resolvidos muito rapidamente. E, com isso, Starbase 80?! subverte expectativas e funciona como mais um divertidíssimo lembrete de que Lower Decks pode muito facilmente figurar entre as melhores séries de toda essa longeva franquia.

Star Trek: Lower Decks – 5X05: Starbase 80?! (EUA, 14 de novembro de 2024)
Showrunner: Mike McMahan
Direção: Bob Suarez
Roteiro: May Darmon
Elenco (vozes originais): Tawny Newsome, Jack Quaid, Noël Wells, Eugene Cordero, Dawnn Lewis, Jerry O’Connell, Fred Tatasciore, Gillian Vigman, Gabrielle Ruiz, Paul Scheer, Nicole Byer, Liam McIntyre, Stephen Root
Duração: 25 min.

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