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Crítica | Star Trek: Discovery – 5X09: Lagrange Point

Um episódio hilário.

por Ritter Fan
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  • Há spoilers. Leiam, aqui, as críticas dos demais episódios da série e, aqui, de todo nosso material sobre Star Trek.

Lagrange Point, como era de se esperar, arma o final da temporada que é também o final da série como um todo empurrando absolutamente todas as pontas narrativas para o último episódio, o que é um potencial erro muito grande que certamente deixará muita gente decepcionado. Afinal, a não ser que a ideia seja ter um capítulo de duração bem avantajada, algo como do tamanho de um longa-metragem, encerrar o conflito entre as facções Breen, a corrida até a tecnologia dos Progenitores, sua revelação e seu fim, além de toda a despedida da tripulação, o que obviamente inclui um casamento vai parecer uma corrida de 100 metros rasos que nem o Usain Bolt seria capaz de acompanhar. Sei muito bem que esse é um problema para a semana que vem, mas o fato de o penúltimo episódio simplesmente sequer chegar próximo de lidar com um ou duas questões já existentes me deixa preocupado.

Seja como for, com direção de Jonathan Frakes, o próprio Número 1 de A Nova Geração, que costuma ser uma boa notícia já que ele se revelou várias vezes como muito competente nesta cadeira – Jornada nas Estrelas: Primeiro Contato, que considero o melhor longa da franquia, foi capitaneado por ele – o episódio tem uma ótima dinâmica, com belos visuais de dois buracos negros primordiais e boas sequências de ação, especialmente a final em que a Discovery, sob comando de Rayner, audaciosamente mergulha e entra na doca do imenso Dreadnought Breen. No entanto, o roteiro de Sean Cochran e Ari Friedman exige tanto, mas TANTO da suspensão da descrença que apreciar o episódio sem soltar risadas de incredulidade parece-me uma tarefa impossível, o que definitivamente não é uma boa notícia.

Enquanto que o humor do roteiro funciona, com o primeiro momento em que soltei risada sendo algo que me pareceu inadvertido, ou seja, a sequência em que a tripulação da Discovery, que acabara de escapar do campo gravitacional de um dos buracos negros com a ajuda do campo gravitacional do outro, fica discutindo tecnobaboseiras sem agir para pegar de uma vez a tecnologia dos Progenitores que flutua no tal Ponto de Lagrange do título – o equilíbrio exato entre os campos gravitacionais -, e a nave Breen aparece e, no segundo seguinte, sem cerimônia, captura o MacGuffin. Foi hilário. Muito hilário. Eu nem acreditei no que vi e tive que rebobinar para ver se era isso mesmo, pois uma cena dessas seria perfeita em Lower Decks, não aqui. Mas, em outros momentos, o humor funcionou de verdade, como Rayner dando voltas e mais voltas pela ponte sem sentar na cadeira da capitã e travando uma conversa boa com Tilly ou, melhor ainda, o flerte de Book com um soldado Breen que foi um momento de “cuspir o café” de tão engraçado. Ou não foi tão engraçado assim, e eu é que estava particularmente bobo no momento, não sei…

Seja como for, voltemos à vaca fria e falemos da suspensão da descrença em nível 11 que o roteiro exige do espectador. Falo especificamente do plano completamente exagerado, que chega às raias do absurdo que Michael Burnham cozinha ali, em segundos, para invadir a nave Breen e roubar o MacGuffin na cara dos encapacetados. São tantas variáveis e peças móveis no que ela explica com direito a flashforwards à la Onze Homens e um Segredo que eu cheguei a ter esperanças de que nada daquilo realmente aconteceria. Mas aconteceu. E aconteceu com direito a encontros dos quatro da Discovery disfarçados de Breen esbarrando em outros Breen do nada em corredores do Dreadnought, resultando em diálogos constrangedores, além de toda a aproximação do transporte sem que houvesse qualquer detecção, em um daqueles vários momentos da franquia Star Trek em que toda a tecnologia avançada não serve para coisa alguma (como são os escudos de força das naves da Federação, por exemplo).

No entanto, por mais incrível que possa parecer, achei que Frakes conseguiu manejar bem as fraquezas do texto da dupla de roteiristas e fez do limão uma limonada que pode não ter da melhor qualidade, mas que acabou funcionando justamente pelo tanto de bizarrices e de momentos genuinamente engraçados (incluindo os sacrifícios dos soldados Breen na caixa interdimensional ou seja lá o que for aquilo). Até mesmo as sequências de vergonha alheia funcionaram para mim. Lagrange Point é o penúltimo episódio ideal de uma série? Nem de muito longe e com toda a boa vontade do mundo, mas é necessário esperar o último para saber o quanto este aqui foi falho de verdade. Olhando o copo sempre meio cheio, vai que a produção arrumou uma saída honrosa para fechar Star Trek: Discovery com uma bela fita vermelha de embrulho?

Star Trek: Discovery – 5X09: Lagrange Point (EUA, 23 de maio de 2024)
Showrunners: Alex Kurtzman, Michelle Paradise
Direção: Jonathan Frakes
Roteiro: Sean Cochran, Ari Friedman
Elenco: Sonequa Martin-Green, Doug Jones, Anthony Rapp, Mary Wiseman, Wilson Cruz, Blu del Barrio, Callum Keith Rennie, David Ajala, Phumzile Sitole, Emily Coutts, Michael Chan, Annabelle Wallis, Tara Rosling, Tig Notaro, Eve Harlow, Elias Toufexis, Oded Fehr, Chelah Horsdal
Duração: 56 min.

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