Home TVEpisódio Crítica | Star Trek: Lower Decks – 4X05: Empathological Fallacies

Crítica | Star Trek: Lower Decks – 4X05: Empathological Fallacies

A lógica dos sentimentos.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leia, aqui, as críticas dos demais episódios e, aqui, de todo nosso material sobre Star Trek.

Quase que como uma confirmação de meus comentários sobre a crescente importância da vulcana T’Lyn como parte do que agora posso sem dúvida categorizar como quinteto protagonista de Lower Decks, Empathological Fallacies vem para colocar a personagem no centro das atenções, inclusive entregando-lhe o ponto de vista e a narração do capítulo que lida com a Cerritos dando escolta para três espalhafatosas, festeiras e extra-sensoriais diplomatas betazoides (refrescando a memória de quem não se lembra, Deanna Troi, de A Nova Geração, é uma meia-betazoide) que tem informações sobre os ataques às mais variadas espécies alienígenas pela nave misteriosa que vimos nos capítulos anteriores. Frustrada por não conseguir enviar uma mensagem a seu ex-capitão e pela maneira como a tripulação da Cerritos passa a se comportar ao redor das betazoides, a vulcana começa a demonstração sua insatisfação por estar ali e não em sua nave original.

Enquanto que a ratificação da relevância de T’Lyn para a base narrativa de Lower Decks é muito bem-vinda, já que a personagem traz aquela sempre interessante discussão sobre o conflito entre lógica e sentimentos para a mesa, talvez um dos maiores e mais amplamente debatidos aspectos filosóficos de toda a franquia, creio que o episódio tenha tido dificuldades para encontrar seu tom e para manejar as duas linhas narrativas tradicionais, a segunda sendo focada em Boimler e sua obsessão pela perfeição que é moderada pelo convite de Shaxs (a pedido de Rutherford) para que ele participe de uma curiosa sessão de relaxamento e confraternização da equipe de segurança da Cerritos. Não que as duas histórias não sejam boas, pois definitivamente são, especialmente por mais uma vez extrair as mais profundas referências ao lore de Star Trek, mas, para um episódio de metade de temporada, ele me pareceu domado demais mesmo que a bacanália na sala de refeições da nave tenha seus momentos hilários.

Tenho para mim que o maior problema de Empathological Fallacies seja a velocidade com que a história principal é resolvida, com a desconfiança sobre uma febre Zanthi nas betazoides ser a fonte do descontrole emocional da tripulação logo sendo alterada para síndrome Bendii – com efeitos semelhantes – em ninguém menos do que a própria T’Lyn. Eu gosto da reviravolta, vejam bem, mas ela vem como um furacão de categoria 5 em meio a um já movimentado episódio cujo olho acaba sendo um longo momento de diálogos expositivos e esclarecedores entre Mariner e T’Lyn em um compartimento da Cerritos quando as duas precisam fugir de seus colegas, resultando, então, na calmaria final que acaba fazendo com que a linha narrativa sobre a nave misteriosa quase não avance (apenas uma imagem dela é mostrada, também na correria, para a Capitã Freeman). É quase como se o roteiro de Jamie Loftus tivesse outro fim que acabou sendo podado na sala de roteiristas ou pelo próprio McMahan.

Não ajuda muito que a história paralela com Boimler seja quase que completamente separada da principal, com apenas uma óbvia conexão ao final que, novamente, peca pela pressa na execução. Lógico que a relevância das lições aprendidas tanto por T’Lyn quando por Boimler vale o preço do ingresso e, em meio a isso tudo, é absolutamente hilário de um lado ver a tripulação toda da Cerritos defenestrar por completo todas as suas inibições e, de outro, ver os responsáveis pela segurança da nave relaxar entre jogos de salão e chavões de autoajuda, mas faltou algo mais aqui, talvez uma cola maior entre as narrativas ou, como apontei, calma em desenvolver a caótica premissa sem deixar que ela tomasse de assalto o próprio episódio, de certa forma desestruturando-o levemente.

Seja como for, Empathological Fallacies, mesmo sendo um soluço na temporada, é um soluço da mais alta qualidade – olha a incongruência! – que, de uma vez por todas, coloca T’Lyn merecidamente em uma posição de destaque e de integralidade para a série, além de, paralelamente, continuar a trabalhar a conexão forte que existe no elenco feminino de Lower Decks e, de seu jeito, ajudar Boimler a se entender, mesmo que, para isso, tenha que sacrificar muita coisa e correr com tantas outras. Agora resta saber se a segunda metade da temporada focará organicamente no mistério da nave destruidora ao longo de seus episódios, que seria o caminho preferível, ou se deixará o assunto somente bem para o seu final.

Star Trek: Lower Decks – 4X05: Empathologial Fallacies (EUA, 28 de setembro de 2023)
Showrunner: Mike McMahan
Direção: Megan Lloyd
Roteiro: Jamie Loftus
Elenco (vozes originais): Tawny Newsome, Jack Quaid, Noël Wells, Eugene Cordero, Dawnn Lewis, Jerry O’Connell, Fred Tatasciore, Gillian Vigman, Paul Scheer, Gabrielle Ruiz
Duração: 24 min.

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