Home TVEpisódio Crítica | Star Trek: Lower Decks – 3X10: The Stars at Night

Crítica | Star Trek: Lower Decks – 3X10: The Stars at Night

A união faz a força.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leia, aqui, as críticas dos demais episódios e, aqui, de todo nosso material sobre Star Trek.

Mike McMahan é muito esperto e inteligente. Em Reflections, ele criou toda uma interessante e intrincada história pregressa para Rutherford que faz de seus implantes cibernéticos algo que resulta de uma trama aparentemente diabólica envolvendo o alto escalão da Frota Estelar a ponto de eu, por diversas vezes, sugerir que essa seria uma interessante linha narrativa para toda a próxima temporada e afirmar que seria um desperdício se ele simplesmente resolvesse tudo em um estalar de dedos.

E eis que, em The Stars at Night, McMahan realmente resolveu essa trama em um estalar de dedos, mas, incrivelmente, sem desperdiçá-la. Claro, o roteiro que ele escreveu simplifica aquilo que eu talvez febrilmente demais imaginei que poderia ter uma série de desdobramentos, mas a grande verdade é que menos é mais e o que eu e talvez outros espectadores esperavam simplesmente não interessa. Ao converter a suspostamente complexa história em uma maneira de o Almirante Buenamigo roubar o código de programação de inteligência artificial de Rutherford para desenvolver naves não pilotadas – que foram batizadas de Classe Texas – e, com isso, subir na carreira, o showrunner criou uma história de ambição, egoísmo e irresponsabilidade com uma pegada cinematográfica que chega a ser emocionante apesar do uso de todos os clichês do gênero.

A decretação do fim da Classe Califórnia de naves de segundo contato depois do fracasso do projeto De Passagem criado pela Capitã Freeman serve de trampolim para a uma surreal e hilária “corrida de segundos contatos” pela galáxia que a Cerritos não tinha chance de ganhar, obviamente, mas que usa bem a dicotomia entre a humanidade de contatos físicos versus os contatos frios de máquinas sencientes que simplesmente teletransportam aquilo que é necessário para os respectivos planetas. Quando Rutherford percebe o que Buenamigo fez e o perigo que a instabilidade de seu programa – que criara o demoníaco Badgey -, tudo é encaixado perfeitamente, inclusive a autonomia completa Aledo que, lógico, tem efeitos catastróficos.

O retorno de Mariner, juntamente com a arqueóloga Petra (patrocinada por um fundo criado por Jean-Luc Picard, em uma inteligente escolha), para ser a salvadora da pátria no famoso último segundo e, ainda por cima, trazendo todas as demais naves da Classe Califórnia (repararam que todas têm nomes de cidades do estado que nomeia a classe?) em uma bela demonstração de que a união faz a força mesmo quando a união é do segundo escalão da frota, é a cereja no bolo que faz a narrativa ser fechada com chave de ouro. Há até mesmo tempo para que meu problema com Trusted Sources fosse abordado de frente, ou seja, o quão pouco os amigos de Mariner fizeram por ela com o incidente com a repórter e sua mãe, quase como se McMahan tivesse lido minha crítica (será que leu, he, he, he…).

E o resultado de tudo isso é, como eu disse, cinematográfico a ponto de eu conseguir enxergar, com razoável facilidade, uma versão live-action disso nas telonas, pois o roteiro reúne discussões boas, apesar de não muito complexas, com ação frenética que é quase rápida demais, com a inteligência artificial sendo talvez derrotada muito facilmente na base do “todos por um”. Por outro lado, foi impagável ver Shaxs, que sempre sugeriu expurgar o motor de dobra, finalmente ganhar carta branca para assim proceder e, mais ainda, isso salvar a Cerritos ou, pelo menos, atrasar suas destruição.

A cena pós-créditos, com uma força misteriosa recuperando o implante original de Rutherford que contém Badgey, promete manter esse assunto ainda válido para a segunda temporada, inclusive com a assinalação do próprio retorno da I.A. na forma da insígnia da Frota. É bem provável que haja alguma conexão com a Seção 31 da qual agora faz parte o “clone de transportador” de Boimler, que, claro, é a outra grande ponta solta deixada por McMahan para ser trabalhada em futuro próximo.

Mais uma temporada de Star Trek: Lower Decks chega a seu fim e a série não parece perder o fôlego, ainda tendo muito o que mostrar no já aprovado quarto ano e no prometido crossover live-action com Strange New Worlds, que, se acontecer de verdade, será um evento inédito na franquia. Entre isso, o clone de Boimler na Seção 31, o retorno de Badgey e talvez até uma reunião das várias I.A.s vilanescas da série (não podemos esquecer do que vimos no maravilhoso A Mathematically Perfect Redemption, não é mesmo?), há muita coisa ainda para ser vista nesta surpreendente série capaz de fazer o complexo de maneira simples e de subverter expectativas.

Star Trek: Lower Decks – 3X10: The Stars at Night (EUA, 27 de outubro de 2022)
Showrunner: Mike McMahan
Direção: Jason Zurek
Roteiro: Mike McMahan
Elenco (vozes originais): Tawny Newsome, Jack Quaid, Noël Wells, Eugene Cordero, Dawnn Lewis, Jerry O’Connell, Fred Tatasciore, Gillian Vigman, Paul Scheer, Georgia King, Carlos Alazraqui, Gabrielle Ruiz
Duração: 28 min.

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