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Crítica | Sex and The City – 6ª Temporada

O emocionante encerramento de um ciclo demarca o fim de Sex and The City.

por Leonardo Campos
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Em seu ano de desfecho, Sex and The City apresentou mudanças dramáticas consideráveis para as suas personagens. Com número maior de episódios e exibição entre junho de 2003 e fevereiro de 2004, a sexta temporada determinou os rumos das quatro mulheres que desde 1998, se encontraram para debater e compartilhar as suas experiências amorosas e profissionais em um mundo dominado por comportamentos misóginos, bem como posturas paradoxais numa existência que já não admitia o mito do amor romântico como única possibilidade de relacionamento. Criada por Darren Star com base no livro de crônicas homônimo de Candace Bushnell, Sex and The City começou mais revolucionária e realista na observação dos contatos humanos na contemporaneidade, dominado por incertezas e inconstâncias, mas terminou mais conformista que o esperado, mantendo o padrão do final feliz para acalentar os espectadores, ousando menos que o desejável, algo que não diminui as suas qualidades dramáticas, mas aponta para uma transformação de seus personagens em figuras mais unidimensionais.

Aparentemente libertada dos sentimentos em relação ao sofisticado, mas complicado Mr. Big (Chris Noth), a protagonista Carrie Bradshaw, interpretada por Sarah Jessica Parker, continua a sua caminhada na revista Vogue, além de ser agraciada pelo sucesso do livro lançado na temporada anterior, agora com proposta de sair também na França. O confuso escritor Jack Berger (Ron Livingstone) entra em sua vida e os dois conseguem deslanchar um relacionamento depois de muitas dificuldades, mas as coisas perdem o rumo depois que Bradshaw começa a ganhar cada vez mais reconhecimento literário, causando desconforto no parceiro que não consegue lidar com o sucesso da namorada. Entra então o artista Alexsander Petrovsky (Mikhail Baryshnikov), um russo estiloso e arrogante, homem que consegue convencer a escritora a viajar para uma temporada em Paris, mudança que também não dá certo e acaba com Mr. Big indo “salvar” a garota infeliz. Um final, no mínimo, confortável demais. Charlotte (Kristin Davis), por sua vez, é a mais plana de todas, tendo um aborto espontâneo, a adoção de uma criança chinesa e o casamento com o judeu Harry Goldenblatt (Evan Handler) como os pontos altos de sua jornada na temporada final, algo já previsto para a personagem que perseguiu o matrimônio desde o primeiro episódio de Sex and The City.

Samantha Jones (Kim Cattrall), a loira sempre sexualmente ativa e dominadora, nesta temporada, é acossada por um câncer de mama descoberto depois da sua iniciativa de implantar silicone nos seios, algo desaprovado pelas amigas, mas situação que lhe permite descobrir o problema de saúde que a fará diminuir o impacto das experiências sexuais, oriundo também com a chegada de Smith Jerrod (Jason Lewis), um ator que ganha a vida como garçom, jovem que entra na vida de Jones apenas como diversão, mas se torna seu namorado. Quem também tem uma guinada é a advogada Miranda Hobbes (Cynthia Nixon), pois não acreditávamos mais no reatar com Steve (David Eigenberg), algo sinalizado no final da quinta temporada, mas não tão certo. Logo no começo do sexto ano, ela percebe que estragou tudo, mas agora o amado já está com outra pessoa. Miranda passa pelo sensual Dr. Robert Leeds (Blair Underwood), mas termina mesmo é com o pai de seu filho, indo morar no Brooklyn, dando novos significados pra sua jornada.

Ademais, ao longo de seus 20 episódios, a sexta temporada de Sex and The City abordou a solidão da mulher bem-sucedida, no caso da editora-chefe interpretada por Candice Bergen, uma solteira profissionalmente ilustre, mas carente no bojo dos relacionamentos. Flertou com os padrões da época, conhecidos pelo enbranquecimento dos seus personagens, mudando a maneira de engendrar o multiculturalismo de Nova York em sua retomada no revival And Just Like That. Em linhas gerais, uma temporada final com avanços estéticos, textos escritos com primor, dominados pelas transições visuais elegantes e deslizes perdoáveis diante do legado e do impacto cultural causado desde o seu lançamento em 1998. Uma série que deixou saudades e, apesar de ter ganhado dois filmes irregulares, conseguiu limpar a barra com a mencionada volta dos personagens em 2021, mais politizada e com debates relevantes para compreendermos os rumos destas mulheres numa existência após o avanço dos 50 anos, fase de mudanças físicas e sociais que acometem a todos. Não seria diferente com elas, não é mesmo?

Sex and The City – 6ª Temporada (EUA, 2004)
Criadores: Darren Star e Karen Kirkpatrick.
Direção e Roteiro: vários.
Elenco: Sarah Jessica Parker, Kim Catrall, Kristin Davis, Cynthia Nixon, Chris Noth, David Eigenberg, Willie Garson, John Corbett.
Duração: 18 episódios (30 minutos cada).

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