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Crítica | “Sound And Color” – Alabama Shakes

por Handerson Ornelas
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Por mais que a música tenha enfrentado décadas de mudança, é interessante como suas raízes são eternizadas e sempre retornam em algum momento. O cenário da música alternativa da atualidade reflete bastante isso. Grandes nomes da música atual retomam gêneros que outrora tiveram maior popularidade, mesclando com uma tonalidade pop. Além de nomes como The Black Keys e Jack White existe também a indicada ao grammy, Alabama Shakes, liderada pela cantora e guitarrista Brittany Howard. Após o elogiado debut álbum em 2012, Boys And Girls, a banda retorna com mais um disco, batizado de Sound And Color.

O Alabama Shakes consegue uma façanha incrível ao conseguir chamar atenção da mídia, ser uma das principais atrações em grandes festivais e conseguir uma moderada popularidade no mainstream, tudo isso fazendo um som essencialmente retrô, com apenas algumas pitadas da música indie atual. Sound And Color mostra um futuro ainda mais promissor pra banda, se mostrando bem superior ao disco anterior. Com um som cheio de Soul, Blues Rock e rock sessentista, sem exageros ou complexidades, eles parecem ter uma receita certa pra fazer tais gêneros serem tocados nas rádios e atrair um público maior.

O disco definitivamente sabe nos transportar pra uma outra época. Isso você consegue perceber logo na melancolia exótica e pop da canção que inicia e dá nome ao disco. Arranjos bem pensados e bastante harmonizados resumem a extrema qualidade da nova obra da banda. Outro ponto é a incrível frontman feminina da banda. Brittany Howard relembra grandes cantoras do Soul como Aretha Franklin e Ella Fitzgerald e pode ser chamada facilmente de uma das maiores vozes da atual geração da música. É espetacular ver em sua voz tanto delicadeza na faixa Dunes, quanto intensidade e extrema capacidade de interpretação em Don’t Wanna Fight. Tudo em Sound and Color é organizado e colocado na medida certa pra lembrar tempos de ouro da música.

É bela a maneira como cada instrumento é empregado, cada com seu destaque específico. Seja o baixo hipnotizante em Guess Who fazendo um groove excelente, ou as distorções guitarrísticas desconcertantes de Future People e Gemini. E claro, não poderia deixar de ressaltar a enorme pancada que é The Greatest, fazendo jus ao nome, mostrando um forte rock n’ roll onde bateria, guitarra e baixo tomam alta velocidade e intensidade desabando ao final em um experimental extraordinário. Uma característica marcante que parece estar impregnada no Alabama Shakes é não se prender a apenas uma coisa, afinal, você pode ver de tudo em seu som: uma mistura de country e rock em Shoegaze, tonalidades tanto jazzisticas quanto rockeiras em Gimme All Your Love, uma forte carga folk em Feeling, ou o Soul e o Blues Rock que parecem estar por todo álbum.

Alabama Shakes contrói um segundo álbum mais sólido que o primeiro, ainda que com a mesma essência, mostrando ser um dos principais grupos da cena musical alternativa atual. É maravilhoso ser transportado pra uma outra era da música (a maior delas) através de artistas atuais que sabem transmitir o que a música já teve de mais inspirado e sincero. Sound And Color ainda é apenas o segundo passo daquela que pode ser uma das maiores bandas dessa década. Definitivamente estará entre os melhores álbuns de 2015.

Aumenta!: The Greatest
Diminui!: –
Pra quem gosta de: Aretha Franklin, Ella Fitzgerald, Jack White

Sound And Color
Artista: Alabama Shakes
País: Estados Unidos
Lançamento: 21 de abril de 2015
Gravadora: ATO (Estados Unidos)
Estilo: Soul, Blues, Blues Rock

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