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Crítica | Speed Racer – 1X01 e 1X02: O Grande Projeto (Partes 1 e 2)

Uma animação inesquecível.

por Ritter Fan
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Bem-vindos ao Plano Piloto, coluna dedicada a abordar exclusivamente os pilotos de séries de TV.

Número de temporadas: 01
Número de episódios: 52
Período de exibição: 02 de abril de 1967 a 31 de março de 1968
Há continuação ou reboot?: Sim. Houve um remake americano em 1993 (The New Adventures of Speed Racer), um remake japonês em 1997 (Speed Racer X ou Mach Go Go Go: Restart), uma continuação em 2002 (Speed Racer: The Next Generation) e um longa-metragem live-action em 2008 (Speed Racer).

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Speed Racer ou, no original, Mahha GōGōGō (o que explica o G em seu uniforme que sempre me deixava com um ponto de interrogação na cabeça quando assistia ainda criança), anime baseado em mangá de Tatsuo Yoshida é, talvez, o clássico dos clássicos no que se refere às animações serializadas japonesas. Provavelmente estou exagerando – me perdoem – mas tudo, absolutamente tudo é inesquecível na criação de Yoshida, seja o fantástico Mach 5, o carro de corridas repleto de apetrechos especiais, de um macaco embutido que o permite pular em plena corrida, passando por um drone e chegando às absurdas serras que são projetadas de seu chassi, seja o próprio protagonista, Speed Racer (Go Mifune, no original, uma homenagem ao grande Toshiro Mifune que se perdeu no ocidente) e seu uniforme azul e branco, com luvas amarelas, seu pai, o brilhante mecânico Pops Racer, criador do Mach 5, seu irmão Gorducho e o macaco Zequinha, bagunceiros inveterados que toda a hora se escondem no porta malas do carro e, claro, o misterioso Corredor X, irmão mais velho de Speed dado como morto que, porém, não aparece na dupla inicial de episódios.

E isso porque eu não inseri na lista a abertura da versão em inglês, com sua clássica música-tema e os absolutamente sensacionais efeitos sonoros que, sozinhos, são capazes de evocar cada detalhe da animação, sejam os característicos roncos dos variados motores, as derrapagens, as explosões e, claro, os sons especiais de cada “apetrecho” acionado pelos botões com letras no volante do Mach 5. Mais ainda, Speed Racer tinha algo que é raro encontrar em animações modernas, sejam elas orientais ou ocidentais, que é uma verdadeira ousadia visual, algo que foi muito bem capturado e reimaginado no filme de 2008 das Irmãs Wachowski e que, por isso mesmo, talvez seja incompreendido por muitos. Speed Racer, já nos dois episódios iniciais que contam uma história única, algo quase que padrão na série, é, diria, um laboratório de experimentações audiovisuais, com posicionamentos de câmera radicais, ângulos inovadores, um dilúvio de magníficos plongées e contra-plongées, travellings velozes e furiosos e assim por diante.

E tudo isso em mãos menos hábeis resultaria em uma obra que preza a forma sobre a substância, mas não é o que acontece em Speed Racer, ainda que por vezes, aqui e ali, isso seja visível. Mesmo que a história da dupla inicial de episódios – as diversas tentativas de roubo dos planos de Pops Racer para um novo motor do Mach 5 – seja consideravelmente simples, o que de forma alguma é um problema por si só, existe a construção de uma dinâmica familiar, ampliada por Trixie, a piloto de transportes aéreos da equipe, absolutamente cativante, especialmente a relação de Speed com seu pai e sua vontade de correr profissionalmente. Sim, é uma abordagem no máximo infanto-juvenil, mas há qualidades intrínsecas nela que dialoga muito bem com adultos, algo que é facilitado pelas constantes corridas que povoam os episódios.

Falando nas corridas, além do uso das técnicas de direção que mencionei acima, há, também, o uso até surpreendente de violência, com carros caindo de desfiladeiros e em vulcões, explodindo, batendo, capotando, estourando pneus, sem qualquer tentativa de suavizar os eventos. É bem verdade que a animação faz das tripas coração para mostrar que são acidentes sem vítimas, sem arrumando um jeito de mostrar que os pilotos, mesmo os vilões, estão bem, mas o choque da “pancadaria automobilística” sem barreiras é grande e não pode ser ignorado, algo que, hoje em dia, provavelmente seria considerado “impróprio” para menores por mostrar basicamente um adolescente fazendo as maiores barbaridades possíveis com um carro de corrida tunado.

O Grande Projeto, apesar de ainda não mergulhar no mistério ao redor do fascinante Corredor X – o que viria logo na dupla seguinte de episódios – é uma excelente introdução a esse fascinante e cinético universo de corridas absurdas e sensacionalmente originais protagonizada por um rapaz destemido ao volante de um dos mais icônicos automóveis da história do audiovisual. Speed Racer foi um marco da animação que, mesmo décadas depois, não perdeu uma iota sequer de sua vitalidade. Um feito raro, sem dúvida, o que torna a obra ainda mais valiosa e querida.

Speed Racer – 1X01 e 1X02: O Grande Projeto – Partes 1 e 2 (Mahha GōGōGō – 1X01 e 1X02: Tobase! Mahha Gō (Zenpen e Kōhen) – Japão, 02 e 09 de abril de 1967)
Criação:
Tatsuo Yoshida
Direção: Hiroshi Sasagawa
Roteiro: Jinzō Toriumi
Elenco (vozes originais): Katsuji Mori, Junko Hori, Hiroshi Ohtake, Teiji Ōmiya, Ryōko Kinomiya, Yoshiko Matsuo, Kei Tomiyama
Duração: 24 min. cada episódio

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