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Crítica | Sex and The City: 3ª Temporada

Novos romances, decepções inevitáveis e outras aventuras embalam a terceira temporada de Sex and The City.

por Leonardo Campos
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Guiada por evoluções em seu formato e dinamizada por rotinas mais serializadas em seu segmento narrativo, a terceira temporada de Sex and The City demonstrou a consolidação do programa como produção cômica conhecida por debater os mais variados tópicos temáticos não apenas no campo da sexualidade, mas na dinâmica dos relacionamentos. Como já dito em reflexões sobre as duas temporadas anteriores, independentemente de questões sobre gênero, idade e classe social, salvaguardadas das devidas proporções, a série criada por Darren Star, inspirada pelo livro de crônicas homônimo de Candace Bushnell, aponta tendências e direções, algumas já transformadas, outras ainda pertinentes, no âmbito dos contatos humanos em um mundo cada vez mais complexo, de comportamentos inesperados e posturas que asseguram muitas risadas, tamanha a identificação de nós, espectadores, com as histórias do quarteto que, em algum momento de nossas vidas, já tivemos como espelho no bojo das experiências.

Charlotte York (Kristin Davis), a eterna romântica, persegue insistentemente um casamento desde os primeiros episódios da série. As suas investidas agressivas dão parcialmente certo, pois esta temporada demarcou a entrada de Trey (Kyle MacLachlan), personagem que promove a aparente serenidade para a moça, mas logo depois se revela um tormento, pois com o envolvimento rápido vem também a separação vertiginosa, pois ao não se entregar para o namorado, ela só descobre as suas disfunções na cama depois de estabelecido os compromissos mais sérios. Numa ida ao spa, a personagem também revela alguns problemas de autoestima com a sua imagem, mantendo-se mais focada nestas novas aventuras durante os episódios deste ano, diferente do seu oposto, Samantha Jones (Kim Cattrall), a mais hilária do grupo, mergulhada em diversas experiências divertidas, uma delas, a famosa briga com as transexuais do bairro.

Cada vez mais bem-sucedida e dona de si, a relações públicas de Sex and The City também sai com um cara baixinho, comprador de roupas na sessão juvenil de uma loja, entra em conflito com o seu assistente arrogante, tem a sua vida sexual desaprovada pelos vizinhos do prédio em que mora, encontra com um homem que sempre desejou ter, a sua versão masculina, figura que lhe exige um teste de HIV antes da entrega ao ato sexual, esta última situação culminando num dos melhores acontecimentos da temporada. Há também bons momentos na visita que faz ao acompanhar Carrie Bradshaw em Los Angeles, em especial, quando conhece um homem que é modelo para vibradores. Lá, enquanto a sua amiga se preocupa em se reunir com os produtores que pretendem produzir um filme de baixo-orçamento sobre as colunas publicadas semanalmente no jornal, Samantha se diverte e redescobre maneiras múltiplas de sentir prazer.

Sobre descobertas, temos a jornada de Miranda Hobbes (Cynthia Nixon), a retomar o relacionamento com Steve Brady (David Eigenberg), um festival de idas e vindas que demonstram a instabilidade da personagem neste âmbito, alguém que evolui profissionalmente, mas mantém alguns obstáculos em sua jornada sentimental. A contratação de Magda (Lynn Cohen), a doméstica ucraniana que aparecerá também nos filmes deste universo, promove uma sequência de situações muito divertidas, em especial, pelo tom tradicionalista da contratada, em conflito com os ideais sexuais de Miranda. Com momentos de intensas crises, a personagem tem passagens icônicas na temporada, tais como a irritação com a chinesa que parece zombar de sua vida pelo telefone ao ligar para pedir comida, ou então, nas sessões de sexo virtual por telefone, algo prazeroso que acaba se tornando uma comunicação embaraçosa com seu interlocutor.

E, sobre a protagonista Carrie Bradshaw, interpretada por Sarah Jessica Parker, as aventuras são igualmente irreverentes. A sua breve caminhada com um político nova-iorquino rende ótimos temas para uma de suas colunas semanais no jornal. Além dessa experiência, ela sai com um cara bissexual, adentra numa neurose tremenda ao encontrar a esposa de Mr. Big (Chris Noth) numa loja, personagem que mais adiante vai deixar um rastro de constrangimento ao flagrar Carrie e seu esposo dentro do próprio apartamento, num colapso sentimental da colunista, tórrido caso que vai trazer graves consequências, em especial, por ela estar em relacionamento com Aidan Shaw (John Corbett), um design de móveis que estabelece uma mudança em sua vida. Mr. Big, depois de contemplar o novo momento sentimental de Bradshaw, não consegue lidar com os seus paradoxos e toxicidade, promovendo um espiral devastador para todos os envolvidos.

Uma temporada com momentos emocionantes e intensos, num ritmo dinâmico com seus habituais 30 minutos de duração ao longo dos 18 episódios que demonstram a habilidade dos realizadores em manter o nível do começo ao final do ano em questão, evoluindo e mantendo os seus personagens em evidentes conflitos, resolvidos, ou não, por meio de lágrimas e muitos risos. Exibida entre junho e outubro de 2000, Sex and The City continuou a sua proposta de estabelecimento da representação de um estilo de vida que se tornou referências para muitas pessoas que compunham o seu vasto público. Cheias de estilo, independentes, sofisticadas, mas mergulhadas nos dilemas de qualquer ser humano num mundo repleto de contradições, a colunista e suas amigas passaram, nesta temporada, pelas situações que costura o tecido deste programa em nossa memória cultural, isto é, inusitadas experiências no âmbito dos relacionamentos, com momentos de sucesso e fracasso na gigantesca roda-viva desta série.

Sex and The City – 3ª Temporada (EUA, 2000)
Criadores: Darren Star e Karen Kirkpatrick.
Direção e Roteiro: vários.
Elenco: Sarah Jessica Parker, Kim Catrall, Kristin Davis, Cynthia Nixon, Chris Noth, David Eigenberg, Willie Garson, John Corbett.
Duração: 18 episódios (20-30 minutos cada).

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