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Crítica | Sintonia de Natal

Os encontros e desencontros de uma dupla em busca do amor no período natalino.

por Leonardo Campos
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Anualmente, os serviços de streaming e alguns canais específicos de televisão possuem as suas respectivas tradições natalinas. As produções veiculadas Netflix são alguns desses casos de sucesso. Sintonia de Natal, o ponto de partida para a enxurrada de narrativas desse período, é uma comédia romântica atraente, divertida, desequilibrada dramaticamente, mas com saldo final mediano. Na trama, acompanhamos Layla (Christina Milian), uma mulher em busca do amor, palavra-chave que parece definir os seus votos de renovação no período em questão, aquela época tradicionalmente conhecida por ser o momento de novos planos, mudança de posturas, dentre outras coisas que antecedem a virada do ano. Na abertura, ela está no aeroporto tentando voltar para casa, quando encontra o sedutor James (Kofi Siriboe), um homem refinado, com ótimo papo e gosto musical similar ao da jovem. Até então, ela está solteira e eles combinam que, se no ano seguinte, ela estiver disponível, eles se encontrarão num show da banda Pentatonix. Pronto. O tempo passa e Layla surpreende seu namorado lhe traindo. É ai que a história começa de verdade, dando ênfase para a tal “sintonia” do título.

Sob a direção de Rusty Cundieff, realizador que assume o roteiro escrito pela dupla formada por Molly Haldeman e Camilla Rubis, Sintonia de Natal possui texto dramático de perspectiva feminina e nos apresenta a jornada de uma mulher solteira em busca do par ideal não apenas para festejar o Natal, mas para celebrar a vida durante todo o calendário anual. Como apresentado, após ser traída pelo namorado, Layla fica desolada e se entrega ao desânimo no âmbito dos relacionamentos. Há, no entanto, uma memória que retorna à tona, fazendo-a se reanimar diante do cenário nebuloso. Ela se recorda do acerto com James. Começa, então, a saga em busca de um ingresso para o show da banda Pentatonix. A jornada não é nada fácil e o esquema lembra muito o clássico moderno Um Herói de Brinquedo. Será que a corrida de Layla em busca do cobiçado ingresso, já esgotado, vai dar em alguma coisa?

É nesse momento que Teddy (Devale Ellis) adentra. Ele é um concierge que supostamente tem a capacidade de conseguir tudo para os seus clientes. Layla, então, contrata os seus serviços e a dupla sai em busca do ingresso, pois James, ao estilo Antes do Amanhecer, pode estar à espera da moça um ano após o encontro no aeroporto. A dupla vive altas aventuras e, nesse processo, como já podemos esperar, eles se apaixonam perdidamente um pelo outro. Layla atira em um alvo, mas acerta outro, talvez até melhor que a sua primeira opção. Assim, acompanhamos a saga dos dois, dividida entre momentos cômicos autênticos e passagens relativamente monótonas que não acrescentam conteúdo dramático relevante ao filme. Aliás, inicialmente, achei a quantidade de coadjuvantes excessiva, mas ao passo que a história avança, tais figuras ficcionais preenchem as lacunas que ficam no enredo, uma trama que parece ter contado tudo que pretendia lá pela metade da produção. Menos, aqui, seria muito mais.

Com elenco principal todo afro-americano, Sintonia de Natal não deixa de ser um filme politizado, que caracteriza um tema importante, que muita gente torce o nariz, mas que ainda é uma realidade cotidiana no mundo do entretenimento: a representatividade. Ademais, com cenas vibrantes, oriundas de seu espaço cênico cuidadosamente orquestrado para nos colocar diante da atmosfera dos festejos dessa época, a trama reflete sobre relacionamentos e expõe que aquilo que geralmente esperamos tanto pode estar nos locais mais inusitados, como acontece com a protagonista por aqui. Com design de produção assinado por Aidan Leroux, o filme assertivamente nos insere na perspectiva natalina, com muita luz e brilho, contemplados pelo trabalho eficiente de Andrew Stephorn na direção de fotografia, setores que exaltam a beleza dos elementos característicos do período. Dara Taylor, na trilha sonora, entrega uma sonoridade também adequada para o tom do filme, uma narrativa mediana e inofensiva. Em sua simplicidade, contagia em alguns momentos, mas por esticar demais o tempo de duração para conflitos insuficientes, quase nos coloca diante do tédio. Foi por pouco.

Sintonia de Natal (Meet Me Next Christmas, EUA – 2024)
Direção: Rusty Cundieff
Roteiro: Molly Haldeman, Camilla Rubis
Elenco: Christina Milian, Devale Ellis, Kofi Siriboe, Tymika Tafari, Mitch Grassi, Scott Hoying, Kevin Olusola, Matt Sallee
Duração: 105 min

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