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Crítica | St. Elsewhere – 1X01: Piloto

Um dia difícil num hospital qualquer.

por Kevin Rick
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Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de Temporadas: 06
Número de episódios: 137
Período de exibição: 26 de outubro de 1982 até 25 de maio de 1988
Há reboot?: Não.

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Seguindo os passos de Hill Street Blues, o canal americano NBC decidiu criar uma nova série procedural com um vasto elenco e sobreposição de histórias em um ambiente profissional comum: uma instituição hospitalar. Séries médicas vieram antes e muitas outras vieram depois, mas St. Elsewhere marcou os anos 80, apesar de não ter se tornado tão popular quanto algumas de suas sucessoras. Ambientada no fictício Hospital St. Eligius, uma instituição decadente situada em Boston, acompanhamos um grupo de médicos tendo dificuldades com a medicina, a vida e a morte, e o trabalho em um hospital que recebeu o apelido “Elsewhere” por ser uma instituição menos equipada e com menos prestígio que atende pacientes rejeitados ou que não têm aonde ir.

Antes de fazer a crítica do piloto de St. Elsewhere, pensei bastante em como não trazer um olhar meio anacrônico para a obra, justamente pelo que ficou marcado atualmente quando pensamos em séries médicas. Só que é difícil fugir da comparação. Não sou exatamente fã do subgênero televisivo, mas já fui obrigado por familiares e minha namorada a ver muitos episódios de Grey’s Anatomy, Chicago MED, The Good Doctor e afins. Com todo respeito para quem aprecia essas produções, mas o melodrama, o estilo novelão da narrativa e a representação que às vezes parece mais de um bordel do que um hospital não é exatamente minha praia. Isso não é só de hoje, porém, já que soap operas antigas são conhecidas por serem situadas em instituições hospitalares, como General Hospital.

Por conta disso, confesso que foi uma ótima surpresa acompanhar o piloto de St. Elsewhere, que é diferente de tudo que acompanhei em outras séries médicas e que até quebrou alguns preconceitos na minha cabeça, apesar da pequena amostra que tive da produção. Em linhas gerais, o primeiro episódio lida com o médico-residente Dr. Jack Morrison (David Morse) tendo dificuldades com a sua exaustiva carga de trabalho e com a falta de equipamento do hospital, enquanto a narrativa foge da trama principal em pequenas doses para ir aos poucos introduzindo outros personagens que muito provavelmente terão protagonismo em futuros capítulos.

A essência do episódio é realismo, tanto na direção quanto nos diálogos, representando para a audiência as adversidades da profissão. Não chega a ser uma história exatamente crítica, apesar de algumas insinuações dos roteiristas com a falta de recursos de hospitais universitários e o ego de cirurgiões, mas focada em estabelecer a rotina e as circunstâncias que os médicos passam, principalmente Morrison. Só no piloto vemos o excesso de trabalho e as longas horas (inclusive com um marcador no canto direito da tela), a falta de privacidade, a pressão impossível e a relação forte criada com pacientes ganhando dimensão dramática. A cena final de Morrison desabafando é pragmatismo puro!

Também é divertido como o roteiro adere a um humor ácido para algumas situações sobre morte e, principalmente, sobre sexo. Num ângulo divertido para o clichê (que dever ser clichê por um motivo) de médicos transando pelos corredores do hospital, a cena em que dois residentes fazem sexo perto de cadáveres ou o bloco de um médico que pegou gonorreia andando pelas salas procurando as enfermeiras que “infectou” são sequências divertidíssimas, numa abordagem comicamente curiosa do seriado. Alguns personagens aqui se mostram figuras super engraçadas, como uma patologista mórbida e um preceptor galanteador, nas brincadeiras que o texto faz com estereótipos.

O piloto sofre um pouco com o caráter introdutório e fragmentado da história, mas consegue deixar uma boa impressão dos personagens principais, suas respectivas personalidades e papéis no hospital, com bons momentos representando a hierarquia de uma instituição, a diferença entre especialidades e a relação empresarial que hospitais ganham com publicidade. Nada disso é exatamente aprofundado, mas o piloto estabelece bem o palco e os tipos de tramas que podem ser desenvolvidas. Talvez no futuro a série se torne um novelão em seus mais de 137 episódios, mas, pelo menos em seu piloto, St. Elsewhere se revela um drama realista de qualidade com surpreendentes toques de humor. É uma pena, porém, que Denzel Washington tem pouco tempo de tela no episódio (e sim, a foto de destaque é clickbait hehe).

St. Elsewhere – 1X01: Piloto – EUA, 26 de outubro de 1982
Direção: Thomas Carter
Roteiro: Joshua Brand, John Falsey
Elenco: Ed Flanders, David Birney, G. W. Bailey, Ed Begley Jr., Terence Knox, Howie Mandel, David Morse, Christina Pickles, Kavi Raz, Cynthia Sikes, Denzel Washington, William Daniels
Duração:
42 min.

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